Verduras e legumes ficam 18% mais caros e impactam a alimentação
A expectativa é que os preços possam começar a se estabilizar a partir do dia 15 de abril, conforme apontado por especialistas do setor
Os consumidores estão sentindo no bolso o aumento dos preços de verduras, legumes e folhagens, tanto nos mercados quanto nas Centrais de Abastecimento (Ceasas). O impacto das condições climáticas e a dinâmica de oferta e demanda têm sido determinantes na flutuação dos valores desses produtos essenciais na mesa dos brasileiros.
A alta nos preços tem afetado diretamente o orçamento familiar, principalmente das famílias de baixa renda. Mães e pais relatam dificuldades em manter uma alimentação saudável para seus filhos diante dos preços elevados dos hortigranjeiros. O salário mínimo, que já não acompanha plenamente o custo de vida, torna ainda mais desafiador garantir uma cesta básica nutritiva. Produtos como alface, cenoura e tomate, essenciais para uma dieta equilibrada, estão cada vez mais caros, o que leva muitos consumidores a substituí-los por alternativas menos saudáveis e acessíveis.
A explicação para essa variação de preços veio do Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o relatório, verduras e outros produtos como cebola, cenoura e tomate apresentaram alta nos preços em dezembro.
Em contrapartida, a batata registrou queda significativa de 27,33% na média ponderada de preço dentre as Ceasas, devido à maior oferta paranaense. Essa variação ocorre principalmente devido às oscilações na produção agrícola e à transição de safras, impactadas pelas condições climáticas adversas.
A transição da safra influenciou o preço da cebola, que voltou a subir depois de um longo período de queda. A cenoura, por sua vez, manteve a alta pelo segundo mês consecutivo, resultado da concentração da oferta em Minas Gerais. Já o tomate teve um aumento de 18,07% em relação ao mês anterior, reflexo da oscilação na oferta ao longo do segundo semestre de 2024. A oferta irregular de produtos nas Ceasas gera um efeito cascata no mercado varejista, levando a repasses diretos ao consumidor final.
O gerente da Divisão Técnica da Ceasa, Josué Lopes, destacou as dificuldades na coleta de preços devido à instabilidade no mercado. “O saco de limão, por exemplo, que chegou a custar R$ 150,00, agora está em R$ 40,00 e pode abaixar ainda mais. Mas a tendência geral é de alta, pois tudo depende do clima”, afirmou Lopes.
Ele também ressaltou que “as chuvas excessivas comprometem a produção de hortaliças”, o que pode levar a novas oscilações nos preços. Com o volume elevado de chuvas nas principais regiões produtoras, a colheita de diversos produtos , como verduras e folhagens estão sendo prejudicadas, resultando em menor oferta e consequente aumento dos preços.
Além disso, especialistas do setor ressaltam que a instabilidade climática torna difícil prever a regularização do mercado. “Se as chuvas continuarem intensas, a oferta de hortaliças pode cair ainda mais, pressionando os preços para cima. Já se o clima estabilizar, é possível que os valores comecem a diminuir gradativamente nas próximas semanas”, explicou Lopes.
Nas Centrais de Abastecimento do Centro-Oeste e do Norte, os preços permanecem relativamente estáveis entre verduras e legumas, frutas já apresentam outro comportamento no mercado. Entretanto, as chuvas podem prejudicar a colheita e reduzir a oferta de verduras entre outros produtos, o que pode gerar picos de preços no mercado. Na Ceasa de Goiânia, a alta registrada foi de 10,42%, enquanto em Vitória/ES os preços subiram 9,50% e, em Belo Horizonte, 6,35%. As oscilações são sentidas em todas as regiões, tornando o planejamento financeiro das famílias ainda mais desafiador.
Para os consumidores, a expectativa é que os preços possam começar a se estabilizar a partir do dia 15 de abril, conforme apontado por especialistas do setor. “O mercado pode encontrar um equilíbrio e os preços virão a se acomodar, mas precisamos acompanhar a condição climática nos próximos dias”, concluiu Josué Lopes. Apesar dessa previsão, a recomendação para os consumidores é pesquisar preços em diferentes locais e, sempre que possível, optar por verduras, frutas, hortaliças da estação, que tendem a ter preços mais acessíveis.
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