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quinta-feira, 2 de janeiro de 2025
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Crise

Crise no fornecimento de insulina ameaça milhões de pacientes

A escassez de insulina humana NPH e regular, fornecidas gratuitamente pelo programa “Farmácia Popular”, está afetando farmácias em todo o país

Postado em 2 de janeiro de 2025 por Micael Silva
"A insulina é um medicamento vital, que precisa ser administrado diariamente por milhares de pessoas para garantir a manutenção da vida e da saúde" Foto: Alexandre Paes/ O Hoje
"A insulina é um medicamento vital, que precisa ser administrado diariamente por milhares de pessoas para garantir a manutenção da vida e da saúde" Foto: Alexandre Paes/ O Hoje

A escassez de insulina humana NPH e regular, fornecidas gratuitamente pelo programa do governo “Farmácia Popular”, afeta farmácias de todo o país e preocupa os cerca de 2 milhões de brasileiros que dependem do medicamento diariamente. Ambas as opções disponíveis no programa são fundamentais para o controle do diabetes e estão indisponíveis na versão em frascos, dificultando o tratamento de quem precisa.

Diante dessa situação, os pacientes enfrentam duas alternativas: buscar o medicamento em unidades de saúde do SUS ou adquirir versões mais caras no mercado. No entanto, a troca do tipo de insulina exige acompanhamento médico, pois as formulações têm diferentes formas de ação no organismo. As insulinas mais acessíveis fora do programa podem custar cerca de R$150 por mês, um valor elevado para muitas famílias.

A falta de insulina coloca os pacientes em risco de complicações graves. A curto prazo, podem ocorrer crises de hiperglicemia, que necessitam de internação hospitalar e, em casos extremos, podem levar à morte. Já no longo prazo, a ausência de tratamento adequado eleva a possibilidade de problemas sérios, como perda da visão, insuficiência renal e até amputações.

A continuidade do fornecimento gratuito de insulina é essencial para garantir qualidade de vida e prevenir desfechos severos para milhões de pessoas em todo o Brasil.

Em Goiás, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou, em nota ao Jornal O Hoje, que o fornecimento de insulinas é realizado pelo Ministério da Saúde, que as distribui aos estados. No entanto, há uma carta da indústria comunicando a redução na fabricação de insulina. Veja a nota na íntegra: 

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informa que o fornecimento do medicamento é feito pelo Ministério da Saúde para os Estados, que distribuem para os municípios. No entanto, existe uma carta da indústria informando sobre a redução da fabricação das insulinas na apresentação de frascos que são as distribuídas nas farmácias populares, dessa forma, não houve interrupção no abastecimento na rede SUS, apenas no programa farmácia popular.

Caso o paciente possua prescrição do SUS,  precisa solicitar gratuitamente o medicamento nas unidades básicas de saúde nos municípios, porém na apresentação de canetas. Nas unidades também são fornecidas as agulhas para serem utilizadas nas canetas. O Ministério da Saúde informou que está tomando providências para que não haja desabastecimento da insulina para os estados. 

O laboratório Novo Nordisk, responsável pelo fornecimento de insulina em frasco, anunciou a suspensão da produção deste item. A empresa fornecia as insulinas Novolin R e Novolin N em frascos para o Sistema Único de Saúde (SUS), atendendo também ao Programa Farmácia Popular. Essa decisão impactou diretamente a disponibilidade do medicamento na rede pública, prejudicando pacientes que dependem do tratamento.

Em nota, a empresa farmacêutica informou que “os desafios globais na cadeia de suprimentos de medicamentos” têm comprometido a capacidade de abastecimento de insulina em todo o mundo. Diante disso, anunciou a suspensão temporária do fornecimento das insulinas Novolin R (regular) e Novolin N (NPH, de ação prolongada), ambas na apresentação em frasco, ao longo do segundo semestre de 2024.

Diante do desabastecimento nas distribuidoras, os órgãos fiscalizadores destacam que não há alternativas para reposição dos estoques nas Farmácias Populares. Além disso, os farmacêuticos não estão autorizados a substituir o tipo de medicamento diretamente no balcão, sem que haja uma atualização prévia da receita pelo médico.

Crise no fornecimento de insulina preocupa especialistas

A escassez de insulina no mercado tem gerado uma situação alarmante, tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto nos consultórios particulares. O endocrinologista Dr. Matheus Felipe descreveu o momento como “uma situação de calamidade” e destacou a urgência de ações por parte da indústria farmacêutica e do governo para restabelecer os estoques e evitar complicações graves nos pacientes que dependem dessa medicação vital.

“Felizmente, hoje temos muitas opções de medicamentos para o tratamento do diabetes que poderiam substituir as insulinas em alguns casos. Porém, para pacientes com diabetes tipo 1, onde há uma deficiência completa na produção de insulina pelo pâncreas, a única alternativa é o uso de insulina. Além disso, em pacientes com diabetes tipo 2 de longa data, a substituição da insulina pode não ser eficaz”, explicou o especialista.

De acordo com o Dr. Matheus, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) estão engajadas em reuniões com entidades governamentais e outros órgãos para buscar soluções para a crise. “A insulina é um medicamento vital, que precisa ser administrado diariamente por milhares de pessoas para garantir a manutenção da vida e da saúde”, reforçou.

A indústria farmacêutica informou que, mesmo com o aumento da produção, não será possível atender à demanda atual. A escassez está relacionada ao crescimento do número de pacientes que necessitam do medicamento e à saída de alguns fornecedores do mercado global, fatores que agravam o problema.

Especialistas alertam que, sem ações concretas e rápidas, a falta de insulina pode resultar em complicações graves para os pacientes, como cetoacidose diabética e outras condições crônicas relacionadas ao descontrole glicêmico.

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