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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
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Acidentes

Cerca de um acidente de avião a cada dois dias é registrado em 2025

Fator humano é responsável por 80% dos acidentes aéreos no Brasil nos últimos dez anos

Postado em 17 de fevereiro de 2025 por Eduarda Leão
aviões, queda
| Foto: divulgação

Nos últimos dez anos, a aviação brasileira tem enfrentado desafios significativos relacionados à segurança de voo. Sendo assim, conforme o painel do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), foram registrados 23 acidentes e incidentes graves ao longo de janeiro e nos primeiros dias deste mês.

Ainda assim, de acordo com dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), entre 2015 e 2025, ocorreram 1.580 acidentes aéreos no país. O ano de 2024 destacou-se negativamente, registrando 175 acidentes e 152 mortes, tornando-se o período mais letal da última década. 

A análise dos fatores contribuintes revela que a “falha ou mau funcionamento do motor” foi responsável por 355 acidentes no período mencionado. Em seguida, a “excursão de pista” — situação em que a aeronave ultrapassa os limites da pista de pouso — esteve presente em 290 ocorrências. 

No entanto, o fator humano sobressai como a principal causa de acidentes com vítimas. O “julgamento de piloto”, definido pelo Cenipa como a “inadequada avaliação, por parte do piloto, de determinados parâmetros relacionados à operação da aeronave”, esteve presente em 463 acidentes na última década. Além disso, a “inadequação no uso dos comandos de voo” contribuiu para 326 acidentes, enquanto “processo decisório” e “atitude” foram fatores em 244 e 228 ocorrências, respectivamente. 

O professor Dr. Kerley Oliveira, especialista em segurança de voo e coordenador dos cursos de aviação da UNA, enfatiza a importância de aguardar os relatórios de investigação do Cenipa para compreender os fatores contribuintes de acidentes específicos. Ele ressalta que “os acidentes nunca acontecem por uma única causa”. Segundo Oliveira, “do ponto de vista estatístico de investigações do Cenipa, em média 80% dos acidentes acontecem tendo como fator principal o fator humano”.

Oliveira destaca que o fator humano engloba situações como estresse, depressão, cansaço, fadiga, falta de treinamento e excesso de autoconfiança. Ele alerta: “Cuidamos muito bem da máquina e estamos cuidando muito mal do ser humano”. O especialista observa que, embora as aeronaves tenham se tornado mais confiáveis ao longo dos anos, “o ser humano foi deixado de lado do ponto de vista do fator humano”.

As aeronaves de atividade privada lideram as estatísticas de acidentes. Nos últimos 14 meses, 71 dos 195 acidentes registrados envolveram aeronaves privadas, resultando em 54 mortes. A aviação agrícola ocupa a segunda posição, com 68 acidentes no mesmo período e 13 mortes. A aviação comercial, embora tenha registrado apenas dois acidentes, teve um impacto significativo devido ao acidente da Voepass em agosto de 2024, que resultou na morte de 62 pessoas. 

O Cenipa enfatiza que não trabalha com a definição de “causa” de um acidente, mas sim com a identificação de “fatores contribuintes”. A investigação visa reunir e analisar informações para formular recomendações que previnam novas ocorrências. 

A compreensão desses fatores é crucial para o desenvolvimento de estratégias que promovam a segurança na aviação brasileira. Enquanto os avanços tecnológicos têm aumentado a confiabilidade das aeronaves, é imperativo direcionar atenção e recursos para o fator humano, garantindo que pilotos e equipes de voo estejam adequadamente treinados e preparados para enfrentar os desafios operacionais.

Embora a aviação continue sendo um dos meios de transporte mais seguros, a análise detalhada dos acidentes e a implementação de medidas preventivas são essenciais para manter e aprimorar os padrões de segurança no setor aéreo brasileiro. 

Risco de morte em acidentes aéreos é de um em 13,7 milhões

Para muitas pessoas, viajar de avião é um motivo de ansiedade. O receio é amplificado por notícias de acidentes aéreos e relatos de turbulências severas. No entanto, estatísticas demonstram que a aviação é um dos meios de transporte mais seguros do mundo, graças a tecnologias avançadas, rigorosos testes de segurança e qualificação profissional.

Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), a taxa de acidentes na aviação comercial é extremamente baixa quando comparada a outros meios de transporte. Um estudo recente do Massachusetts Institute of Technology (MIT), publicado em julho de 2024, aponta que o risco de morte em um acidente aéreo é de um em 13,7 milhões. No Brasil, esse número é ainda menor: um em 80 milhões.

Dessa forma, Salmen Chaquip Bukzem, coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da PUC Goiás, oferece uma perspectiva diferente. Ele afirma que, embora possa haver a percepção de um aumento no número de acidentes, “os números têm se mantido constantes, salvo pequenas alterações”. Bukzem acrescenta que, considerando o crescimento da frota aérea ao longo dos anos, “poderia-se até dizer que há um número menor [de acidentes], porque a frota está aumentando de tamanho… e o número de incidentes, incidentes graves e de acidentes aeronáuticos tem se mantido mais ou menos no mesmo nível”.

Além disso, Bukzem aponta a necessidade de atentar-se as condições meteorológicas, uma vez que possui grande relevância no sucesso do trajeto. “Existem certos valores de teto, de visibilidade vertical, de visibilidade horizontal, que devem ser seguidos pelas aeronaves, pelos pilotos, enquanto estão voando, para se garantir a segurança de voo. Infelizmente, boa parte dos acidentes aeronáuticos são causados por desrespeito a esses mínimos meteorológicos. “, afirma.

O especialista reforça que a aviação é um transporte extremamente seguro. “Existe toda uma preocupação das autoridades em fazer com que a coisa aconteça exatamente desta forma, então é um setor muito regulado.”, complementa.

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