Aumento de casos de dengue leva 27 cidades de Goiás a declarar emergência
SES-GO alerta sobre proliferação do Aedes aegypti em período de chuvas e calor
O estado de Goiás enfrenta um aumento expressivo nos casos de dengue no início de 2025, acendendo um alerta para as autoridades de saúde e a população. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), já foram registrados 6.191 casos confirmados da doença e duas mortes, além de outros 16 óbitos que estão sob investigação para possível relação com o vírus.
Diante do crescimento acelerado das infecções, a SES-GO mantém o monitoramento da situação e reforça medidas de combate à doença. Um dos dados mais preocupantes é que 27 municípios goianos já se encontram em situação de emergência, devido à alta taxa de incidência da dengue por quatro semanas consecutivas, ultrapassando os limites esperados para o período.
As cidades mais afetadas pelo surto de dengue são: Iporá, Itumbiara, Faina, Itapuranga, Itapaci, Catalão, Jaraguá, Caçu, Santo Antônio do Descoberto, Diorama, Mozarlândia, Nerópolis, Araguapaz, Heitoraí, Mundo Novo, Americano do Brasil, Guarinos, Brazabrantes, Campos Belos, Santo Antônio de Goiás, Cromínia, Mossâmedes, Palestina de Goiás, Itajá, Turvelândia, Davinópolis e Gouvelândia.
Com o aumento das infecções, a SES-GO intensificou ações para eliminar focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, Zika e Chikungunya. Os números revelam que o estado já soma mais de 11 mil notificações de casos suspeitos de dengue, sendo cerca de 5 mil confirmações laboratoriais. A subsecretária de Vigilância em Saúde da SES, Flúvia Amorim, destacou que esse crescimento ocorre, principalmente, devido ao período de chuvas e altas temperaturas, que favorecem a proliferação do mosquito.
Para conter a disseminação da doença e mitigar seus impactos, o governo reativou a Sala de Situação, mecanismo que permite monitorar e adotar medidas estratégicas nos 246 municípios goianos. O objetivo é concentrar esforços principalmente nas cidades mais afetadas, garantindo suporte ao sistema de saúde e intensificando ações de combate ao vetor. Além das ações emergenciais, as autoridades de saúde reforçam o alerta para que a população elimine possíveis criadouros do Aedes aegypti e fique atenta aos sintomas da doença, como febre alta, dores no corpo, cansaço e manchas vermelhas na pele.
A SES-GO também destaca a importância da vacinação como estratégia de proteção. Atualmente, o imunizante está disponível para crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, público considerado prioritário devido à maior vulnerabilidade às complicações da dengue. O cenário reforça a necessidade de colaboração entre governo e sociedade para conter o avanço da doença. A recomendação principal segue sendo a eliminação de locais com água parada, uso de repelentes e busca imediata por atendimento médico diante de sintomas suspeitos.
A Secretaria de Saúde segue monitorando a situação e pode adotar novas medidas caso o surto se agrave nos próximos meses.
Em entrevista ao Jornal O Hoje, a Dra. Cristina Laval, superintendente de Vigilância Epidemiológica
e Imunização da SES/GO, afirma que Goiás enfrentava, até recentemente, uma predominância
do sorotipo 1 da dengue. No entanto, em 2024, ocorre uma inversão significativa,com o sorotipo 2 se tornando predominante. Essa mudança resultou na pior epidemia já registrada no estado, com mais de 300 mil casos de dengue identificados e 426 óbitos confirmados. Em 2024, 75% dos exames realizados no Lacen identificaram casos de dengue causados pelo sorotipo 2, enquanto 25% foram atribuídos ao sorotipo 1. “Esse dado evidencia que o sorotipo 2 foi o de maior circulação no período”, destacou a especialista. Essa mudança levou a uma explosão no número de casos, já que um novo sorotipo em circulação aumenta a suscetibilidade da população à infecção.
Sorotipo 3
Segundo a superintendente, pelo cenário epidemiológico da dengue em Goiás atualmente, em 2025, o estado provavelmente não terá problemas com o sorotipo 3,
apesar da alta em outras regiões brasileiras. “Este vírus que está circulando em outros estados brasileiros, mais cedo ou mais tarde poderá vir a aparecer
também em Goiás e poderá trazer um aumento significativo dos casos. Todavia, não vejo esse cenário para 2025, mas talvez em outros anos.”, aponta Dra. Cristina. “Nossa preocupação agora é continuar monitorando a
dengue em Goiás.”, completa a superintendente. Segundo a superintendente, a SES/GO está em contato com os municípios para orientá-los quanto ao acompanhamento epidemiológico, atualizar o painel que indica a quantidade de casos em cada município goiano. “As nossas equipes técnicas sempre estão apoiando as equipes técnicas dos municípios.”, pontua. Segundo a superintendente, durante o segundo semestre de 2024, as equipes da SES/GO conversaram com todas as equipes das regionais de saúde dos municípios a fim de orientá-los com relação às estratégias de combate ao mosquito.