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terça-feira, 14 de janeiro de 2025
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Saúde

Após 17 anos, Sorotipo 3 da dengue volta a circular e aumenta o risco de epidemia

Medidas preventivas são reforçadas para conter a possível epidemia transmitida pelo Aedes Aegypti

Postado em 14 de janeiro de 2025 por Eduarda Leão
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| Foto: divulgação

O sorotipo 3 do vírus da dengue (DENV-3) voltou a circular de forma significativa no Brasil, após um período de 17 anos sem predominância. Esse ressurgimento tem gerado preocupação entre as autoridades de saúde, pois grande parte da população não possui imunidade contra esse sorotipo, aumentando a suscetibilidade à doença.

Nas últimas semanas de dezembro de 2024, houve um aumento nos casos positivos de dengue atribuídos ao DENV-3, especialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná. Essa mudança no perfil epidemiológico é significativa, considerando que, ao longo de 2024, o sorotipo predominante foi o DENV-1, presente em 73,4% das amostras positivas.

A reintrodução do DENV-3 é preocupante porque a ausência prolongada desse sorotipo no país significa que muitas pessoas não foram expostas anteriormente, não desenvolvendo imunidade específica. Essa falta de imunidade pode resultar em um aumento nos casos de dengue e potencialmente em formas mais graves da doença.

Além disso, as condições climáticas atuais com altas temperaturas e períodos de seca, favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue. A prática de armazenar água de forma inadequada durante a seca também contribui para a criação de criadouros do mosquito, exacerbando o risco de surtos.

Diante desse cenário, o Ministério da Saúde reforça a importância de medidas preventivas, como a eliminação de focos do mosquito, e a necessidade de monitoramento constante da circulação dos diferentes sorotipos do vírus da dengue para conter a propagação da doença.

Sintomas

Os sintomas da dengue incluem febre alta, dores de cabeça, dores musculares e articulares, náuseas e manchas na pele. No caso da dengue grave, sinais de alerta como dores abdominais intensas, vômitos persistentes, sangramentos e dificuldade respiratória indicam a necessidade de atendimento médico imediato. A hidratação adequada é um dos pilares do tratamento, ajudando a prevenir complicações.

“Esses sintomas são muito semelhantes a outras viroses, por isso é tão importante não postergar a procura para o serviço de saúde ao aparecimento desses sintomas”, revela a Dra. Cristina Laval, superintendente de Vigilância Epidemiológica e Imunização da SES/GO.

Embora ainda não exista um antiviral específico para a dengue, o tratamento se concentra no manejo dos sintomas e na prevenção de complicações. O objetivo principal é manter o paciente hidratado e monitorar sinais de alerta que indiquem a progressão para formas graves da doença.

Diferenças dos sorotipos

A dengue é causada por quatro sorotipos distintos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), todos transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti. Cada sorotipo possui características específicas, mas todos podem causar sintomas semelhantes, desde manifestações leves até formas graves da doença, como dengue hemorrágica ou síndrome do choque da dengue. 

Compreender as diferenças entre esses sorotipos e os tratamentos disponíveis é crucial para lidar com essa doença de impacto global. “Quanto aos sintomas e gravidade da doença não há muita diferenciação entre eles, todos os sorotipos podem evoluir com quadros graves.” , aponta Cristina Laval.

Os quatro sorotipos do vírus da dengue compartilham aproximadamente 65% de similaridade genética, mas cada um desencadeia uma resposta imune específica. Após a infecção por um sorotipo, o indivíduo desenvolve imunidade duradoura contra ele, mas permanece suscetível aos outros. Essa suscetibilidade é um dos fatores que aumentam o risco de complicações em infecções secundárias.

Medidas preventivas

Para enfrentar essa epidemia, medidas preventivas tornam-se fundamentais. A eliminação de criadouros do mosquito é a principal estratégia para reduzir a transmissão da dengue. Isso inclui ações como tampar caixas d’água, limpar calhas, descartar corretamente recipientes que acumulam água e usar telas de proteção em janelas. 

Além disso, campanhas de conscientização são essenciais para educar a população sobre os riscos da doença e a importância de buscar atendimento médico logo nos primeiros sintomas.

Vale ressaltar que 75% dos criadouros estão relacionados ao lixo doméstico. “Tire 10 minutos do seu dia, uma vez por semana para realizar um checklist dentro da sua casa com relação aos possíveis criadouros da dengue.”, afirma a superintendente.

“O período de sazonalidade é exatamente o período onde temos maior proliferação do mosquito, devido ao calor e ao tempo chuvoso, então a melhor forma de evitar a proliferação do mosquito é evitar que ele nasça, é importante eliminar qualquer potencial criadouro do mosquito da dengue, seja em espaços públicos ou em domicílios.”, completa a especialista.

Além dos ambientes domésticos, é importante que haja o cuidado devido em ambientes públicos. “Os gestores municipais devem dar importância a destinação correta do lixo, a coleta coleta do lixo, a roçagem dos lotes baldios, a desobstrução das bocas de lobo a fim de evitar que nos ambientes coletivos haja potenciais criadouros da dengue”, afirma Laval. 

Cenário epidemiológico da dengue em Goiás

De acordo com a Dra. Cristina Laval, superintendente de Vigilância Epidemiológica e Imunização da SES/GO, Goiás enfrentava, até recentemente, uma predominância do sorotipo 1 da dengue. No entanto, em 2024, ocorreu uma inversão significativa, com o sorotipo 2 se tornando predominante. Essa mudança resultou na pior epidemia já registrada no estado, com mais de 300 mil casos de dengue identificados e 426 óbitos confirmados.

Em 2024, 75% dos exames realizados no Lacen identificaram casos de dengue causados pelo sorotipo 2, enquanto 25% foram atribuídos ao sorotipo 1. “Esse dado evidencia que o sorotipo 2 foi o de maior circulação no período”, destacou a especialista. Essa mudança levou a uma explosão no número de casos, já que um novo sorotipo em circulação aumenta a suscetibilidade da população à infecção.

Sorotipo 3

Segundo a superintendente, pelo cenário epidemiológico da dengue em Goiás atualmente, em 2025, o estado provavelmente não terá problemas com o sorotipo 3, apesar da alta em outras regiões brasileiras. 

“Este vírus que está circulando em outros estados brasileiros, mais cedo ou mais tarde poderá vir a aparecer também em Goiás e poderá trazer um aumento significativo dos casos. Todavia, não vejo esse cenário para 2025, mas talvez em outros anos.”, aponta Dra. Cristina.

“Nossa preocupação agora é continuar monitorando a dengue em Goiás.”, completa a superintendente.

Segundo a superintendente, a SES/GO está em contato com os municípios para orientá-los quanto ao acompanhamento epidemiológico, atualizar o painel que indica a quantidade de casos em cada município goiano. “As nossas equipes técnicas sempre estão apoiando as equipes técnicas dos municípios.”, pontua. 

Segundo a superintendente, durante o segundo semestre de 2024, as equipes da SES/GO conversaram com todas as equipes das regionais de saúde dos municípios a fim de orientá-los com relação às estratégias de combate ao mosquito.

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