Cemitério Parque de Goiânia vira alvo de vandalismo e negligência
Obras inacabadas e falta de segurança facilitam a destruição, expondo ossadas e danificando túmulos

O Cemitério Municipal Parque de Goiânia, localizado no setor Gentil Meireles, em Goiânia, tem enfrentado um grave abandono por parte do poder público. O local, que deveria ser um espaço de respeito e memória, encontra-se em estado de descaso, com sérios problemas de manutenção e segurança. A falta de atenção adequada tem resultado em situações alarmantes, como a violação de túmulos, acúmulo de lixo e infiltrações na estrutura.
As obras de calçamento e construção de muros, iniciadas há anos, permanecem interrompidas, sem previsão de conclusão. Essa negligência tem facilitado a invasão do local por vândalos, que danificam túmulos e deixam ossadas expostas, causando profundo desrespeito às famílias dos falecidos. Além disso, a quantidade de lixo, incluindo embalagens descartáveis, contribui para a degradação do ambiente e aumenta os riscos de proliferação de doenças.
Na parte administrativa do cemitério, as goteiras e infiltrações evidenciam a falta de cuidados básicos com a infraestrutura. A situação é um reflexo da desatenção do órgão público responsável, que deixa de garantir a dignidade necessária a um local tão importante para a comunidade.
Um funcionário, que pediu para não ser identificado, denunciou o abandono e a precariedade das condições de trabalho no local. Segundo ele, há anos a situação já era difícil, mas, nos últimos quatro anos, piorou ainda mais.
“A época está desse jeito, nós estamos jogados, largos aqui. Muros inacabados, falta material, falta tudo para a gente”, relata.
De acordo com o trabalhador, a empresa responsável pela manutenção do local, aparece esporadicamente e não realiza os serviços necessários. “A Comurg não vem muito aqui. Não está vindo mais aqui. Veio para roçar no mês passado e sumiu. Está desse jeito aí, sujeira para todo lado e falta material para trabalhar”, enfatiza.
A estrutura do sepulcrário também é precária. “Só temos um carrinho para fazer o sepultamento. O parque está quebrado, carro quebrado. A gente passa várias situações aqui. Às vezes, tem que pegar cimento emprestado para fazer o sepultamento”, lamenta.
A construção de um muro ao redor do lugar é uma obra que nunca foi concluída. “Esse muro começou na gestão de Iris Rezende, mas a empresa que estava fazendo foi junto com aquela administração. A gestão do ano passado pegou para terminar, mas ficou inacabada”, denuncia.
Com 17 anos de trabalho no cemitério, ele afirma que as dificuldades sempre existiram, mas que, nos últimos anos, pioraram. “Às vezes, a gente tem que sair pegando tijolo no meio das quadras para conseguir fazer um sepultamento. Agora tem um pouco de material, mas o cimento mesmo falta bastante”, explica.
O profissional também relatou problemas com segurança e iluminação no local. “À noite, aqui é uma terra sem lei. O pessoal entra, quebra túmulos, deixa ossos expostos. O poder público fecha os olhos e finge que não sabe de nada. Sempre foi assim, e, de quatro anos para cá, piorou”.
Outro funcionário que também preferiu não se identificar, denunciou a precariedade da estrutura e o abandono da área por parte do poder público. Ele afirma que trabalha há 17 anos no cemitério e que a situação sempre foi de descaso.
“Sempre foi assim, um lugar abandonado por todos os governos. Eles não ligam para o zelo, para o cuidado que deveriam ter com o cemitério”, afirma.
A falta de segurança também preocupa. “À noite, aqui é tudo escuro. Só tem energia na capela e na administração. O resto fica aberto, entra quem quer, não tem guarda, não tem segurança, nada. Acontece de tudo, quebram túmulos, deixam ossos expostos”, denuncia.
As falas desses dois trabalhadores evidenciam um problema que se arrasta há anos e que, apesar das mudanças na administração municipal, continua sem receber a devida atenção. O descaso do poder público impacta diretamente tanto os funcionários, que enfrentam condições de trabalho precárias, quanto as famílias, que são obrigadas a sepultar seus entes queridos em um ambiente degradado e desrespeitoso.
Em nota enviada ao jornal O Hoje, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) informou que as obras do Cemitério Parque estão temporariamente paralisadas devido à suspensão de todos os contratos de fornecimento de materiais. A obra do Cemitério Parque está temporariamente paralisada devido à suspensão de todos os contratos de fornecimento de materiais.
No entanto, novas licitações estão em andamento. Até o momento, 51% da obra foi concluída, e a Comurg recebeu apenas 50% do valor total do contrato. A retomada dos trabalhos ocorrerá assim que os processos licitatórios em curso forem concluídos.