Maior central sindical do País reage ao avanço dos juros
Comitê de Política Monetária elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual e chegou a 13,25% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, juros básicos da economia (para controle da inflação), em 1 ponto percentual, na quarta-feira (29). Com isso, esta chegou a 13,25%, conforme já tinha sido anunciado pelo Banco Central em reunião de dezembro. Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), vai inflar a dívida bruta em R$ 50 bi e causar desemprego.
“Não há outra palavra para caracterizar mais este absurdo do que frustração, pois esperávamos que sob o comando de Gabriel Galípolo houvesse uma reversão neste processo”, informou nota da CUT. Ainda conforme a central, desde o fim de dezembro há pressão por aumentos da taxa Selic por parte de rentistas.
“Falam da inflação dos preços de bens e serviços, mas nenhuma palavra é dita sobre a inflação da dívida bruta do Brasil, que deverá aumentar em torno de R$ 50 bilhões, consumindo mais de dois terços das economias feitas com os cortes nas despesas feitas pelo governo com seu pacote fiscal”, afirma.
Ainda conforme a CUT, esse aumento tem relação com a atuação do Banco Central no controle do câmbio, pois a desvalorização do real gera inflação – produtores e comerciantes compensam suas perdas aumentando os preços. E isso faz com que o governo gaste mais com os juros de sua dívida aumentada, pontua a nota. “Aumentar a taxa Selic significa conter o crescimento econômico e a geração de emprego e renda, que tem crescido desde que Luiz Inácio Lula da Silva retornou à Presidência da República.”
Presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann reagiu e disse que o aumento vai “tornar mais cara a conta da dívida pública, sufocar as famílias endividadas, restringir o acesso ao crédito e o crescimento da atividade econômica”. Segundo ele, “nem mesmo os agentes do mercado acreditam na apregoada eficácia antiinflacionária da política contracionista que foi imposta ao País”.
Copom
De fato, foi na primeira reunião com Gabriel Galípolo na Presidência do Banco Central que o Copom decidiu pelo aumento de 1 p.p. a taxa básica de juros, que chega a 13,25%. A decisão foi unânime, com o voto dos nove membros do Comitê.
Em janeiro de 2024, a taxa de juros ao ano estava em 11,25%, chegando a 10,50% nos meses de maio, junho e julho, voltando a crescer em setembro (10,75%), novembro (11,25%) e dezembro (12,25%). Em janeiro, como mencionado, ela chegou a 13,25%, a quarta alta seguida. No fim do ano, esta pode chegar a 15%.
Em comunicado, o Copom explica que as “expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se de forma relevante e situam-se em 5,5% e 4,2%, respectivamente”. Além disso, a projeção de inflação do Copom para o terceiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, está em 4,0%.
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Após enumerar riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, o Copom cita, entre outras coisas uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado (persistência na alta do dólar); enquanto nos riscos de baixa aponta “uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada” e “um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais”.
E concluiu: “O Copom então decidiu elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 13,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.”
Votaram: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.