Venda de carros usados cresce 15% e puxa mercado de estética automotiva
Dados indicam que, em dezembro de 2024, as vendas de veículos usados registraram um aumento superior a 15% em comparação com novembro
O setor de vendas de veículos seminovos e usados apresentou um crescimento expressivo em 2024, impulsionado por diversos fatores econômicos e sociais. A alta nos preços dos carros novos, combinada com a paralisação temporária das montadoras, levou muitos consumidores a optarem por veículos usados como alternativa mais acessível.
Enquanto isso, seminovos, caracterizados por um ano de fabricação recente e baixa quilometragem, e usados, veículos mais desgastados pelo tempo de uso, destacaram-se como opções viáveis para diferentes perfis de consumidores.
Um exemplo disso é o assistente de eletricista Murilo Morais, que decidiu comprar um carro usado fabricado em 2012 devido à questão financeira. “Eu já queria comprar um carro, mas carro 0 km estava fora de cogitação, está tudo muito caro, até mesmo os carros populares”, explica.
Para ele, adquirir um veículo com mais de 10 anos de fabricação não foi difícil, mas exigiu cautela. “Procurei um mecânico de confiança para avaliar o carro antes da compra e ter certeza de que valeria a pena”, completa Murilo, destacando a importância de medidas preventivas para garantir um bom negócio.
De acordo com a Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), o mercado brasileiro de carros usados e seminovos registrou um recorde histórico em 2024, com 15,7 milhões de unidades vendidas, representando um crescimento de 9,2% em relação a 2023.
O mês de dezembro de 2024 sozinho contabilizou 1,47 milhão de unidades negociadas, um aumento de 15,9% em relação a novembro. Esses números renovam o otimismo do setor para 2025, com expectativas de manutenção e ampliação desse crescimento.
O destaque no mercado de 2024 foi o segmento de veículos com 13 anos ou mais de fabricação, que lideraram as vendas com 5,7 milhões de unidades. Esse desempenho superou os números de outras faixas etárias: usados de 4 a 8 anos (3,9 milhões de unidades), de 9 a 12 anos (3,5 milhões) e seminovos com até 3 anos de uso (2,5 milhões). Esse fenômeno reflete uma valorização dos veículos mais antigos, favorecida por fatores econômicos, avanços na manutenção e maior usabilidade.
Marcos Rogério Salazar, diretor de seminovos da Umuarama Concessionárias, aponta que a ampliação do crédito bancário foi um dos principais motores do crescimento. “Os bancos ficaram bastante favoráveis na ampliação de crédito, o que ajudou consideravelmente. Além disso, a possibilidade de utilização desses veículos em aplicativos de mobilidade, como Uber e 99, também ampliou as oportunidades para os compradores”, explica.
Nos últimos anos, houve maior flexibilidade para o uso de veículos mais antigos em serviços como transporte por aplicativo e entregas. O Uber, por exemplo, aceita veículos com até 10 anos de fabricação, enquanto o 99 permite até 11 anos. Marcos também cita o uso crescente desses carros por plataformas como Amazon e Mercado Livre, que os utilizam para entregas rápidas, criando novas fontes de renda para os proprietários.
Outro fator determinante é a isenção de IPVA para veículos mais antigos em estados como Goiás, São Paulo e Minas Gerais, o que reduz significativamente os custos de posse. “Além disso, os autocentros e concessionárias têm investido em serviços especializados para esses veículos, oferecendo custos de reparação menores e garantias estendidas, o que aumenta a confiabilidade”, complementa Salazar.
O consumidor de veículos usados também mudou de perfil, buscando mais segurança e transparência na negociação. “A exigência por avaliações justas, laudos cautelares e um pós-venda dedicado tem sido crucial. O cliente quer confiança na negociação e suporte após a compra”, salienta.
Além disso, o cuidado com a estética e a mecânica do veículo tornou-se um diferencial competitivo. Rafael Gonçalves, consultor de estética automotiva, relata que houve um aumento de 30% na demanda por serviços como pintura, polimento e higienização. “Esses cuidados valorizam o veículo e podem garantir um lucro extra de até 20% na revenda”, explica.
Sergio Rodrigues, mecânico, reforça a importância de revisões mecânicas completas antes da venda. “Um motor em bom estado, sem vazamentos, e sistemas como freios e suspensão funcionando perfeitamente são cruciais para atrair compradores”, aconselha.
Com os resultados positivos de 2024, o setor de veículos usados entra em 2025 com expectativas elevadas. A confiança do consumidor, aliada à ampliação do crédito e à crescente valorização dos veículos mais antigos, promete sustentar o crescimento do mercado.
“O mercado automotivo está se reinventando, e os carros com 13 anos ou mais deixaram de ser vistos como opções descartáveis, tornando-se ativos valiosos para mobilidade e economia familiar”, conclui Salazar. Com isso, o setor de usados se consolida como uma alternativa atrativa e funcional, reforçando sua importância no segmento automotivo brasileiro.
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