Há mais de 20 mil anos, lobos e seres humanos começaram a viver próximos, com os animais se aproveitando dos restos de comida dos humanos e, em troca, oferecendo proteção. Esse vínculo resultou na domesticação de cães, conhecidos como os “melhores amigos do homem”, e também de gatos e outros animais. Ao longo do tempo, os bichos de estimação passaram a compartilhar as mudanças no comportamento e no ambiente de seus donos. Se antes eram acostumados à caça e à escassez de alimentos, hoje vivem em ambientes controlados, com alimentação abundante e pouca atividade física.

Esse cenário tem gerado uma crescente preocupação com a obesidade entre os animais de estimação. Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP revelou que 40% dos cães estão acima do peso, e em nível mundial, os índices chegam a 50%. O problema não se restringe a cães e gatos, com aves, roedores e répteis também sendo afetados.

A obesidade é uma doença séria que pode comprometer a saúde dos animais. O veterinário Fabio Alves Teixeira, autor do livro Obesidade em Animais de Companhia, explica que o excesso de peso pode causar problemas respiratórios, cardíacos e articulares, além de reduzir a expectativa de vida do animal em até 30%. Para Teixeira, a obesidade não é uma questão de estética, mas de saúde, exigindo tratamento especializado.

O tratamento é individualizado e envolve mudanças na alimentação e aumento da atividade física. O veterinário Marcos Rocha, alerta que não basta reduzir a quantidade de ração, mas oferecer uma dieta balanceada, rica em fibras e com os nutrientes necessários. “O controle de peso não se resume a diminuir a ração. O mais importante é oferecer uma dieta equilibrada, que respeite as necessidades nutricionais do animal e ajude a mantê-lo saudável”, afirma Rocha. Além disso, é essencial estimular os animais a se exercitarem por meio de passeios mais longos e brincadeiras.

Alimentação equilibrada

Embora o tratamento seja importante, a prevenção é a melhor abordagem. Manter o animal ativo, com uma alimentação equilibrada e controlada, é fundamental para evitar o ganho de peso excessivo. Isso vale para todos os animais, independentemente da raça ou porte. A prevenção deve ser adotada desde filhotes e durante toda a vida do pet.

Alguns fatores aumentam o risco de obesidade, como o sexo (fêmeas são mais propensas), a castração e certas raças, como labradores, golden retrievers e pugs. Mesmo assim, com cuidados adequados, é possível evitar o sobrepeso. Check-ups regulares são essenciais para identificar problemas precocemente.

Abusar de petiscos, deixar o pet sedentário e oferecer alimentação inadequada são hábitos prejudiciais que podem levar à obesidade. Por isso, é importante que os tutores estejam atentos à saúde dos animais e adotem medidas para manter o peso ideal. O mercado pet tem se adaptado a essa realidade, oferecendo rações específicas e estabelecimentos especializados, mas a prevenção ainda é o melhor caminho.

Cuidar da saúde dos animais é uma responsabilidade que deve ser levada a sério. A obesidade prejudica a qualidade de vida dos pets e reduz sua expectativa de vida. Alimentação saudável, exercícios regulares e acompanhamento veterinário são essenciais para garantir uma vida longa e saudável para os animais.