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domingo, 19 de janeiro de 2025
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Saúde

Vacinação contra HPV pode reduzir mortes por câncer de colo uterino em até 62%

HPV é a principal causa do câncer de colo de útero e exige atenção para prevenção e diagnóstico

Postado em 19 de janeiro de 2025 por Eduarda Leão
hpv câncer
| Foto: divulgação

O câncer de colo de útero, uma das neoplasias mais comuns entre mulheres brasileiras, tem sido alvo de intensas campanhas de prevenção e conscientização. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa para 2025 é alarmante: mais de 17 mil novos casos dessa doença poderão ser registrados no país. Apesar de ser silenciosa em seus estágios iniciais, a doença pode ser combatida de forma eficaz quando detectada precocemente, reforçando a importância da prevenção e do diagnóstico regular.

O papilomavírus humano (HPV) é a principal causa do câncer de colo de útero. Este vírus, que lidera a lista das doenças sexualmente transmissíveis mais frequentes no mundo. “Ele pode levar a alterações nas células do colo do útero, podendo evoluir para câncer se não forem detectadas e tratadas a tempo. Embora a infecção seja comum e muitas vezes transitória, em alguns casos ela persiste e pode se transformar em tumor ao longo do tempo. Portanto, a prevenção é fundamental na luta contra essa enfermidade”, afirma o mastologista e oncologista da Oncologista Goiás, Rubens Pereira.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, 75% das mulheres brasileiras com vida sexual ativa entrarão em contato com o HPV em algum momento de suas vidas. Embora a maioria das infecções não evolua para quadros graves, ao menos 5% dessas mulheres podem desenvolver câncer de colo de útero em um período de dois a dez anos. Essa realidade reforça a necessidade de iniciativas preventivas, como a vacinação e o rastreamento regular por meio de exames ginecológicos.

Nos últimos anos, a introdução e a atualização da vacina contra o HPV têm representado um marco no controle do câncer de colo uterino. A vacina nonavalente, que protege contra nove cepas do vírus, é atualmente uma das ferramentas mais eficazes na redução da incidência e da mortalidade causada pela doença. 

“A chegada da vacina nonavalente para HPV, ou seja, que protege contra nove cepas, foi a principal novidade. A imunização tem alcançado bons índices de cobertura, mas é fundamental que se continue promovendo a conscientização e a adesão, principalmente entre as adolescentes e suas famílias. A vacinação é a ferramenta mais eficaz na redução da mortalidade, diminuindo em 62% as mortes por câncer de colo uterino, entre as mulheres com menos de 25 anos”, destaca o médico.

 

O Brasil adotou a vacinação contra o HPV no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2014, ampliando gradativamente o público-alvo. Atualmente, meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos são priorizados. A imunização também está disponível para homens e mulheres imunossuprimidos até os 45 anos. O esquema vacinal varia conforme a faixa etária e as condições de saúde, com duas ou três doses necessárias para proteção adequada.

Apesar da oferta gratuita e da eficácia comprovada, a adesão à vacina enfrenta desafios, como a desinformação e a resistência cultural. Por isso, campanhas de conscientização são indispensáveis para incentivar a adesão, especialmente entre adolescentes e suas famílias.

Embora a vacinação seja uma estratégia poderosa, ela não elimina a necessidade de exames regulares. O Papanicolau, exame preventivo realizado preferencialmente a partir dos 25 anos ou três anos após o início da vida sexual, é essencial para identificar alterações nas células do colo uterino antes que evoluam para o câncer. Essa abordagem combinada – vacinação e rastreamento – tem potencial para erradicar a doença no futuro.

A detecção precoce é particularmente crucial porque o câncer de colo de útero é silencioso em suas fases iniciais. Entre os principais sintomas, que geralmente aparecem em estágios mais avançados, estão sangramentos vaginais anormais, dor pélvica, corrimento vaginal com sangue e desconforto durante as relações sexuais. Mulheres que identificarem qualquer um desses sinais devem procurar assistência médica imediata.

Além do HPV, outros fatores contribuem para o desenvolvimento do câncer de colo uterino, como início precoce da vida sexual, tabagismo, múltiplos parceiros e infecções sexualmente transmissíveis, como herpes genital. O uso de preservativos, a adoção de práticas sexuais seguras e a educação sexual são elementos fundamentais para reduzir esses riscos.

A conscientização sobre esses fatores é essencial, especialmente em regiões mais vulneráveis, onde o acesso a informações e serviços de saúde pode ser limitado. Políticas públicas voltadas para a equidade no atendimento são fundamentais para garantir que todas as mulheres tenham acesso a recursos de prevenção e diagnóstico.

Quando a doença é diagnosticada, as opções de tratamento variam de acordo com o estágio e as características do tumor. Cirurgias para remoção do tumor ou do útero são frequentemente indicadas nos estágios iniciais. Em casos mais avançados, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia podem ser recomendadas. Esses tratamentos são mais eficazes quando o câncer é identificado precocemente, ressaltando novamente a importância do diagnóstico preventivo.

Os avanços na imunização e nos tratamentos têm trazido esperança para um futuro onde o câncer de colo de útero seja significativamente reduzido. O desenvolvimento contínuo de vacinas mais abrangentes, aliados a estratégias globais de rastreamento e conscientização, pode transformar essa realidade.

O cenário brasileiro, entretanto, ainda exige atenção. A luta contra o câncer de colo de útero é uma questão de saúde pública que demanda esforços contínuos em educação, vacinação e diagnóstico precoce. Cada ação preventiva, cada exame realizado e cada vacina administrada são passos importantes rumo a um mundo mais saudável e livre do câncer de colo uterino.

 

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