Impasse de Natal vira “crise” na gestão de Corrêa em Anápolis
Prefeito afirmou categoricamente que não irá pagar os R$ 2 milhões previstos em contrato pelos enfeites de natal e e chegou a sugerir que a árvore de Natal, ainda instalada na cidade, fosse queimada em uma “fogueira de festa junina
O impasse envolvendo a decoração de Natal de Anápolis, contratada pela gestão do ex-prefeito Roberto Naves (Republicanos), se transformou em uma das primeiras “crises”, digamos assim, enfrentadas pelo atual prefeito Márcio Corrêa (PL). O tema, que inicialmente poderia ser resolvido com negociações entre a Prefeitura e a empresa contratada, se desdobrou após declarações do chefe do Executivo local. Corrêa afirmou, categoricamente, que não irá pagar os R$ 2 milhões previstos em contrato pelos serviços prestados pela empresa Luz de Natal, Projetos e Iluminações LTDA.
Em entrevista à Rádio São Francisco FM, Corrêa sugeriu que a árvore de Natal, caso não seja retirada, poderia ser queimada em uma “fogueira de festa junina”, dada a indisposição da Prefeitura em pagar pelo serviço. Segundo o prefeito, o contrato firmado pela gestão anterior não foi empenhado nem contabilizado, o que justificaria sua postura. “Entre na Justiça e busque seu caminho”, afirmou Corrêa, deixando claro que não pretende arcar com a dívida.
Natal fora de época
A decoração natalina permanece montada em vários pontos de Anápolis, mesmo após o encerramento dos festejos de fim de ano. A empresa responsável se recusa a desmontar os enfeites enquanto não receber o valor integral acordado.
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O contrato, firmado em 26 de novembro de 2024, previa um pagamento de pouco mais de R$ 2 milhões, com prazo de quitação de até 30 dias. No entanto, a falta de empenho e registro contábil por parte da gestão anterior deixou a situação em aberto. Ainda assim, a permanência da decoração é vista por muitos como um incômodo para a população e um reflexo da instabilidade administrativa da cidade.
Endividamento crônico
Corrêa também tem enfatizado o endividamento de Anápolis, que ultrapassa os R$ 800 milhões, como um dos motivos para sua postura. O prefeito afirmou que as taxas de juros dessas dívidas tornam inviável qualquer flexibilização.
Sobre a decoração de Natal, afirmou que irá acionar a Procuradoria Geral do Município para definir a melhor solução sobre a dívida. Ele garantiu que não pagará nenhuma despesa da gestão anterior que não tenha sido devidamente empenhada ou contabilizada, incentivando a empresa responsável a buscar seus direitos na Justiça.
Corrêa também criticou as dívidas herdadas, acusando a administração anterior de irresponsabilidade financeira e chamando-a de “caloteira”. Apesar das críticas, o prefeito mencionou apenas um contrato específico, relacionado à UPA da Mulher, como exemplo de dívida não quitada, sem detalhar outras pendências citadas na entrevista.
Embora a crítica ao endividamento seja válida, especialistas apontam que o discurso do prefeito pode ter consequências políticas adversas. Isso porque é fundamental que Corrêa equilibre a necessidade de apontar os erros da administração anterior com a urgência de apresentar soluções práticas. Caso contrário, ele corre o risco de ser visto como um líder que prioriza o confronto em detrimento da gestão.
O que esperar?
Até o momento, a situação da decoração natalina segue indefinida. A empresa Luz de Natal declarou que vai buscar soluções judiciais para garantir o recebimento. Enquanto isso, resta saber se o prefeito conseguirá superar esse episódio sem comprometer sua imagem junto à população.