Arrascaeta revela que cuidar da saúde mental o fez “viver de novo”
Jogador do Flamengo precisou de ajuda com terapia, e ele não é o único exemplo; pesquisa aponta crescimento da depressão em atletas
Giorgian De Arrascaeta é um dos principais jogadores do futebol brasileiro, mantendo um alto nível de desempenho desde os tempos de Cruzeiro e evoluindo ainda mais no Flamengo.
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Porém, muitas pessoas que acompanham o futebol não imaginam o quanto a saúde mental de atletas de alto nível é impactada pelas exigências do dia a dia. O uruguaio Giorgian De Arrascaeta é um exemplo de jogador que precisou de ajuda para manter o desempenho nos gramados e também preservar seu bem-estar familiar.
Em entrevista à Placar, Arrascaeta falou sobre o tema e destacou como a terapia foi essencial para cuidar de sua saúde mental e transformar sua vida.
“Acredito que, desde que comecei a fazer terapia, praticamente parece que comecei a viver de novo, ou a viver mais plenamente. A minha personalidade, a minha forma de ver as coisas, o despertar de cada dia, de poder compartilhar momentos com minha esposa, com minha cachorrinha. Esses momentos são simples, mas são especiais”, explicou o jogador.
Ele também ressaltou que as lesões podem abalar o psicológico de um atleta, tornando ainda mais importante o cuidado com a mente.
“No âmbito do futebol também. Como falei, no momento das lesões, você saber que se você der tudo o que tem que dar, as lesões vão fazer parte do nosso dia a dia, podem acontecer no treino ou no jogo. É importante saber que está fazendo o que tem que ser feito. Então, o que vier, você já está preparado para enfrentar isso”, completou Arrascaeta.
Pesquisa aponta aumento da depressão e ansiedade em jogadores após Coronavírus
Um atleta precisa estar em plena condição física, mas cuidar da saúde mental é igualmente fundamental. Muitos jogadores enfrentam abalos psicológicos que comprometem seu desempenho em campo.
Um estudo realizado pela FIFPro revelou que 38% dos jogadores de futebol de alto nível sofrem de depressão ou ansiedade. A pandemia agravou esse cenário, com 22% das jogadoras e 13% dos jogadores relatando sintomas como baixa autoestima e falta de interesse após o coronavírus.
“No futebol, jovens atletas de ambos os sexos estão enfrentando o isolamento social, a suspensão de suas vidas profissionais e dúvidas sobre o futuro. É um momento de enorme incerteza para os jogadores e suas famílias, devido à insegurança de seu futuro e ao isolamento social”, afirmou Vincent Gouttebarge, médico-chefe da FIFPro.
A pesquisa foi conduzida no Centro Médico da Universidade de Amsterdã, envolvendo 1.134 jogadores do sexo masculino, com idade média de 26 anos, e 468 jogadoras, com idade média de 23 anos, em 16 países.
Apesar das dificuldades, Gouttebarge destacou que cerca de 80% dos atletas participantes confirmaram ter apoio suficiente e acesso a recursos para cuidar da saúde mental.
Exemplos no futebol brasileiro
No Brasil, o site Trivela realizou um levantamento em 2023, revelando que apenas 10 equipes da elite do Campeonato Brasileiro contavam com psicólogos em seus quadros. Uma dessas equipes era o São Paulo, que, no entanto, decidiu mudar sua abordagem para 2024.
O clube optou por não ter um profissional fixo no CT, oferecendo suporte para que os jogadores realizem atendimentos particulares, facilitando o agendamento de sessões fora do ambiente do clube.
No próprio São Paulo, o meia Alisson enfrentou recentemente um caso de depressão, conseguiu superar o problema e retornou a atuar em alto nível. No rival Corinthians, o atacante Yuri Alberto é outro exemplo.
Após enfrentar críticas e vaias, o jogador focou na saúde mental, superou as adversidades e terminou 2024 como o artilheiro do futebol brasileiro.
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