Diagnóstico tardio e luta pela vida: a realidade de quem enfrenta a leucemia
Aos 29 anos, o jornalista Hiago Miguel foi diagnosticado com leucemia linfóide aguda (LLA), um tipo de câncer que afeta um tipo de glóbulo branco do sangue
No calendário da saúde, os meses do ano são representados por cores que relacionam a diferentes doenças, com o intuito de sensibilizar a população sobre a prevenção e as políticas públicas. Fevereiro, o segundo mês do ano, é voltado para a campanha Fevereiro Laranja, que visa aumentar a consciência sobre a leucemia e a importância da doação de medula óssea.
Conforme informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que cerca de 11.540 pessoas sejam diagnosticadas com leucemia durante o triênio de 2023 a 2025. Isso representa uma taxa de 5,33 novos casos a cada 100 mil habitantes, sendo 6.250 em homens e 5.290 em mulheres.
A doença afeta os glóbulos brancos, conhecidos como leucócitos, que produzem células anormais na medula óssea, comprometendo a imunidade do paciente e tornando-o suscetível a infecções. Além disso, se caracteriza principalmente pelo acúmulo de células cancerosas jovens na medula óssea.
A causa exata da leucemia ainda não é completamente compreendida, mas fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante, como a exposição à radiação ou substâncias cancerígenas. Segundo o especialista em Hematologia, Hemoterapia e Patologia Clínica, Nelcivone Soares de Melo, a prevenção da leucemia é difícil, pois a maioria dos casos não possuem causas conhecidas que possam ser evitadas.
“No entanto, evitar fatores de riscos conhecidos, como o tabagismo e a exposição a produtos químicos cancerígenos, pode ajudar a reduzir o risco”, acrescenta.
Os sintomas da doença podem variar de acordo com a pessoa e conforme o tipo de leucemia. De acordo com o médico, geralmente, incluem: cansaço excessivo e fraqueza, perda de peso sem causa aparente, gânglios linfáticos inchados (pescoço, axilas, virilha), manchas vermelhas na pele, sangramento e hematomas fáceis, febre ou calafrios, suor noturno, dor nos ossos e articulações e aumento do tamanho do baço.
O diagnóstico da doença é realizado através de exames de sangue, biópsia da medula óssea e exames de imagem. “O diagnóstico precoce é crucial para iniciar o tratamento o mais rápido possível, aumentando as chances de cura e melhorando a qualidade de vida do paciente”, continua.
O processo da descoberta do câncer
Aos 29 anos, o jornalista Hiago Miguel foi diagnosticado com leucemia linfóide aguda (LLA), um tipo de câncer que afeta os linfócitos, um tipo de glóbulo branco do sangue. Desde o surgimento dos primeiros sintomas como “sudorese à noite, muita febre, falta de apetite e fraqueza”, até o momento atual já se passaram aproximadamente um mês e quinze dias, que o goianiense tem lutado nessa batalha e compartilha como foi os momentos de dúvidas até o diagnóstico final.
“No primeiro momento eu fui diagnosticado em Trindade como se eu estivesse com sinusite bacteriana, então eu fiz alguns exames, fiquei internado uma semana na primeira etapa tratando […] Passei por cinco médicos e nenhum dos médicos identificou a leucemia, por mais que eu tenha feito exames e hemogramas completos”, destaca.
Mesmo após o tratamento e a alta, Hiago continuou com a presença de alguns sintomas, foi quando procurou um infectologista, que o encaminhou para o hematologista. “Ele olhou os exames e falou, ‘olha você nunca teve sinusite bacteriana’. E aí eu assustei, aí ele pegou e falou, ‘olha isso aqui é uma doença sanguínea’, foi aí que começou toda a correria”, continua.
Após a primeira consulta com a hematologista, veio a suspeita da leucemia. “A leucemia ataca o céu da boca, o reto, o ânus e o pulmão, e nisso o céu da minha boca abriu. Isso aí foi, além do hemograma, um dos pontos-chave para poder fechar o meu laudo. Mas mesmo assim a doutora Marcela, me deu o diagnóstico, e disse que segundo os exames, 99% seria leucemia, mas que eu precisava fazer mais dois exames para ela confirmar a doença”.
Foi após a realização de todos os exames, que o resultado saiu “realmente era a leucemia”. Ele acrescenta que desde o primeiro dia de sintoma, até o diagnóstico da leucemia, foram um total de 26 dias.
“Minha primeira internação foram 32 dias, onde eu realizei o meu primeiro ciclo de quimioterapia […] Eu fiz alguns exames como o da medula, para ver como que estava, o andamento das células cancerígenas, como que estava a questão das células boas […] Eu tive que fazer uma série de exames, para poder começar a quimioterapia, porque aí eu já sabia que era leucemia, mas eu não sabia qual que era”, diz.
Depois da coleta da medula, que Hiago foi diagnosticado com leucemia linfóide aguda. “O meu sentimento ao receber o diagnóstico, a primeira sensação é de morte mesmo, porque a gente tem medo do que a gente não conhece […] Eu chorei muito, porque eu falei, eu com 29 anos já vou morrer tão cedo. E aí, eu esbarrei em um problema muito grande, a questão de falar para a minha mãe”, continua.
Mesmo com todo o processo da aceitação do diagnóstico, o jornalista compartilha a dificuldade que foi ao contar para a mãe, Hiago conta que em 2010 teve a perda de seu pai e três anos depois a do seu irmão, e que a família ainda passa pela superação do luto.
“Quando eu recebi o diagnóstico, eu falei ‘como que eu vou falar isso para a minha mãe’, porque ela já perdeu um filho, vai perder outro, novo desse jeito. Mas, a Ari conversou muito comigo, ela é o meu braço direito, o meu porto seguro em todos os processos”, diz agradecendo à esposa, Arielle Montenegro.
Ele diz que o apoio de amigos e familiares, tem sido uma dose a mais para ajudar no tratamento. “Principalmente nos dias que ele tá mais fraco, que a gente vê uma pessoa que tá do lado da gente o tempo todo super independente, gosta de resolver tudo sozinho e do nada precisar de ajuda. A gente vê que não é fácil pra ele, também não é fácil pra gente ver a pessoa nessa situação, mas Deus tem nos dado força e se Deus quiser logo logo nós vamos vencer essa luta, já estamos vencendo, graças a Deus”, diz Arielle.
Dos sintomas, ao diagnóstico e o tratamento de alto custo
O objetivo do tratamento é eliminar as células cancerosas e restabelecer a produção de células saudáveis. Durante esse processo, são administrados medicamentos quimioterápicos, além de um monitoramento das infecções, hemorragias e uma atenção especial ao tratamento da doença no Sistema Nervoso Central, que inclui o cérebro e a medula espinhal.
“O tratamento pode incluir quimioterapia, radioterapia, transplante de medula óssea e terapias direcionadas, dependendo do tipo e estágio da leucemia. O plano de tratamento é personalizado para cada paciente”, explica Nelcivone.
“A expectativa da médica é que eu comece agora o próximo ciclo, inclusive eu começo hoje, o segundo ciclo, fazendo quimioterapia intratecal, que é a quimioterapia direta na medula, e aí eu já entro com a segunda etapa do tratamento”, diz o paciente.
Após o controle da enfermidade, caso necessário, o transplante de medula óssea pode ser recomendado. “A doação de medula óssea é vital para pacientes com leucemia, pois pode substituir a medula óssea doente por células saudáveis. O transplante envolve a coleta de células da medula óssea do doador e a infusão dessas células no paciente”, informa o especialista.
“A doença já entrou em remissão, eu já fiz exames para pegar o DNA original da medula, e só estou esperando sair o resultado para poder entrar no cadastro para receber doação de medula […] Nessa primeira etapa, a médica vai encaminhar para fazer os exames todos os parentes de 1º grau, e após isso se nenhum deles for compatível com pelo menos 50% a gente entra para o banco geral”, continua Hiago.
O especialista destaca que os pacientes que aguardam uma doação enfrentam desafios como a necessidade de encontrar um doador compatível, o risco de complicações durante o transplante e o impacto emocional e psicológico do processo.
Ajude quem precisa
Hiago explica que possui convênio médico, mas que está em estado de carência, com isso, tem trago grandes custos financeiros, já que não cobre as emergências, alguns exames particulares e medicamentos. “É um tratamento muito caro, quando a gente fala de câncer, valores, está falando de gastos muito grandes […] Acaba que a gente além de estar lidando com a situação da doença, lida com a questão financeira”.O paciente deu algumas instruções para quem se interessar em ajudar. “Um amigo meu, o Éder Floriano está fazendo a rifa de um iPhone 16 Pro Max, de 256 GB, na qual cada cota é 25 reais […] A plataforma é toda registrada, o sorteio será pela Loteria Federal”. O link para adquirir a rifa está disponível na biografia do instagram (@hiagomiguel.mkt).