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sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
EDUCAÇÃO INFANTIL

Familias se revoltam com mudança no horário de atendimento de CMEIs em Aparecida

Os responsáveis pelos alunos do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEIs) de Aparecida de Goiânia têm enfrentado alguns problemas desde a troca de gestão

Postado em 10 de janeiro de 2025 por Micael Silva
Mães e pais afetados pela alteração no horário de atendimento dos CMEIs em Aparecida se mobilizaram para reverter a situação Foto: Divulgação
Mães e pais afetados pela alteração no horário de atendimento dos CMEIs em Aparecida se mobilizaram para reverter a situação Foto: Divulgação

As mães, pais e responsáveis pelos alunos que frequentam os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) de Aparecida de Goiânia têm enfrentado alguns problemas desde a troca de gestão. Um desses problemas é a alteração do horário de atendimento pedagógico das unidades escolares. Essa alteração no horário de atendimento pedagógico, promovida pela nova gestão municipal, tem gerado indignação e preocupação entre as famílias atendidas. 

De acordo com Natália de Paulo, uma das mães afetadas, a mudança do período integral para o parcial está comprometendo a rotina de trabalho e sobrevivência de muitas famílias. “Com a mudança do período integral para o parcial, as famílias assistidas pelo CMEI serão impactadas de diversas formas. No nosso grupo, temos mães solo, mães de crianças com deficiência e mães com mais de três filhos, que não possuem rede de apoio e dependem do trabalho para pagar as contas básicas e garantir o mínimo para os filhos”, relatou com indignação. 

“A maioria trabalha em jornada integral, e sem o CMEI, não terão condições de manter seus empregos, pois nenhum patrão aceita que levemos crianças para o trabalho. Além disso, não há empregos viáveis em Aparecida com jornadas de apenas quatro horas, como prevê a estrutura atual do CMEI”, desabafou Natália.

A decisão sobre a mudança, segundo ela, foi tomada de forma unilateral pela equipe de transição da nova gestão municipal, sem diálogo com as famílias afetadas. Natália relata que a notificação foi feita de maneira apressada e desrespeitosa:

“Fomos avisadas no penúltimo dia antes do recesso das unidades escolares e, no mesmo dia, fomos obrigadas a escolher o turno letivo dos nossos filhos, sob ameaça de perder a vaga ou de não poder escolher posteriormente. As escolas foram notificadas no dia 16 de dezembro, mas as famílias só ficaram sabendo no dia 18. Enquanto isso, durante o recesso de Natal e Ano Novo, as matrículas para as novas vagas de meio período estavam sendo realizadas, o que parece ser um artifício ilusório para tentar resolver o problema.”

Natália também criticou a prefeitura por não cumprir a promessa de campanha de fornecer um vale-creche no valor de R$ 500,00 às mães que não são atendidas pelos CMEIs, o que poderia aliviar a situação:

“Se o prefeito cumprisse o que prometeu na campanha, esse impasse seria resolvido. No entanto, até agora, não tivemos nenhum retorno, e as famílias estão em desespero.”

As famílias afetadas pela alteração no horário de atendimento dos Centros Municipais de Educação Infantil intensificaram sua mobilização para reverter a decisão da nova gestão municipal. Desde que foram notificadas sobre a mudança do período integral para o parcial, diversas ações foram realizadas para pressionar as autoridades e buscar uma solução.

De acordo com Natália de Paulo, representante das famílias, a mobilização já conta com um abaixo-assinado que ultrapassou 1.600 assinaturas. Além disso, foram enviados ofícios à Secretaria de Educação e realizada uma reunião com a titular da pasta na última segunda-feira. Contudo, até o momento, as famílias permanecem sem resposta concreta. Veja alguns pontos do ofício:

Quanto ao prejuízo no aprendizado, “os pais argumentam que a redução do período escolar compromete a qualidade do aprendizado infantil. Atualmente, apenas 40,5% dos alunos dos anos iniciais atingem os níveis desejáveis em português e matemática, conforme dados da Prova Saeb/INEP. A limitação no tempo de aprendizado durante a pré-escola, considerada uma fase crucial para o desenvolvimento acadêmico, poderá agravar ainda mais esses índices”. 

Já referente a ampliação da desigualdade educacional, essas famílias atendidas pelos CMEIs, em grande parte, enfrentam desafios econômicos significativos. Dados do Saeb indicam que a média de aprendizagem de alunos de famílias negras e de menor nível socioeconômico é de apenas 34,5%. A mudança pode aumentar essas disparidades, dificultando ainda mais o acesso a uma educação inclusiva.

Atendimento em apenas um turno complica vida das mães

Diante da falta de retorno, essas famílias resolveram procurar a Defensoria Pública e na última quarta-feira (8) realizaram uma mobilização pacífica para buscar suporte jurídico. “Na noite anterior, conseguimos protocolar uma ação civil pública. Já conversamos com o secretário de Educação, buscamos o apoio da Defensoria e protocolamos essa ação, mas seguimos em busca de mais recursos. Estamos tentando um agendamento com o prefeito e até com deputados, porque não podemos ficar sem resposta,” afirmou Natália.

A mobilização das famílias reflete a urgência de uma solução para os impactos causados pela alteração do atendimento pedagógico nos CMEIs, que, segundo elas, dificulta a manutenção das rotinas de trabalho e a garantia de direitos básicos. A comunidade segue aguardando um posicionamento das autoridades competentes.

Gabriela, que faz parte do grupo que está se manifestando contra a decisão, conta que tem duas filhas que frequentam o CMEI Cândida de Queirós, nos agrupamentos 4 e 5. Ela afirma estar desesperada, pois não tem uma rede de apoio para cuidar de suas filhas.

“Contava com o período integral por mais dois anos para minha filha mais nova, mas agora terei que me virar antecipadamente. Isso era uma garantia para nós, e agora foi retirada. Não tenho condições financeiras de pagar alguém para cuidar delas no meio período, já que trabalho das 7h30 às 19h30. A única solução que vejo é pedir demissão. Já tentei um acordo com meu setor, mas não foi possível.

Sem renda, não sei como cuidar das minhas filhas. Trabalhar fora sempre foi a minha realidade, e não consigo imaginar outra alternativa. A mudança para meio período desestabilizou completamente nossa rotina e nossas vidas.” relata. Nossa reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação de Aparecida de Goiânia, mas, até o fechamento desta edição, não obtivemos retorno da pasta. O espaço permanece aberto para manifestação.

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