Uso de celular ao volante dispara e aumenta aplicação de multas
O uso de celular ao volante é considerado uma infração gravíssima pelo Código de Trânsito Brasileiro, além de multas, o motorista pode perder até 7 pontos na CNH
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Motoristas de todas as idades estão se aventurando em utilizar o celular enquanto dirigem, uma prática perigosa que, na maioria das vezes, resulta em consequências graves, como acidentes e até mesmo vítimas fatais. O uso do celular ao volante tem se tornado uma das principais causas de infrações de trânsito e tragédias nas ruas e rodovias brasileiras, preocupando autoridades e especialistas na área de mobilidade urbana.
Em Goiânia, os números são alarmantes. Apenas no ano de 2024, mais de 48.583 motoristas foram autuados por utilizarem o celular enquanto dirigiam, de acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO). Esse número já se aproxima do total de infrações registradas em todo o ano de 2023, que foi de 49,2 mil. Atualmente, essa é a quinta infração mais cometida na capital goiana.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) classifica o uso de celular ao volante como infração gravíssima, sujeita a multa de R$ 293,47 e a perda de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Apesar das punições severas, muitos motoristas continuam desrespeitando a legislação, colocando em risco não apenas suas vidas, mas também a de pedestres e demais condutores.
Para coibir essa prática, a Prefeitura de Goiânia tem investido na ampliação da fiscalização e no fortalecimento da sua central de monitoramento, permitindo a identificação de infrações em tempo real nos principais cruzamentos da cidade. Entretanto, segundo o secretário de Engenharia de Trânsito, Tarcísio de Freitas, somente as punições não são suficientes para mudar o comportamento dos condutores.
“O combate a esse comportamento exige mais do que fiscalização. A conscientização dos motoristas é essencial para evitar tragédias. Pequenas atitudes, como utilizar o viva-voz, evitar chamadas e mensagens enquanto dirige e estacionar para atender ligações urgentes, podem salvar vidas”, destaca.
Casos recentes ilustram os perigos do uso do celular ao volante. No último domingo (2/02), um motorista por aplicativo perdeu o controle do veículo enquanto atendia a uma videochamada da filha, atropelando duas pessoas na entrada de um condomínio no Parque Cidade.
O acidente reforça os dados de estudos que mostram que, ao manusear o celular, o condutor desvia o olhar da via por cerca de cinco segundos. Em uma velocidade de 60 km/h, isso equivale a percorrer mais de 80 metros sem atenção ao trânsito, aumentando drasticamente o risco de colisões e atropelamentos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que os efeitos da distração causada pelo celular são comparáveis à condução sob efeito de álcool, reduzindo o tempo de reação do motorista em até 35%. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), o uso do celular ao volante já é a terceira maior causa de mortes no trânsito, resultando em cerca de 154 óbitos por dia e 54 mil por ano, conforme levantamento da Agência Brasil de 2022.
Além dos motoristas de carros, motociclistas também estão aderindo ao perigoso hábito de utilizar o celular enquanto conduzem. Segundo o tenente-coronel da Polícia Militar Aluísio Souza, o problema cresce de maneira preocupante. “No Brasil, o celular já é a terceira maior causa de acidentes de trânsito, superando fatores como imprudência e negligência. O excesso de velocidade lidera o ranking, seguido pela combinação de álcool e direção, e agora temos o uso do celular como um dos principais responsáveis pelos acidentes”, explica o especialista.
Pesquisas da Abramet apontam que digitar uma mensagem de texto enquanto se conduz um veículo a 80 km/h equivale a dirigir com os olhos vendados por até 100 metros. Isso levou a mudanças na legislação brasileira de trânsito, tornando as infrações relacionadas ao uso do celular ainda mais rigorosas. Atualmente, falar ao telefone enquanto dirige, mesmo com fones de ouvido, configura infração. O uso do aparelho no modo viva-voz não é proibido, mas também não é recomendado.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, segurar o celular enquanto dirige é considerado uma infração gravíssima, enquanto falar ao telefone sem segurá-lo configura infração média. A exceção permitida é a utilização do aparelho para navegação GPS, desde que esteja devidamente fixado no painel do veículo.
Especialistas reforçam que os cuidados devem ser adotados não apenas pelos motoristas, mas também pelos pedestres, que muitas vezes atravessam as ruas distraídos pelo celular. Além disso, alertam que, mais do que fiscalização, é fundamental uma mudança de comportamento por parte dos motoristas, que devem priorizar a segurança no trânsito acima de qualquer distração.
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