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quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Mulher de fibra

Eunice Paiva: A mulher por trás do filme “Ainda estou aqui”

Uma emocionante história de luta contra a ditadura militar no Brasil chega ao Oscar com ‘Ainda Estou Aqui’, primeira produção brasileira indicada a Melhor Filme

Postado em 23 de janeiro de 2025 por Herbert Alencar
Foto reprodução

A produção original do Globoplay, “Ainda Estou Aqui”, alcançou um marco histórico ao receber três indicações ao Oscar nesta quinta-feira (23). O filme concorre às categorias de Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres sendo reconhecida por sua interpretação da advogada Eunice Paiva. Esta é a primeira vez que uma produção brasileira disputa a principal categoria da premiação, consolidando o impacto cultural e político da obra.

Uma História de Luta e Resistência

Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, foi uma figura central na luta contra a ditadura militar no Brasil. Casada com o ex-deputado Rubens Paiva, ela vivenciou o horror do desaparecimento de seu marido em 20 de janeiro de 1971, quando ele foi levado por agentes da repressão em sua residência no Leblon, Rio de Janeiro. Rubens foi torturado e morto, mas o paradeiro de seu corpo permaneceu um mistério por décadas.

A dedicação de Eunice em buscar justiça e esclarecer os acontecimentos em torno da morte de Rubens a transformou em um símbolo de resistência e coragem. Mesmo enfrentando a prisão e ameaças constantes, ela nunca recuou. Sua luta foi reconhecida oficialmente em 1996, quando o governo brasileiro finalmente emitiu o atestado de óbito de Rubens Paiva e reconheceu o crime cometido pela ditadura.

Adaptação do Livro ao Cinema

O filme é baseado no livro “Ainda Estou Aqui”, escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e Rubens. Lançada em 2015, a obra mistura memórias pessoais com o relato histórico da violência do regime militar, além de abordar o impacto da perda do pai e a luta da mãe para reconstruir a família.

A direção de Andréia Horta e o roteiro de George Moura receberam elogios por capturar a força emocional e política da narrativa. A atuação de Fernanda Torres também foi amplamente celebrada, trazendo à vida a complexidade de Eunice: uma mulher determinada, sensível e implacável em sua busca por justiça.

Uma Vida de Dedicação

Nascida em 1929, em São Paulo, Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva formou-se em Direito e casou-se com Rubens Paiva em 1952. O casal teve cinco filhos: Marcelo, Veroca, Eliana, Nalu e Babiu. Após o desaparecimento de Rubens, Eunice assumiu a responsabilidade de manter a família unida enquanto enfrentava a repressão.

Sua contribuição para a luta pelos direitos humanos foi amplamente reconhecida, tornando-a uma figura icônica na história brasileira. O legado de Eunice continua a inspirar novas gerações, e o filme “Ainda Estou Aqui” serve como um poderoso tributo à sua vida e às vítimas da ditadura.

Reconhecimento Internacional

A indicação de “Ainda Estou Aqui” ao Oscar reflete o crescente reconhecimento internacional do cinema brasileiro e da importância de contar histórias que ecoam valores universais de justiça e liberdade. Com um elenco talentoso e uma narrativa profundamente impactante, o filme reafirma o poder do cinema em iluminar as partes mais sombrias da história e homenagear aqueles que lutaram para mudá-la.

A cerimônia do Oscar, marcada para 10 de março de 2025, promete ser histórica para o Brasil. Independentemente do resultado, “Ainda Estou Aqui” já se consolidou como um marco cultural e um lembrete da força das mulheres na luta por direitos humanos e democracia.

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