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sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
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Transtorno mental

Veja os impactos emocionais do luto prolongado

A forma como cada pessoa vivencia o luto é única, o que significa que não há um tempo fixo ou um padrão de comportamento

Postado em 3 de janeiro de 2025 por Leticia Marielle
Veja os impactos emocionais do luto prolongado. | Foto: Reprodução/Canva

O luto é uma resposta emocional resultante de uma perda significativa. Embora seja mais associado à morte, essa experiência também pode ocorrer após situações dolorosas, como o fim de um relacionamento, a perda de um amigo ou de um emprego, além de outras despedidas e decepções.

A forma como cada pessoa vivencia o luto é única, o que significa que não há um tempo fixo ou um padrão de comportamento determinado para esse processo. No entanto, alguns sinais são comuns, como uma tristeza profunda, a perda de interesse nas coisas e a sensação de desânimo, como se a vida tivesse perdido o sentido. Além disso, os efeitos podem ser observados também no corpo, com dores, lapsos de memória e mudanças no sono, como insônia ou sonolência excessiva.

Considerado uma reação natural a momentos de perda, o luto pode se tornar um problema de saúde quando é intenso e se prolonga por muito tempo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o luto prolongado como um transtorno mental na Classificação Internacional de Doenças (CID). Essa condição também passou a ser reconhecida como um transtorno mental no manual de diagnósticos da Associação Americana de Psiquiatria (APA).

O transtorno de luto prolongado é caracterizado por uma resposta emocional persistente e generalizada, que envolve uma saudade constante após a perda, acompanhada de sentimentos de tristeza, culpa, raiva e negação. A pessoa pode ter dificuldades em aceitar a perda, sentindo que uma parte de si mesmo se foi. Além disso, há uma incapacidade de experimentar alegria, o que dificulta o envolvimento em atividades sociais.

Para a OMS, o luto prolongado é considerado patológico quando persiste por mais de seis meses e ultrapassa o tempo esperado conforme as normas culturais e sociais de cada pessoa. Esse transtorno também pode prejudicar a vida pessoal, familiar, social, educacional e profissional. Seus sintomas são semelhantes aos da depressão e da ansiedade, mas a principal diferença está na causa: no luto prolongado, a perda é o gatilho do sofrimento.

Esse transtorno pode afetar pessoas de todas as idades. Como a compreensão de morte e perda varia conforme a faixa etária, as reações também se adaptam ao estágio de desenvolvimento de cada pessoa. 

O luto para as crianças

No caso das crianças, elas podem não expressar diretamente seus sentimentos de saudade ou preocupação com a morte, mas esses sentimentos podem se manifestar em brincadeiras ou outros comportamentos relacionados ao tema da separação. Elas podem esperar o retorno da pessoa falecida ou sentir angústia ao retornar a lugares onde estiveram com ela pela última vez. Além disso, podem desenvolver medo de que outras pessoas morram ou se preocupar excessivamente com o bem-estar de seus cuidadores.

Crianças mais novas podem alternar entre momentos de tristeza e comportamentos aparentemente normais. Já em adolescentes, a raiva associada à perda pode se manifestar por meio de irritabilidade e problemas de comportamento.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), antes dos 3 anos, as crianças entendem a morte apenas como ausência. Entre 3 e 5 anos, a morte é vista como um estado de sono, e elas acreditam que seus desejos e palavras podem evitá-la ou provocá-la. Entre 5 e 7 anos, compreendem a morte como irreversível, e, aos 10 e 11 anos, começam a entender a morte de maneira mais abstrata, formulando ideias sobre suas causas.

Entre crianças e adolescentes, o luto prolongado costuma ser acompanhado por sentimentos de abandono e rejeição. Nessa fase, alguns comportamentos podem se destacar, como o isolamento, a retração, a dificuldade de concentração e a dificuldade para se socializar, além de sinais de sofrimento emocional intenso. Embora o luto seja sempre associado a perdas, ele não está restrito à morte. A perda de vínculos familiares, como a separação dos pais, por exemplo, também pode desencadear o luto prolongado.

Na vida adulta, os sintomas mais comuns do luto prolongado envolvem a dificuldade de concentração e a queda na produtividade, além de um sentimento de desvalorização da vida e de incapacidade.

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