Espanador não limpa a poeira da invisibilidade social
Empregada doméstica lança livro no Recife com relatos de 50 anos de trabalho, exploração e resistência
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Na noite da última sexta-feira (14), a Livraria do Jardim, no Recife, recebeu o lançamento do livro Espanador não limpa poeira: memórias e aprendizados de uma empregada doméstica, de Vera Lúcia da Silva. Aos 62 anos, a autora reúne em 96 páginas as histórias de uma vida dedicada ao trabalho doméstico, desde a infância na Zona da Mata Sul de Pernambuco até os desafios enfrentados como mulher negra em um setor marcado pela informalidade e exploração.
O livro resgata episódios de fome, violência, racismo e acidentes de trabalho, mas também traz reflexões sobre resiliência e luta por dignidade. O título é inspirado em sua primeira experiência profissional, aos 12 anos, quando foi acusada de não limpar os móveis corretamente. “É mais que uma lembrança, é uma metáfora para como sempre fomos tratadas: invisíveis e desvalorizadas”, explica Vera Lúcia.
O evento contou com a participação da psicóloga Wedna Galindo, coautora do livro, da coordenadora editorial Taciana Ferreira e do jornalista Salatiel Cícero. Vera e Wedna se conheceram na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde a autora trabalhou na biblioteca do Centro de Filosofia e Ciências Humanas e despertou o interesse da professora em registrar suas memórias.
Publicado pelo selo Mirada, o livro já está disponível para compra por R$ 55, com pagamento via Pix. Além do lançamento, a noite foi marcada por um debate sobre a invisibilidade das trabalhadoras domésticas e a importância do reconhecimento de suas histórias.