Bolsonaro amplia força ao atrelar PL a Davi Alcolumbre
Escolha visa, entre outras coisas, fortalecer a posição do grupo bolsonarista na Casa de Leis. Tacada tem como alvo a disputa eleitoral de 2026
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A política brasileira apresenta, dia sim outro também, suas reviravoltas. A recente decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em apoiar a candidatura de Davi Alcolumbre à presidência do Senado não é uma exceção. A escolha soou estranha à primeira vista — especialmente em um cenário onde o PL contava com candidatura própria —, mas tão logo se revelou clara o suficiente do ponto de vista estratégico.
A escolha, cuidadosamente calculada, visa, entre outras coisas, fortalecer a posição do grupo. Alcolumbre, senador pelo Amapá e membro do União Brasil, acumula experiência como presidente do Senado em 2019 e 2020. Durante seu mandato, Alcolumbre demonstrou ser um líder habilidoso, capaz de negociar e encontrar consensos entre os diferentes grupos do Senado. Essa habilidade, por sinal, foi lida como fundamental para o grupo bolsonarista, que costuma enfrentar resistência em relação a muitas de suas iniciativas.
Sob uma outra ótica, o apoio de Bolsonaro a Alcolumbre também visa fortalecer a posição do PL no Senado. O PL tem uma grande bancada e busca aumentar sua influência na Casa. Com Alcolumbre na presidência, a sigla pode contar com um aliado importante para aprovar suas propostas e projetos. Não à toa, a força dessa aliança resultou na destinação da vice-presidência da Casa à sigla.
Além disso, a escolha de Alcolumbre pode ser vista como uma tentativa de Bolsonaro ampliar, ainda mais, sua influência no Congresso. Ao formar uma base mais musculosa, Bolsonaro aumenta significativamente as chances de construir um grupo mais influente de olho na disputa eleitoral de 2026.
Nos bastidores, a escolha de Davi Alcolumbre como o candidato foi lida como uma estratégia cuidadosamente calculada por Jair Bolsonaro para fortalecer sua posição na Casa de Leis. Fazer frente a um projeto sólido como o de Alcolumbre sem chances de vitória seria um “equívoco”, haja vista que a sobrevivência política do grupo passa, também, por um jogo complexo que envolve a aprovação de propostas de interesse.
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Bolsonaro de fato comprou a ideia de que poderia “ganhar mais” estando ao lado de Alcolumbre na disputa. Uma pequena ala bolsonarista, no entanto, foi na contramão e apoiou o nome de Marcos Pontes (PL-SP) na disputa. O Astronauta, como é popularmente conhecido o ex-ministro de Bolsonaro, só contabilizou 4 votos.
À Jovem Pan, Pontes comentou o resultado da eleição e a divisão de forças no PL do Senado. Sobre o assunto, comentou: “Imagine um rio, com uma pedra no meio. A água vai contornar de um lado e de outro, aí desgasta um pouco a pedra. Depois, se junta na frente”, disse. E continuou: “Eu conheço o Jair Bolsonaro de muito tempo. Ele sabe que eu sou assim, e ele também é. Tanto que se candidatou quatro vezes na Câmara.”
Apesar do estremecimento das relações, a leitura é que o ex-presidente acertou a tacada. Seguro da vitória de Alcolumbre, Bolsonaro teria, segundo figuras próximas, garantido a posição do partido em posições estratégicas dentro do Senado. A participação e comando em Comissões específicas é visto como crucial para o fortalecimento de seus planos em relação a 2026.
O entendimento do núcleo bolsonarista vai ao encontro do que pensa e, inclusive, expressou o ex-mandatário em entrevista recente.
“Ninguém está aqui para esconder a verdade. Sabemos da força do Alcolumbre. Em 23 jogamos com o [Rogério] Marinho. Perdemos. Não temos espaço na Mesa e nem em comissões. Estamos meio quase como zumbis aqui, com todo respeito à bancada do PL”, disse antes do pleito ao defender que era melhor o PL negociar com Alcolumbre do que entrar na briga para perder de novo.