Rompimento de laços define saída de cena de ex-prefeitos
Ex-mandatários podem ter dificuldades de costurar alianças para cargos nas eleições gerais de 2026
Com as eleições municipais de 2024, novos players importantes ingressaram em cargos no executivo e no legislativo da Região Metropolitana de Goiânia, principalmente para a ala à direita dos caiadista e bolsonarista do Estado. Agora, os ex-prefeitos de Goiânia, Aparecida e Anápolis saem com um trabalho ainda mais duro para manter a relevância política em meio a chegada iminente das eleições gerais de 2026.
Com um couro similar, os atuais gestores das três cidades culpam, e não culpam diretamente, as atuais dificuldades e escândalos administrativos e econômicos sob a antiga liderança municipal. Rogério Cruz (Solidariedade), Vilmar Mariano (Solidariedade) e Roberto Naves (Republicanos) terão de fazer um malabarismo político para articular um apoio tanto de membros do executivo, como da base governista.
Isso se deve, em parte, pelo rompimento de laços com o governo estadual para apoiar, mesmo que indiretamente, os candidatos da oposição. Outro fator que deve dificultar a articulação é o desgaste político causado no final da gestão que minou a saída dos dirigentes goianos.
A ilha de Rogério Cruz
Em Goiânia, o último ano da gestão do ex-prefeito Rogério Cruz foi marcado pelo rompimento com a legenda original dos Republicanos para a reeleição sob um novo partido, a exclusão da Igreja Universal e o desalinhamento com a base governista causaram um isolamento político. Devido a isso, Cruz ficou “ilhado” em ano de eleição.
Contudo, esta não foi a primeira vez que Cruz vai de antemão ao partido para lançar um nome próprio. Durante as eleições gerais de 2022, o ex-dirigente foi um dos grandes apoiadores da candidatura de Ronaldo Caiado (União Brasil), ao qual não recebeu o mesmo patrocínio nas pré-candidaturas dos bastidores em 2024. Além disso, também ficou de fora do apoio da reeleição do colega de legenda na época, João Campos (atual Podemos), que hoje é vice-prefeito de Aparecida. O que ainda pode ganhar o apoio de Cruz para um cargo na Assembleia foi a prontidão com o qual o ex-prefeito acatou a intervenção estadual na pasta da saúde da prefeitura.
O embate de Vilmar Mariano
Em Aparecida, o ex-prefeito Vilmar Mariano (União Brasil) também deve costurar um retorno árduo à vida pública. Apesar de ser um líder municipal, com histórico de presidência na Câmara, Vilmar Mariano sai apedrejado da gestão pelo atual prefeito emedebista Leandro Vilela como o responsável pela crise financeira que o município enfrenta.
Durante as eleições municipais, Mariano fez a escolha de apoiar a campanha do candidato de oposição da base governista após ter sido descartado para uma possível reeleição. A movimentação gerou discórdia até mesmo do ex-prefeito Gustavo Mendanha (MDB), principal apoiador do atual prefeito, ao qual Mariano era vice, e acusou o parceiro de “jogar a carreira no lixo”. Apesar dos apesares, Mariano ainda possui apoio de vereadores da cidade que podem emplacar uma possível candidatura à assembleia.
Planos frustrados de Roberto Naves
Já em Anápolis, uma história similar à de Mariano ocorreu nos bastidores com o ex-prefeito, e atual presidente do Republicanos em Goiás, em que foi alvo de críticas da base governista pela “neutralidade” e pelos ataques dirigidos à Marcio Correa (PL) durante as campanhas eleitorais de segundo turno.
Apesar de Corrêa não ter apoio da base caiadista, o seu rival Antônio Gomide (PT) também não era do gosto nem do União e nem dos partidos aliados de centro-direita, como o Republicanos e o MDB. Por causa disso, o vice-governador Daniel Vilela (MDB) e os aliados escolheram apoiar Corrêa para impedir o partido petista de assegurar a segunda cidade com maior PIB de Goiás.
Contudo, a inércia de Naves em apoiar diretamente Correa e os embates com o bolsonarista acarretaram em um apoio indireto ao petista. O que os bastidores afirmam é que Naves pretendia a vitória de Gomide para que em 2028 pudesse voltar para o cargo para um 3º turno. De todos, Naves é apontado como menos isolado politicamente, apesar de ataques sobre possíveis irregularidades licitatórias na prefeitura.