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terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
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BR-153

Motociclistas representam 30% de todos os acidentes da BR-153

Goiás registrou nos últimos cinco anos 3.223 acidentes na rodovia federal que corta o Estado, com 3.663 feridos e 250 mortes

Postado em 11 de fevereiro de 2025 por Micael Silva
No perímetro urbano de Goiânia, a BR-153 se estende por 30 km, entre os quilômetros 490 e 520 Foto: Divulgação
No perímetro urbano de Goiânia, a BR-153 se estende por 30 km, entre os quilômetros 490 e 520 Foto: Divulgação

A BR-153, conhecida como Rodovia Transbrasiliana, é uma das mais importantes e estratégicas vias do Brasil. Com 3.600 km de extensão, ela corta oito estados, Pará, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e se consolidou como um dos principais eixos logísticos do país.

Em Goiás, a rodovia percorre aproximadamente 700 km, conectando cidades-chave e desempenhando um papel essencial no transporte de mercadorias e na mobilidade da população. No perímetro urbano de Goiânia, a BR-153 se estende por 30 km, entre os quilômetros 490 e 520, um trecho de intenso tráfego que também se destaca pelo alto número de acidentes.

O fluxo elevado de veículos, aliado à falta de infraestrutura adequada em alguns pontos, tem feito da BR-153 uma via perigosa, especialmente para motociclistas, que figuram entre as principais vítimas. Um levantamento feito pela PRF com exclusividade para o jornal O Hoje, aponta que, em 2024, a rodovia registrou 270 sinistros no perímetro urbano da capital, resultando em 263 feridos e 15 mortes.

Um caso recente evidencia esses acidentes envolvendo motociclistas, no dia 11 de março de 2024, um motociclista de 36 anos perdeu a vida após colidir com uma carreta na BR-153, no trecho que passa por Campinorte, na região norte de Goiás. A gravidade da batida não deu chances de sobrevivência ao condutor da moto.

Os números são ainda mais alarmantes quando analisados os últimos cinco anos. Foram 829 acidentes envolvendo motocicletas na BR-153 apenas no trecho urbano de Goiânia, com 938 feridos e 42 mortes. O levantamento mostra que as motos estão envolvidas em 40% dos acidentes nesse trecho da rodovia, evidenciando o alto risco para esses condutores.

Os dados estaduais também refletem um cenário preocupante. Nos últimos cinco anos, Goiás registrou 3.223 acidentes na BR-153, com 3.663 feridos e 250 mortes. Somente em 2024, foram 720 acidentes, 813 feridos e 49 mortos. Os acidentes com motos representam 30% do total de ocorrências no estado, o que reforça a vulnerabilidade dos motociclistas no tráfego da rodovia.

No dia 21 de janeiro de 2025, um motociclista de 21 anos perdeu a vida após cair da moto e foi atropelado por uma carreta. O acidente ocorreu no trecho da rodovia próximo ao Carrefour, sentido Aparecida de Goiânia. Esse é apenas um dos muitos casos que foram registrados na rodovia, reforçando a urgência em mudar essa realidade. 

Para o engenheiro de transportes Marcos Rothen, o comportamento dos motociclistas é um dos principais fatores que levam aos acidentes na BR-153. Segundo ele, muitos motoristas têm prioridade absoluta no trânsito, ignorando as regras e se colocando em situações de risco. 

“Muitos motociclistas acham que só eles têm pressa. O espaço urbano deve ser compartilhado entre todos os usuários, incluindo os pedestres. No entanto, o que vemos são motociclistas avançando semáforos, invadindo calçadas, fazendo manobras bruscas e ultrapassagens pela direita sem verificar se os demais condutores fornecem vê-los”, explica Rothen.

O especialista também destaca que um dos maiores perigos está na circulação entre os carros, prática comum no trânsito das cidades e replicada na BR-153. “Ao trafegar pelo corredor dos carros, eles se colocam em uma situação de risco, muitas vezes em alta velocidade e em espaços reduzidos. Em alguns casos, ignoramos até mesmo as leis da física”, alerta. 

 

Falta de respeito pela distância segura aumenta os acidentes

A falta de respeito à distância segura entre os veículos e a pressa para chegar ao destino são fatores críticos que prejudicam a escalada dos acidentes, especialmente quando há grande fluxo de veículos pesados ​​misturados à menor porta.

Outro ponto levantado por Rothen é a falta de preparo de muitos motociclistas. Segundo ele, é comum encontrar condutores sem habilitação, além de motos que circulam sem a necessidade de manutenção. “Junta-se um piloto sem preparação com um veículo sem conservação, e o risco de acidentes aumenta significativamente”, expõe. 

Muitos não utilizam os equipamentos de proteção corretamente, como capacetes afivelados de acordo com a recomendação dos fabricantes. Além disso,   utilizam calçados inadequados, como chinelos ou confortáveis ​​soltas”, afirma. Isso é especialmente preocupante em uma rodovia de alta circulação, onde uma falha no uso de equipamentos adequados pode ser fatal.

No caso específico da BR-153, Rothen destaca que a rodovia funciona como uma avenida urbana, mas mantém características de estrada, o que aumenta os riscos. “A BR-153 tem uma velocidade elevada, muitos motoristas estão em viagens longas e há um grande fluxo de veículos pesados. Mesmo assim, os motociclistas mantêm um comportamento perigoso, o mesmo que já traz riscos dentro das cidades, mas que se agrava ainda mais nas rodovias”, ressalta. 

Para o especialista, uma solução para reduzir os acidentes passa por fiscalização rigorosa e pelo combate à circulação de veículos irregulares. “Os motociclistas precisam ser fiscalizados de forma intensa. Condutores sem habilitação deverão ser retirados de circulação, assim como motos irregulares. Não adianta apenas multar, pois muitas dessas motos sequer têm condições de pagar as infrações”, conclui.

No dia 1º de janeiro de 2025, um acidente entre um carro de passeio e uma motocicleta ocorreu na morte de duas pessoas. As vítimas estavam na moto, que colidiu com o veículo no km 151, próximo ao Bairro de Fátima. Poucos dias depois, no dia 12 de janeiro de 2025, uma nova complexa entre uma motocicleta e um carro no km 424 deixou um jovem em estado grave. O acidente ocorreu na manhã de domingo, mobilizando equipes de resgate para prestar socorro à vítima.

Além desses casos, a Triunfo Concebra informou que, na BR-153, no perímetro urbano de Goiânia e Aparecida de Goiânia, houve um aumento de 8% nos sinistros de trânsito com vítimas em 2024, em comparação ao ano anterior. As principais causas desses acidentes estão relacionadas à imprudência no trânsito, incluindo excesso de velocidade, desrespeito à distância de segurança e falta de direção defensiva.

Os acidentes reforçam a necessidade de medidas mais rígidas de segurança no trânsito, incluindo campanhas de conscientização para motociclistas e motoristas, além de melhorias na infraestrutura da rodovia para reduzir o número de vítimas fatais.

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