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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
O silêncio que pesa

Documentário expõe a realidade do abuso infantil

“Apesar de” acompanha a história de Georgia Bergamim, contorcionista que encontrou na arte uma forma de ressignificar seu passado

Postado em 20 de fevereiro de 2025 por Luana Avelar
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Já disponível em cinco plataformas de streaming, o documentário Apesar de destaca um tema doloroso e urgente: a violência sexual contra meninas. O longa narra a trajetória de Georgia Bergamim, contorcionista que foi abusada pelo padrasto dos 8 aos 11 anos e que, anos depois, encontrou na arte circense um caminho para ressignificar sua história. O título do filme é inspirado na obra Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, de Clarice Lispector, reforçando a necessidade de seguir em frente, apesar da dor.

Dirigido por Beatriz Prates, o documentário se constrói a partir de registros pessoais de Georgia, revelando como o abuso deixou marcas visíveis em sua expressão e comportamento. A produção também destaca dados importantes: segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, só em 2022, quase 49 mil casos de estupro de vulnerável foram registrados no Brasil. No filme, a protagonista questiona diretamente a sociedade: “A cada hora, duas crianças com menos de 13 anos são abusadas sexualmente no Brasil. O que a gente vai fazer com isso?”

Para Georgia, compartilhar sua história foi um processo de cura. O primeiro passo foi falar para pessoas próximas, depois veio o relato público na internet e, agora, o documentário. “É como se sentisse que posso colaborar um pouco com o combate, a luta e ser um tipo de inspiração para as pessoas quebrarem o silêncio”, afirma. A diretora reforça a importância da educação como ferramenta de prevenção, defendendo que crianças e adolescentes precisam ser orientados desde cedo a identificar e denunciar abusos.

A produção contou com o apoio da Cinemateca Brasileira, do Instituto Beja e do escritório Daniel Law, além de organizações como Childhood Brasil e Instituto Liberta. Antes mesmo de estrear no Brasil, Apesar de já foi selecionado para o Festival Internacional de Documentários mujerDOC, na Espanha, além de ter sido exibido nos festivais Bread and Roses, nos Estados Unidos, e CineFem, no Uruguai.

Ao transformar sua dor em voz, Georgia Bergamim faz de Apesar de mais do que um documentário: um ato de resistência. A obra denuncia a realidade do abuso infantil e aponta caminhos para que mais vítimas rompam o silêncio e encontrem apoio.

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