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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
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Saúde

Anvisa aprova fabricação de concorrente do Ozempic, mas especialistas se preocupam

De acordo com as pesquisas, a busca pelo nome “Ozempic” em sites subiu de 38 pontos em 2023 para 58 pontos em 2024.

Postado em 27 de dezembro de 2024 por Renata Ferraz
Ozempic
Foto: Divulgação I Ascom

Nos últimos anos, a utilização do Ozempic e de outros medicamentos para emagrecimento cresceu significativamente entre os brasileiros. Embora não existam dados oficiais precisos sobre o número de usuários no Brasil, uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) estima que cerca de 2% da população, ou aproximadamente 4 milhões de pessoas, tenham recorrido a esses medicamentos entre 2020 e 2022. 

Esse crescimento na demanda levou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a tomar medidas importantes. Em dezembro de 2024, a Anvisa autorizou a produção e venda de dois novos medicamentos análogos de GLP-1, denominados Olire e Lirux, pela farmacêutica EMS. Estes medicamentos, que serão utilizados no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, respectivamente, serão fabricados inteiramente no Brasil e estarão disponíveis nas farmácias a partir de 2025.

Carlos Sanchez, Presidente do Conselho de Administração da EMS, destaca a relevância desse avanço: “Desenvolvemos um produto no país, com tecnologia brasileira, do zero. Vamos fabricar desde a matéria-prima até o produto acabado.” Os novos medicamentos são baseados na liraglutida, o mesmo princípio ativo encontrado nas canetas injetáveis Saxenda e Victoza.

O objetivo para essa fabricação em solo brasileiro, visa dar voz às indústrias farmacêuticas do Brasil, que já tem um lugar consolidado na área da saúde e pesquisa, a finalidade dessa nova iniciativa é permitir que mais pacientes diabéticos tenham acesso a essa medicação de forma acessível aos bolsos da população. Isso porque o Ozempic é um medicamento fabricado por um laboratório e empresa Dinamarquesa, e os custo de importação, acaba implicando no valor do produto que pode alcançar R$ 600,00 por caneta.

Entretanto, mesmo com essa finalidade de saúde pública, o crescimento do uso de medicamentos como o Ozempic sem prescrição médica tem apresentado personagens como exemplo:  Flávia Veríssimo, uma usuária que optou por utilizar o medicamento sem prescrição médica: “Eu comprei o Ozempic sem prescrição, porque queria emagrecer e passei muito mal. Foi uma experiência péssima. Eu não sabia dos riscos envolvidos.”

Flávia ainda relatou os momentos de preocupação que enfrentou quando fazia uso desse medicamento “Meu namorado precisou me vigiar a noite inteira porque meus lábios ficaram sem cor. Ele estava com medo que algo pudesse me acontecer, e eu acredito que se eu tivesse continuado a usar, provavelmente eu teria morrido ”, afirmou.  Além dos efeitos sofridos, ela ainda disse que não conhece ninguém que não tenha passado mal por usar essa medicação, principalmente sem prescrição médica.

O nutricionista e nutrólogo Mateus Dias explica que “Ozempic (semaglutida) é indicado principalmente para o tratamento de diabetes tipo 2. Ele atua como um agonista do GLP-1, um hormônio que ajuda a regular a glicose no sangue, aumentando a secreção de insulina em resposta a refeições e reduzindo a produção de glucagon, que é o hormônio que eleva a glicose.

Isso resulta em um controle glicêmico mais eficaz.” Ele acrescenta que o medicamento é seguro e eficaz para adultos com diabetes tipo 2, especialmente aqueles que não conseguem controlar a glicemia apenas com dieta e exercício.

Os benefícios do Ozempic para pacientes com diabetes tipo 2 incluem melhor controle glicêmico, redução do peso corporal, diminuição do risco de complicações cardiovasculares e menor incidência de hipoglicemia em comparação com outros medicamentos. “Embora tenha sido aprovado para o tratamento de diabetes, estudos mostram que o Ozempic pode ajudar na perda de peso em pessoas sem diabetes, devido à sua ação de redução do apetite. No entanto, o uso deve ser sempre supervisionado por um profissional de saúde”, afirma Mateus.

Os medicamentos análogos de GLP-1, como o Ozempic, funcionam simulando o hormônio GLP-1, o que aumenta a produção de insulina e diminui a velocidade da digestão. No entanto, seu uso indiscriminado pode resultar em efeitos colaterais, como náuseas, diarreia e hipoglicemia. Mateus alerta que “o uso sem prescrição pode levar a efeitos colaterais graves, como pancreatite, hipoglicemia e problemas gastrointestinais. Além disso, o uso indevido pode causar complicações de saúde, como desidratação e distúrbios metabólicos.”

Riscos do uso do Ozempic sem prescrição médica

Diante desse cenário, é fundamental que os pacientes consultem um médico antes de iniciar qualquer tratamento e sigam as orientações de forma rigorosa. Informar o médico sobre quaisquer efeitos colaterais também é essencial para garantir a segurança do tratamento. A Anvisa tem reforçado a importância da prescrição médica, destacando que essa prática é crucial para assegurar a eficácia e a segurança dos medicamentos.

Mateus Dias ressalta a importância da supervisão médica: “A supervisão é crucial para monitorar a eficácia do tratamento, ajustar doses e prevenir efeitos colaterais. Exames regulares de sangue podem ser necessários para avaliar a saúde geral.” Ele também menciona que o aumento do uso inadequado pode ser impulsionado pela busca por soluções rápidas para perda de peso e pela influência de redes sociais e celebridades.

O uso desenfreado do Ozempic pode impactar negativamente a saúde de pessoas que não têm diabetes. Mateus explica que “o uso indevido pode causar complicações de saúde, como desidratação, problemas digestivos e distúrbios metabólicos. Além disso, pode mascarar problemas subjacentes à saúde.” É essencial que as pessoas compreendam que a perda de peso não deve ser alcançada à custa da saúde.

Além dos riscos físicos, o uso inadequado de medicamentos para emagrecimento pode também gerar problemas psicológicos. Flávia, em sua experiência, relata que “a pressão para emagrecer rapidamente me fez tomar decisões apressadas e perigosas. Eu sentia que precisava me encaixar em um padrão que a sociedade impõe, e isso me levou a agir sem pensar nas consequências.” Essa pressão social, amplificada pelas redes sociais, tem contribuído para um aumento na procura por soluções rápidas e, muitas vezes, inseguras.

É fundamental que a população esteja ciente dos riscos associados ao uso inadequado de medicamentos como o Ozempic e que priorizem a saúde e o bem-estar acima de tudo. A Anvisa e especialistas alertam sobre a necessidade de consultas médicas antes de iniciar qualquer tratamento, destacando que a supervisão é crucial para garantir segurança e eficácia. “Os pacientes devem ser monitorados quanto à glicemia, função renal e possíveis efeitos colaterais. Exames regulares de sangue podem ser necessários para avaliar a saúde geral”, afirma Mateus.

Os médicos consideram diversos critérios antes de prescrever o Ozempic, incluindo o nível de controle glicêmico, histórico médico e a presença de comorbidades, como doenças cardiovasculares. “A eficácia de outros tratamentos já tentados também é avaliada. É um processo que requer cuidado e atenção”.

O aumento do uso inadequado do Ozempic pode ser impulsionado pela busca por soluções rápidas para perda de peso, influência de redes sociais e celebridades, e pela falta de informação sobre os riscos associados. “É importante que as pessoas entendam que a saúde deve ser a prioridade. O uso de medicamentos deve ser sempre feito com responsabilidade”, concluiu Mateus.

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Em suma, o Ozempic e outros medicamentos análogos de GLP-1 podem oferecer benefícios significativos para o tratamento do diabetes tipo 2 e controle de peso, mas seu uso deve ser sempre supervisionado por profissionais de saúde. A conscientização sobre os riscos e a importância da orientação médica é essencial para garantir que os pacientes façam escolhas informadas e seguras em relação à sua saúde.

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