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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
Educação

Mesmo com incentivos do governo, Goiás registra 25,88% de frequência escolar

No cenário nacional, a taxa foi superior, alcançando 26,46%

Postado em 28 de fevereiro de 2025 por Eduarda Leão
redeestadual
| Foto: Seduc

A taxa de frequência escolar bruta em Goiás atingiu 25,88% em 2022, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na quarta-feira, 26 de fevereiro. Esse índice calcula a porcentagem de indivíduos de uma faixa etária específica que estão matriculados em alguma instituição educativa, abrangendo desde a educação infantil até o doutorado, ou mesmo em creches, em relação ao total de pessoas dessa mesma faixa etária. No cenário nacional, a taxa foi superior, alcançando 26,46%.

Ao segmentar por grupos de idade, observa-se que crianças de 0 a 3 anos apresentaram uma taxa bruta de frequência escolar de 24% em Goiás, enquanto a média nacional foi de 33,9%. Para crianças de 4 e 5 anos, a taxa aumentou para 77,5% no estado, comparada a 86,7% no país. O público de 6 a 14 anos registrou a maior taxa de frequência, atingindo 98,1% em Goiás e 98,3% no Brasil. Entretanto, a partir dos 15 anos, observa-se uma queda na frequência escolar.

Em resposta a esses desafios, o governo de Goiás implementou programas como o Bolsa Estudo, criado pela Lei 21.162. Este programa oferece apoio financeiro a estudantes do 9º ano do ensino fundamental e médio, visando combater a evasão escolar e melhorar o desempenho acadêmico.
Para receber o benefício, os alunos devem manter uma frequência mínima de 75% e média bimestral mínima de 6,0 nas atividades escolares. O programa destinará dez parcelas mensais no valor de R$ 111,92 por ano a cada estudante elegível.

Todavia, alunos de escolas municipais não recebem o benefício, apenas estudantes de colégios estaduais. Gabriela Gomes, estudante de uma escola municipal, relata que muitos colegas de turma trocaram de instituição para poder receber o incentivo.

Gabriela ainda destaca que a ampliação do Bolsa Estudo para a rede municipal poderia incentivar mais alunos a frequentarem a escola. “Eu acho que se tivesse na prefeitura, com certeza aumentaria muita frequência, porque tem muita gente que está ali realmente para estudar, mas também a maioria é mais pelo interesse do dinheiro mesmo”.

Apesar dos esforços governamentais para incentivar a permanência dos alunos nas escolas, diversos fatores contribuem para a baixa frequência escolar em Goiás. A diretora de uma escola da rede municipal no interior do Estado, Joanida Correia aponta que a falta de inovação nas atividades propostas pelos professores é um fator significativo quando se trata da presença dos estudantes em sala de aula. “É necessário realizar atividades inovadoras que possam competir com as ofertadas além dos muros da escola”, afirma.

O professor de matemática da rede pública, Rogério Bonfim, acredita que a baixa taxa esteja relacionada com o modelo de escola adotado pelo Estado. “Uma escola sem vida, onde o aluno simplesmente senta em uma cadeira e fica escutando o professor durante 5h15min”.

A infraestrutura escolar também é apontada como um fator determinante. Escolas com recursos limitados, falta de materiais didáticos e ambientes pouco atrativos podem desmotivar os alunos. Bonfim acrescenta, “A estrutura não é a ideal, mas vem melhorando aos poucos, em alguns casos, falta livro didático e outros materiais. Em relação à merenda escolar, precisa melhorar”.

A Secretária Estadual de Educação (Seduc/GO) reconhece que os dados do IBGE refletem a realidade de 2022, um período marcado pelo retorno dos estudantes às escolas após a pandemia de Covid-19. Nesse contexto, muitos jovens enfrentaram desafios, como a necessidade de ingressar no mercado de trabalho e a dificuldade de readaptação às aulas presenciais.

A Secretaria enfatiza que, desde então, diversas ações foram implementadas para melhorar a frequência e a proficiência dos estudantes, incluindo investimentos em ferramentas de monitoramento e intervenções pedagógicas mais precisas.

A psicopedagoga Patrícia Mariz aponta que o desenvolvimento cognitivo e emocional do aluno é comprometido quando o mesmo não está envolvido em atividades pedagógicas “O estudante que não vive uma rotina escolar recebe perdas irreparáveis na vida adulta”.

A baixa taxa em Goiás é resultado de uma combinação de fatores socioeconômicos, falta de envolvimento familiar e desafios na infraestrutura e metodologia educacional. Embora programas governamentais estejam em vigor para combater a evasão escolar, a eficácia dessas iniciativas depende de uma abordagem integrada que envolva a comunidade escolar, as famílias e políticas públicas abrangentes. Somente através de esforços conjuntos será possível garantir que mais crianças e jovens goianos permaneçam na escola e recebam uma educação de qualidade.

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