Construção civil puxa setor de máquinas com alta de 22,4%
Crescimento expressivo é destaque, mas aumento de importações preocupa a indústria nacional
O mercado de máquinas de construção fechou 2024 com um saldo positivo de 22,4% no volume de vendas no atacado, atingindo 37.148 unidades comercializadas. Segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o desempenho colocou o ano como o segundo melhor da história do segmento, perdendo apenas para 2013. Apesar do avanço, a entidade alerta para o impacto das importações na competitividade da indústria nacional.
O crescimento foi puxado principalmente pela construção civil, que ampliou sua participação nas vendas de 37% em 2023 para 42% em 2024. O segmento engloba equipamentos como tratores de esteira, retroescavadeiras, pás carregadeiras, escavadeiras hidráulicas, motoniveladoras, rolos compactadores, mini carregadeiras e manipuladores telescópicos. Para 2025, a projeção da Anfavea é de uma alta mais modesta, em torno de 3%.
Por outro lado, as exportações de máquinas de construção apresentaram queda de 12,5%, com apenas 4.538 unidades enviadas ao mercado externo. A expectativa da entidade é que o volume de exportações se mantenha estável no próximo ano, sem grandes variações.
Impacto na balança comercial
Um ponto de atenção levantado pela Anfavea está no aumento das importações. O déficit na balança comercial do setor dobrou em 2024, com mais de 55% das máquinas importadas provenientes da China e 26% da Índia. O presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, destacou que a participação da China nas importações de máquinas de construção nas Américas passou de 20,7% para 43% no último ano, enquanto o setor agrícola viu uma expansão de 7,7% para 12,7% no mesmo período.
“Nos causa grande preocupação o aumento da participação das máquinas importadas nas compras públicas, com destaque para empresas com menos de 20 empregados. Estamos levando ao poder público essa questão que prejudica o nível de emprego no Brasil, a competitividade das nossas empresas, a inovação e até o atendimento dos clientes, que no final do processo sofrem com falta de uma rede confiável para assistência técnica. O resumo é que todos no país saem perdendo”, afirmou Lima Leite.
Queda nas máquinas agrícolas
O setor de máquinas agrícolas, por sua vez, viveu um ano mais desafiador, com queda de 20% nas vendas em comparação a 2023, totalizando 48,9 mil unidades no atacado. O principal fator que impactou o desempenho foi a redução nas vendas de colheitadeiras.
As exportações de máquinas agrícolas também recuaram significativamente, com uma queda de 31%, registrando apenas 6 mil unidades enviadas ao mercado externo. Para 2025, a previsão é de uma recuperação tímida, com crescimento de apenas 1%, segundo a Anfavea.
O cenário reforça a preocupação com o aumento da dependência de máquinas importadas, principalmente nos setores de construção e agrícola, o que coloca em xeque a competitividade das indústrias brasileiras no mercado interno e externo.
Projeções e desafios para 2025
Apesar do bom desempenho no segmento de máquinas de construção, o presidente da Anfavea ressalta que o setor enfrentará desafios em 2025, especialmente relacionados à pressão das importações e à manutenção da competitividade no mercado doméstico. Para reverter essa situação, Lima Leite defende maior incentivo à indústria nacional e políticas que fortaleçam a produção local.
“O Brasil tem capacidade técnica e industrial para ser referência mundial em máquinas de construção e agrícolas, mas, para isso, precisamos de condições justas de concorrência, apoio ao desenvolvimento tecnológico e maior estímulo à inovação”, concluiu o presidente.
Enquanto o setor de máquinas de construção celebra o segundo melhor desempenho de sua história, a indústria segue em alerta, buscando equilibrar o avanço nas vendas internas com a sustentabilidade e a competitividade de longo prazo.