Quase 40% dos motoristas profissionais de Goiás estão com exame toxicológico vencido
Quase 40% dos motoristas de categorias C, D e E em Goiás estão com o exame toxicológico vencido. PRF alerta para aumento no uso de drogas ao volante, colocando vidas em risco
A Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) revelou que aproximadamente 68 mil motoristas profissionais em Goiás estão com o exame toxicológico vencido, representando quase 40% dos condutores habilitados nas categorias C, D e E no estado. O exame é obrigatório a cada dois anos e seis meses para motoristas dessas categorias.
A situação é preocupante, especialmente diante do aumento de casos de motoristas flagrados dirigindo sob efeito de substâncias como ecstasy, cocaína e anfetaminas, conhecidas popularmente como “rebite”. De acordo com o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Goiás, Newton Morais, é comum encontrar motoristas que não respeitam a lei de descanso, que determina um repouso mínimo de 11 horas por dia. Além disso, a apreensão de substâncias proibidas tem sido frequente.
Em dezembro de 2024, a Operação Ephedra, uma ação conjunta entre o Ministério Público de Goiás (MPGO) e a PRF, desarticulou uma organização criminosa responsável pela produção e comercialização de anfetaminas. A operação resultou na apreensão de mais de 547 mil comprimidos de anfetaminas e na prisão de 28 pessoas. As investigações apontaram que cerca de 90% das apreensões de anfetaminas em rodovias federais ocorreram em Goiás.
O uso de anfetaminas por motoristas é uma prática perigosa, pois essas substâncias afetam o sistema nervoso central, inibindo o sono e reduzindo a sensação de cansaço. O farmacêutico Jairo Sotero alerta que a anfetamina pode causar dependência severa e prejudicar a percepção espacial do indivíduo, comprometendo a segurança nas estradas.
A legislação brasileira estabelece que motoristas das categorias C, D e E devem realizar o exame toxicológico a cada dois anos e seis meses. O não cumprimento dessa exigência pode resultar em multa gravíssima no valor de R$ 1.467,35 e sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Em caso de reincidência dentro de 12 meses, a multa dobra para R$ 2.934,70, além da suspensão do direito de dirigir.
O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Goiás, Vantuir José Rodrigues, defende a necessidade de revisar a lei do descanso e ampliar a obrigatoriedade do exame toxicológico. Ele argumenta que a pressão por prazos de entrega e as extensas jornadas de trabalho contribuem para o uso de substâncias estimulantes entre os motoristas.
Para regularizar a situação, os motoristas devem agendar o exame toxicológico em uma clínica ou laboratório credenciado pela Senatran. O Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) orienta que os condutores podem consultar a data de validade do exame no aplicativo Carteira Digital de Trânsito (CDT) ou verificar se a data de realização do último exame é superior a dois anos e seis meses. O resultado do exame é lançado pela própria clínica no sistema nacional.