David Lynch, diretor e criador de Twin Peaks e Veludo Azul, faleceu aos 78 anos. A família informou na quinta-feira (16), através de uma publicação no Facebook, que ele sofreu complicações causadas por um enfisema pulmonar. Lynch foi casado quatro vezes e deixa dois filhos e duas filhas.

“É com profundo pesar que nós, sua família, anunciamos a morte do homem e do artista, David Lynch. Agradeceríamos se pudessem nos dar um pouco de privacidade neste momento”, escreveram na rede social. “Há um grande vazio no mundo agora que ele não está mais entre nós. Mas, como ele diria: ‘Mantenha os olhos no donut, e não no buraco.’ É um dia lindo, com sol dourado e céu azul por toda parte.”

No ano passado, o cineasta havia revelado que estava enfrentando um diagnóstico de enfisema pulmonar. “Fumar era algo que eu absolutamente amava, mas no final, isso me afetou. Para mim, era uma parte da arte da vida, o tabaco, o cheiro, acender as coisas, fumar, voltar e sentar… E depois fumar novamente, refletir sobre o meu trabalho, pensar nas coisas… Nada no mundo é tão bonito quanto isso”, disse em entrevista. 

David Lynch foi um dos cineastas mais inovadores e influentes da história do cinema. Após anos de trabalho como pintor e diretor de curtas, Lynch fez sua estreia no cinema com Eraserhead (1977), um filme que se tornou um fenômeno cult nas sessões da meia-noite nos Estados Unidos e lhe garantiu uma sólida reputação.

O sucesso chamou a atenção da produtora de Mel Brooks, que o contratou para dirigir O Homem Elefante (1980), um drama baseado na história real de John Merrick, um homem com deformações congênitas no rosto. O filme foi um sucesso de crítica e público, recebendo oito indicações ao Oscar, incluindo a primeira de Melhor Diretor para Lynch.

Apesar do sucesso de seus dois primeiros filmes, o diretor não obteve o mesmo êxito com Duna (1984), sua adaptação cinematográfica da obra de Frank Herbert. O filme, que teve um orçamento de US$ 40 milhões, falhou tanto nas bilheteiras quanto em agradar aos fãs do livro.

A sorte de Lynch mudou com Veludo Azul (1986), uma das produções mais aclamadas de sua carreira, que ajudou a definir seu estilo único, caracterizado por um surrealismo sexualizado. Em 1990, ele conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes com Coração Selvagem e, no mesmo ano, estreou na televisão com Twin Peaks. A série mesclava investigação policial com elementos de drama surrealista e rapidamente conquistou uma legião de fãs, além de várias indicações ao Emmy. Mesmo com o cancelamento da série após a segunda temporada, Lynch manteve a franquia viva com o filme derivado Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer (1992) e o revival Twin Peaks: O Retorno (2017).

Nos anos seguintes, Lynch seguiu trabalhando no cinema, lançando filmes como Estrada Perdida (1997), Uma História Real (1999), Cidade dos Sonhos (2001) – pelo qual ganhou outro prêmio em Cannes – e Império dos Sonhos (2006), seu último longa-metragem.