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sábado, 21 de dezembro de 2024
Autobiografia

Roberta Miranda fala sobre sua sexualidade: ‘Não fui feliz nos relacionamentos’

Aos 68 anos, Roberta reflete sobre os desafios que enfrentou, relações familiares conturbadas e a aceitação de sua sexualidade, todos temas que deixaram marcas indeléveis em sua trajetória

Postado em 21 de dezembro de 2024 por Letícia Leite
Com “Um Lugar Todinho Meu”, a cantora entrega aos fãs uma visão íntima e sincera de sua vida. Foto: Reprodução redes sociais

Reconhecida na música sertaneja, Roberta Miranda lançou sua autobiografia “Um Lugar Todinho Meu”, onde revela episódios profundos e, por vezes, dolorosos de sua vida. Aos 68 anos, a cantora reflete sobre os desafios que enfrentou, relações familiares conturbadas e a aceitação de sua sexualidade, todos temas que deixaram marcas indeléveis em sua trajetória.

Em um dos trechos mais tocantes do livro, Roberta recorda a promessa que fez à mãe em seu leito de morte. Naquele tempo, a homossexualidade era um tabu, capaz de destruir carreiras e desestabilizar lares.

“A rejeição de minha mãe ficou marcada com muita força em mim. Tanto que prometi para ela, no seu leito de morte, que nunca revelaria minha sexualidade.”

A cantora explica que, durante décadas, lutou contra os próprios sentimentos, reprimida pelas expectativas de uma sociedade conservadora. “Sofri muito e precisei de anos e anos de análise e apoio de pessoas próximas para entender que podia, sim, falar disso sem trair a promessa feita a minha mãe. Os tempos mudaram e, se quero contar minha verdade neste livro, não posso esconder uma parte importante de quem sou.”

Roberta também revela detalhes de sua primeira paixão por uma mulher, Vanda, uma amiga que frequentava sua casa. Na adolescência, enquanto lidava com o despertar de seus sentimentos, enfrentou uma situação complexa envolvendo o pai.

“Na mesma cama que eu, inclusive, mas sem sexo, só um carinho bem puro. Mesmo assim, me vi apaixonada por ela, mesmo sem saber como lidar com isso. E, como desgraça pouca é bobagem, percebi que meu pai também estava de olho nela.”

A cantora recorda o impacto emocional desse período: “Essa era a época em que ele me batia, eu fugia, ele se arrependia e eu voltava. Logo eu estava na rua, e tempos depois a ida para Campo Grande funcionou na minha cabeça como um distanciamento para que ele ficasse à vontade para se relacionar com ela.”

Ao confessar sua orientação sexual para a família, Roberta enfrentou uma onda de preconceito. Sua mãe ficou doente e a culpou, alegando que Deus a estava punindo. “Minha mãe ficou doente e me culpou, dizendo que Deus a estava punindo por minha safadeza. Meu pai ficou ainda mais agressivo, não sei se por saber que eu gostava de menina ou se o problema era ser a mesma por quem ele estava interessado.”

A pressão familiar foi tão intensa que a cantora chegou a negar sua sexualidade. Ela buscou refúgio em um relacionamento com um amigo e engravidou, mas sofreu um aborto espontâneo. “Conversei com minha mãe, com o firme propósito de negar que eu fosse homossexual, e convencê-la de tudo não tinha passado de uma paixão platônica, já superada.”

Apesar de cantar sobre amor em suas músicas, Roberta admite que sua vida amorosa não foi marcada pela felicidade. “Não falo muito de amor fora das minhas letras, sou mesmo discreta. Fui terrível, namorei muito e me apaixonei várias vezes. Mas não fui muito feliz nos relacionamentos. Fui mais amada do que amei.”

Com “Um Lugar Todinho Meu”, a cantora entrega aos fãs uma visão íntima e sincera de sua vida. Ao revisitar seu passado, ela reforça a importância de aceitar sua história e de lutar por sua verdade, mesmo diante das adversidades.

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