Vilela é surpreendido ao abrir caixa da prefeitura
“A verdade é que a maior parte dos gestores quando descobrem que perderam a eleição, eles torram dinheiro para não deixar nada para o sucessor”, diz cientista político
O prefeito de Aparecida de Goiânia, Leandro Vilela (MDB), se surpreende com um valor pífio no caixa da prefeitura. De acordo com o levantamento feito pelo atual gestor, Vilmar Mariano, ex-prefeito da cidade, aliado político do candidato derrotado na última eleição, deixou apenas R$ 9 milhões em caixa e uma dívida “extremamente elevada”, como aponta Leandro Vilela, de R$ 300 milhões. O novo prefeito enxerga finanças municipais com preocupação.
O cientista político Guilherme Carvalho esclarece que a maioria das prefeituras foram encontradas, pelos gestores municipais que assumiram nesta semana, com os cofres vazios ou bastante deficitários. “A verdade é que a maior parte dos gestores quando descobrem que perderam a eleição, eles torram dinheiro para não deixar nada para o sucessor. Essa é uma prática muito antiga no Brasil que a Lei de Responsabilidade Fiscal tinha conseguido dar uma minada, mas ainda tem alguns que apostam nisso. É a realidade de Aparecida de Goiânia”, afirma Carvalho.
Em nota oficial sobre o assunto, prefeito confirma cenário caótico e explica que esse será um dos maiores desafios de sua gestão. “Estamos assumindo a Prefeitura com uma dívida extremamente elevada e recursos insuficientes. Esse é um dos maiores desafios que enfrentaremos, mas estamos comprometidos em fazer uma gestão responsável e transparente. Vamos revisar todos os contratos para economizar e evitar desperdícios”, informa Leandro Vilela.
O gestor municipal que tomou posse no primeiro dia do ano, nesta quinta-feira, explicou que fará um contingenciamento de 30%, no mínimo, que reverberará, principalmente, nas contratações e na revisão de todos os contratos. O objetivo da medida é evitar gastos e eventuais desperdícios. Ainda em nota esclarece que “a prioridade será manter em dia os compromissos da atual gestão.”
O levantamento dos cofres públicos feito pela equipe de gestão ainda apurou que entre as dívidas, se destaca a folha de dezembro em atraso. Logo de início, a prefeitura precisa de R$ 60 milhões para quitar a folha. De acordo com o município de Aparecida de Goiânia, em relação a folha de pagamento referente ao mês de dezembro, ainda não há previsão para quitação devido ao déficit financeiro.
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“Infelizmente, com apenas R$ 9 milhões em caixa e diante de uma dívida tão expressiva, não é possível pagar imediatamente os salários atrasados. Nosso foco inicial será pagar os compromissos que vencem neste mês de janeiro e, na sequência, as dívidas herdadas”, explicou o prefeito.
Enquanto que um dos contratos que serão rescindidos está o dos totens de segurança, que consomem altos recursos do orçamento. “Os totens representam um gasto de quase R$ 1,5 milhão por mês e com o caixa sem recursos, cada centavo economizado é importante, pois redirecionaremos esses valores para atender as prioridades da cidade, e estamos revisando todas as despesas com rigor para garantir eficiência nos gastos”, afirma prefeito em nota.
Em relação ao transporte coletivo, Vilela afirmou o compromisso de manter a tarifa congelada para os cidadãos em R$ 4,30, apesar do impacto do subsídio para os cofres municipais. Desde julho de 2023, o ex-prefeito Vilmar Mariano não paga o subsídio do transporte coletivo. “Sabemos que o subsídio é pesado para as prefeituras, mas essa é uma prioridade para nós. Vamos manter o congelamento porque entendemos a importância de aliviar o bolso do trabalhador”, garante gestor municipal.