Goiânia sofre com falta de vagas e problemas infraestruturais nas escolas
“A prefeitura precisa olhar para as pessoas carentes em Goiânia”, desabafa mãe que busca vaga para a filha na rede municipal de ensino
A educação brasileira enfrenta desafios significativos, especialmente nas escolas municipais, Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e Centros de Educação Infantil (CEIs). Uma vez que, problemas de infraestrutura, falta de profissionais e de vagas comprometem a qualidade do ensino oferecido às crianças.
No Brasil, a precariedade das instalações escolares é alarmante. Levantamentos indicam que 62% das escolas não possuem biblioteca, 63% carecem de sala de leitura e 88% funcionam sem laboratórios ou salas de informática adequadas. Além disso, 31% das instituições não têm coleta de esgoto, 8% não dispõem de coleta de lixo e 82% das cozinhas operam sem condições sanitárias apropriadas.
Em Goiás, os desafios são igualmente preocupantes. Em Goiânia, a falta de vagas nos CMEIs e CEIs é uma questão crítica. Em 2023, o déficit era de aproximadamente 9 mil vagas, número que aumentou para cerca de 10 mil em 2024.
O Jornal O Hoje conversou com Elenita Gomes, uma mãe goiana que enfrenta dificuldades ao tentar encontrar vagas para a filha de 9 anos na rede municipal. “A escola em que minha filha estudava só ia até o ensino fundamental I, neste ano ela irá para o ensino fundamental II e não estamos encontrando vagas nas escolas próximas a minha residência”, explica a mulher.
“Estamos com muita dificuldade, já fui em todas as escolas que podia e não encontramos vagas. Eu preciso da escola, eu preciso trabalhar”, desabafa a dona de casa. “No site está difícil, muito tempo de espera, não estou conseguindo fazer o cadastro”, completa.
A mãe relatou ter passado pela mesma situação há três anos, onde buscou vagas em escolas municipais de Goiânia e enfrentou muita dificuldade para realizar a matrícula da filha. Atualmente, Elenita demonstra-se preocupada quanto à segurança das instituições de ensino municipais em Goiânia. “Existem escolas na capital, atualmente que não possuem tanta segurança para as crianças”, afirma.
Em 2024 foram identificadas obras paradas em CMEIs e salas improvisadas. A falta de profissionais também é um problema recorrente. Em 2024, cerca de 1,6 mil contratos temporários na educação de Goiânia chegaram ao fim, resultando em unidades desfalcadas e sobrecarga de trabalho para os educadores remanescentes.
“Nós trabalhamos, pagamos tanto imposto, as coisas não estão baratas para ninguém, precisamos apenas do necessário e nem isso o governo consegue oferecer; é difícil precisar de uma escola e não encontrar uma que preste”, desabafa a mãe.
“É necessário melhorias para as nossas crianças, muitas escolas com infraestrutura precária, minha filha já ficou diversas vezes sem aula devido à falta de professores”, completa Elenita.
O cenário da educação pública em Goiás, como no restante do Brasil, exige soluções estruturais que vão além de medidas paliativas. Investimentos em infraestrutura, contratação de profissionais qualificados, implementação de tecnologias educacionais e a promoção de políticas que assegurem a segurança escolar são essenciais para reverter este quadro. Apenas com uma abordagem sistêmica e integrada será possível garantir que a educação cumpra seu papel fundamental no desenvolvimento social e econômico do país.
“A prefeitura precisa olhar para as pessoas carentes em Goiânia, o sistema é falho, deve melhorar, mas só vai melhorar quando eles quiserem melhorar para a gente, basta os poderosos políticos ‘quererem’ olhar para a classe trabalhadora”, conclui Elenita Gomes.
CORRELATA
Quase 30 obras paradas e manutenção das escolas e CMEIs
Segundo a Secretaria de Educação (SME) de Goiânia, o compromisso inicial da nova gestão é o acesso e a permanência com qualidade no atendimento das crianças e estudantes. Nesta sexta-feira (10), o prefeito Sandro Mabel repassou R$19 milhões para 341 unidades escolares, o recurso é proveniente do tesouro municipal e será utilizado para manutenção estrutural e aquisição de materiais necessários para o início do ano letivo.
Além disso, nesta terça-feira (7), a Prefeitura de Goiânia anunciou a criação de 10 mil novas vagas para a educação infantil até junho deste ano. “Pelo menos 5 mil delas estarão disponíveis nos primeiros 100 dias de 2025”, afirma o órgão.
Ainda assim, em entrevista ao Jornal O Hoje, a SME afirma que já foram viabilizadas quase 3 mil novas vagas para o início imediato em 3 de janeiro na rede municipal de ensino. “A expansão será viabilizada por meio de convênios com o terceiro setor e pela otimização da infraestrutura existente”, explica o órgão.
Segundo a Secretaria de Educação, uma das ações relacionadas à manutenção das unidades educacionais foi o repasse de 19 milhões. “Esta medida possibilitou que as mesmas realizassem pequenos reparos e manutenção para o início do ano letivo.”, afirma.
Além disso, foi apontado interesse em agilizar os processos licitatórios a fim de atender as demandas da população. “A pasta também pretende otimizar os processos licitatórios, com a criação de uma comissão de licitação para atender as necessidades da SME”, conclui.
Apesar disso, a secretaria ainda não possui um levantamento de obras paralisadas, em andamento ou em licitação nos CMEIs, CEIs e escolas municipais da capital goiana. “Os fiscais de obras estão indo in loco para verificar a situação, que será apresentada para o prefeito, de acordo com o decreto N. 30 todos os contratos serão reavaliados”, relata. O decreto N. 30 determina a reavaliação e a renegociação dos contratos em vigor e das licitações em curso.
Reconhecendo o papel fundamental dos educadores, a SME planeja implementar um programa de formação continuada, com foco em resultados e inclusão. Além disso, serão realizados processos formativos em regime de colaboração com o governo estadual, por meio do programa AlfaMais, voltado para a alfabetização e educação infantil. “São ações com objetivo de promover a qualidade da educação pública para a população goianiense”, afirma o órgão.
Outro ponto de destaque é a modernização dos recursos pedagógicos e tecnológicos. A Prefeitura pretende implementar laboratórios Makers, distribuir tablets e chromebooks para alunos e professores, e investir em infraestrutura tecnológica para tornar o ambiente escolar mais dinâmico e conectado às demandas atuais.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME) disse que “o processo de matrículas dos CEIs e CMEIs da Rede Municipal de Educação que teve início dia (07/01) às 12h ocorreu sem intercorrências. A eficiência e a eficácia do processo foram foco de elogios por parte das famílias e dos servidores envolvidos. Ressaltamos que desde a informatização das matrículas, este foi o ano de maior fluidez no processo. Não tivemos reclamações do sistema”, destacou.