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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025
IA

Inteligência artificial atrai estudantes e transforma negócios em Goiás

A inteligência artificial (IA) está se consolidando como uma força transformadora global, e Goiás está se adaptando a esse futuro tecnológico

Postado em 3 de fevereiro de 2025 por Micael Silva
Além de seu impacto no setor acadêmico, a inteligência artificial tem se expandido para o mundo dos negócios Foto: Victor Melo/ O Hoje
Além de seu impacto no setor acadêmico, a inteligência artificial tem se expandido para o mundo dos negócios Foto: Victor Melo/ O Hoje

A inteligência artificial (IA) tem se consolidado como uma das principais forças transformadoras no mercado global, e Goiás não está ficando para trás. O estado está começando a se adaptar a esse futuro tecnológico, o que pode ser observado pelo aumento da procura pelo curso de inteligência artificial da UFG. Neste ano, o curso registrou sua maior nota de corte: 811,01, superando pela primeira vez o tradicional curso de Medicina, que liderava o ranking, pelo menos, nos últimos 10 anos.

Segundo Vinicius Sebba Patto, vice-coordenador do curso, o crescimento exponencial da área tem atraído estudantes que enxergam um mercado de trabalho promissor. “Desde 2017 e 2018, a demanda por profissionais de IA cresceu rapidamente, e a pós-graduação não conseguia suprir essa necessidade. Assim, surgiu a ideia de criar uma graduação específica”, explica.

Estruturado entre 2018 e 2019, o curso teve sua primeira turma ingressando em 2020. “Desde a primeira edição do Sisu em que o curso esteve presente, ele figurou entre as mais altas notas de corte. Em termos de acertos absolutos, os alunos de IA superaram os de Medicina, mas a diferença de pesos nas disciplinas impediu a ultrapassagem definitiva na época”, detalha Patto.

A popularização de ferramentas de IA, como o ChatGPT e outras soluções inovadoras, impulsionou ainda mais o interesse pelo curso. “Hoje, a IA está presente em áreas como gestão empresarial, elaboração de artigos acadêmicos, criação de imagens e até mesmo na automação de processos complexos”, afirma o vice-coordenador.

Outro fator determinante para o sucesso do curso é a estrutura oferecida pelo Instituto de Informática (INF) da UFG e pelo Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA). “Somos o maior centro de IA do Brasil e uma das principais referências na área. Empresas multinacionais já entenderam que precisam se atualizar e hoje são parceiras em nossos projetos”, destaca.

Os profissionais formados na área encontram oportunidades diversificadas, com remunerações atrativas. “Hoje, a forma de trabalho é muito flexível, com muitos atuando como consultores ou freelancers. Alunos já inseridos no mercado chegam a ganhar R$10 mil por mês, enquanto bolsistas juniores iniciam com valores em torno de R$2 mil”, revela Patto.

O crescimento da IA também levanta debates sobre a substituição da mão de obra humana. “Não há dúvidas de que muitas funções serão automatizadas, mas isso é um processo histórico. Antigas profissões desaparecem, enquanto novas surgem. O grande desafio é preparar os jovens para um futuro onde a IA será parte integral do mercado de trabalho”, avalia.

Contudo, o uso excessivo da tecnologia levanta preocupações. “Hoje, muitos jovens recorrem às IAs para fazer trabalhos acadêmicos, sem desenvolver habilidades essenciais como leitura, síntese e análise crítica. Algumas pesquisas indicam que o QI da nova geração pode estar em declínio devido ao uso excessivo dessas ferramentas”, alerta.

Diante desse cenário, a UFG segue investindo na formação de profissionais aptos a liderar as inovações tecnológicas, equilibrando o uso da IA com o desenvolvimento do pensamento crítico e a criatividade humana.

Além de seu impacto no setor acadêmico, a inteligência artificial tem se expandido para o mundo dos negócios, trazendo transformações significativas. O setor de comércio e serviços, em particular, tem se beneficiado enormemente dessa tecnologia, buscando otimizar processos e melhorar resultados.

Marcelo Baiocchi Carneiro, presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), destacou a crescente presença da IA nos mais diversos setores econômicos e o impacto positivo que ela tem gerado para os negócios. A Fecomércio-GO enxerga a IA como uma ferramenta estratégica e inevitável para o sucesso empresarial. “Assim como um dia surgiu a internet e, posteriormente, as plataformas de e-commerce, hoje a IA é a nova tecnologia que todas as empresas precisarão incorporar”, enfatizou.

O líder empresarial também ressaltou os benefícios específicos para o setor de serviços, que tradicionalmente demanda uma grande força de trabalho. “A IA pode otimizar processos, reduzir custos e melhorar a capacidade de geração de negócios. Ela traz eficiência e economia, permitindo que as empresas alcancem melhores resultados”, afirmou Baiocchi.

Marcelo reforçou que a IA não se restringe a um único setor e está se expandindo por toda a economia. “Comércio, serviços, turismo, indústria e agronegócio estão aprendendo a trabalhar com essa tecnologia. Empresas que lidam com grandes carteiras de clientes ou que precisam prospectar novos mercados encontram na IA um aliado estratégico para impulsionar seus resultados”, disse.

A tendência é que a inteligência artificial se torne cada vez mais presente nos negócios, impulsionando a transformação digital e aprimorando os serviços oferecidos ao consumidor. Para a Fecomércio-GO, adaptar-se a essa nova realidade é essencial para garantir competitividade e crescimento no mercado.

O impacto da inteligência artificial nas empresas e no agronegócio

A IA também tem se consolidado como uma ferramenta essencial para empresas de diferentes portes, desde pequenos empreendedores até grandes corporações. O economista Luiz Carlos Ongaratto destacou o papel da IA como um apoio estratégico para a otimização de rotinas e processos. “Ela vem para otimizar funções como cálculos matemáticos, estatísticos e até a compilação de textos e informações. O que antes era um trabalho mais braçal, a IA pode realizar de forma mais eficiente e rápida, com ferramentas como o ChatGPT, DeepSeek, Google e Microsoft, entre outras”, explicou Ongaratto.

Ele também ressaltou que, para pequenos empreendedores, que não possuem recursos para contratar suporte, a inteligência artificial pode ser um diferencial importante para impulsionar os negócios. No entanto, Ongaratto apontou a dificuldade de quantificar o impacto da IA na economia brasileira. “Embora haja grandes investimentos dos Estados Unidos e da China na área, no Brasil é complicado mensurar a contribuição da IA para o PIB. Não temos empresas exclusivamente voltadas para o desenvolvimento de inteligência artificial. A IA entra nos custos de empresas como as fintechs, que utilizam a tecnologia para análise de crédito, por exemplo”, disse.

No setor agrícola, vital para Goiás e para o Brasil, a IA tem sido aplicada para otimizar processos produtivos e logísticos. Algoritmos estão ajudando a aumentar a eficiência, além de drones e veículos aéreos não tripulados (VANTs) serem usados para o mapeamento de áreas, permitindo um uso mais eficaz de recursos como fertilizantes e defensivos agrícolas.

“A inteligência artificial tem grande potencial para otimizar recursos no agronegócio, como água e insumos. Goiás, sendo um estado com um agronegócio forte, tem visto empresas de tecnologia impulsionadas por inovações no setor. A IA é um aliado valioso nesse processo de modernização”, afirmou Ongaratto.

Por fim, o especialista destacou que, embora o Brasil ainda seja um consumidor de IA, o país está cada vez mais incorporando essas ferramentas em suas rotinas, especialmente no setor agrícola. O impacto da tecnologia é indiscutível, mas ainda precisa ser melhor quantificado, considerando os desafios do mercado brasileiro.

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