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sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
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Crise

UPAs de Goiânia enfrenta escassez de insumos básicos e desespero da população

Fatores sobrecarregam as equipes e comprometem o atendimento à população que aguarda horas nas recepções emergenciais

Postado em 10 de janeiro de 2025 por Letícia Leite
UPA Chácara do Governador sofre com a falta de hidrocortisona, captopril, clopidogrel, dexametasona, dramin, soro fisiológico, entre outros. Foto: Secom Goiânia

“Estou esperando há mais de dois meses eles me chamarem para realizar o exame. Eu creio que a demanda deve ser muito grande, porque demora muito pra eles marcar”, esse relato da diarista Neusa Clemente da Silva, que está em busca de uma vaga para realizar a eletroneuromiografia das mãos, no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação (Crer), representa a precariedade das unidades de saúde de Goiânia, que enfrentam a falta de medicamentos, insumos e de profissionais, o que sobrecarrega a equipe e compromete ao atendimento à população.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO), há profissionais que estão há 6 meses sem receber o vale-alimentação. Sem contar a situação precária das unidades de saúde. O Sindsaúde apurou que diversas salas de vacinas estão fechadas. No final de 2024, o Sindicato constatou que 28 conservadoras de vacinas estavam estragadas comprometendo assim, a imunização. Nesse cenário, a situação para trabalhadores e usuários é muito caótica.

Ainda de acordo com as informações, às unidades municipais têm sofrido com o desabastecimento de papel para impressão, papel higiênico, impressora, bomba de infusão, Epinefrina, Tramal, Atezina, antialérgico, soro, abocath de calibre infantil, anestesias, gazes, seringa 20ml, Hidrocortizona, Captopril, Clopidrogel, Dexametasona, Dramin, Ácido Acetilsalicílico (AAS), soro fisiológico, Quetiapina 25mg. Também tem faltado drogas para sedação como Fetanil e Dormonid, além de algumas unidades não possuírem sala para curativo.  

O Sindicato destaca que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Chácara do Governador é um exemplo dessa situação crítica, com a falta de hidrocortisona, captopril, clopidogrel, dexametasona, dramin, AAS, soro fisiológico, Fentanil e Dormonid.

Em nota-resposta, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que os principais medicamentos e insumos utilizados na emergência do município estão sendo distribuídos de acordo com as baixas informadas no sistema das unidades.

Inspeção

A capital já vem enfrentando esses problemas há um bom tempo, no mês de maio do último ano, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) inspecionou todas as UPAs, Centro de Atenção Integrada à Saúde (CAIS) e Centro Integrado de Atenção Médico – Sanitário (CIAMS) em funcionamento na capital, para verificar denúncias recorrentes de pacientes retidos por longos períodos em unidades pré-hospitalares sem estrutura adequada, aguardando vagas na rede hospitalar. 

O relatório detalhou um cenário de colapso no sistema de saúde pública local, caracterizado por violações sistemáticas aos direitos fundamentais à vida e à saúde, além de descumprimentos reiterados de decisões judiciais.

Foram encontrados problemas como a escassez de antibióticos, medicamentos vasoativos e até mesmo materiais para curativos. Profissionais de saúde relataram situações alarmantes, como a falta de anestésicos, levando-os a utilizar materiais pessoais para garantir um mínimo de atendimento. Em algumas dessas unidades, insumos como luvas e gazes faltam há meses, colocando em risco a segurança tanto de pacientes quanto de profissionais.

Outras irregularidades também foram encontradas como o número insuficiente de profissionais, especialmente enfermeiros e técnicos de enfermagem; atrasos na classificação de risco, em desrespeito à Resolução CFM nº 2.079/2014; espera excessiva para atendimento médico após a triagem; superlotação, com pacientes recebendo medicação e aguardando internação hospitalar em macas, poltronas e até cadeiras, distribuídos em corredores e outras áreas inadequadas devido à falta de leitos; ambientes compartilhados por pacientes de ambos os sexos, em violação à RDC ANVISA nº 50/2002; ausência de mecanismos de segurança, com risco à integridade de pacientes, profissionais e o patrimônio público; falta de insumos e medicamentos, levando pacientes a arcar com materiais básicos como abocath; Insuficiência de viaturas e médicos no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), com prejuízo ao atendimento de emergências.

Para tentar mitigar essa situação, foram criados gabinetes de crise em 13 unidades da capital, em colaboração com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO). Esses locais têm a função de monitorar a ocupação de leitos, a disponibilidade de insumos e a escala de profissionais. Embora tenha havido alguns avanços, como a diminuição da fila por leitos de UTI, especialistas ressaltam que essas iniciativas precisam ser acompanhadas por uma gestão eficaz e um planejamento de longo prazo para garantir a estabilidade do sistema de saúde em Goiânia.

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