Projeto Cestampas: a reciclagem que alimenta famílias
Desde 2021, o projeto já proporcionou cestas básicas para mais de 800 famílias em situação de vulnerabilidade
Em Goiás, uma iniciativa criada por dois cidadãos tem transformado diversas áreas. Este projeto, chamado Cestampas, destaca-se como um exemplo de solução criativa e eficaz para problemas que impactam diretamente a sociedade.
O projeto Cestampas foi idealizado em 2021 pelo empresário Edgar Morais, presidente da iniciativa, e pela professora Viviane Cavalcante, vice-presidente. A ideia nasceu durante a pandemia de COVID-19, em um momento em que a crise econômica intensificava o desemprego e a fome. O projeto tem como objetivo principal arrecadar tampas de garrafas PET e outros plásticos, vendê-los e reverter o dinheiro em cestas básicas para famílias carentes.
Desde o início, as ações do Cestampas têm contribuído significativamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU, que visam alcançar um mundo mais justo e sustentável até 2030. A missão diária do projeto é ajudar as famílias carentes através da conversão de tampinhas em alimentos, ao mesmo tempo em que busca concretizar os ODS, abordando o combate à fome, a promoção da saúde e bem-estar, a gestão sustentável da água potável, o crescimento econômico, a sustentabilidade nas cidades.
A dinâmica do projeto é simples, mas extremamente impactante. Aproximadamente 450 tampinhas são necessárias para gerar 1 kg de plástico, e 60 kg são convertidos em uma cesta básica. Isso significa que é preciso reunir cerca de 27.000 tampinhas para montar uma cesta básica.
Desde o início, o Cestampas beneficiou mais de 890 famílias, mas atualmente há 290 famílias na lista de espera, aguardando a arrecadação de plásticos para que possam receber alimentos. Segundo Viviane Cavalcante, o projeto arrecada mensalmente entre 800 kg e 1 tonelada de plástico, o que equivale a aproximadamente 10 a 15 cestas básicas por mês.
No início, as cestas eram entregues diretamente nas residências das famílias. No entanto, a logística e os custos com combustível levaram à mudança na metodologia de distribuição. Desde novembro de 2024, as famílias beneficiadas buscam as cestas na sede do projeto e participam de palestras ministradas por psicólogos, com o objetivo de oferecer apoio emocional e fortalecer vínculos.
O projeto também conta com uma ampla rede de pontos de coleta. Atualmente, existem 85 pontos em Goiânia e 98 em Aparecida de Goiânia, localizados em supermercados, academias, condomínios, drogarias, escolas, salões de beleza e pizzarias, entre outros estabelecimentos. Além de utilizar as redes socias para fomentar o projeto.
Em escolas públicas, foram realizadas dezenas de palestras voltadas para a educação sobre sustentabilidade e cidadania. O Cestampas incentiva a adoção de atitudes sustentáveis, como separar corretamente o lixo, economizar água e energia, evitar desperdício de alimentos e reutilizar materiais sempre que possível.
“Nosso projeto trabalha com base em alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e está alinhado a uma prática social na qual todos podem contribuir para ajudar famílias em vulnerabilidade social, apenas juntando tampas plásticas e outros resíduos. Temos um lema que diz: ‘Tampinha não é lixo’”, explica Viviane Cavalcante.
Ela destaca a importância de incorporar a coleta seletiva como prática cultural no Brasil, apontando que em países como o Japão, até o descarte de lixo fora do local adequado é tratado como crime, um exemplo que, segundo ela, deve ser seguido.
Além disso, Viviane apresenta o Cestampas como sendo um grande aliado na prevenção de doenças. Uma simples tampinha descartada no meio ambiente pode acumular água parada, tornando-se um criadouro para o mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika vírus e chikungunya. “Essas doenças podem ter consequências fatais, e foi com esse propósito que criamos o lema: ‘Tampas que salvam vidas’”, acrescenta.
O Cestampas representa uma solução integrada para problemas ambientais e sociais, mostrando que pequenas ações podem ter impactos significativos. Ao combinar educação, sustentabilidade e assistência social, o projeto não apenas ajuda famílias em vulnerabilidade, mas também contribui para a formação de uma sociedade mais consciente. Para participar , basta juntar tampas plásticas e levá-las a um dos pontos de coleta espalhados por Goiânia e Aparecida de Goiânia.
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