O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

segunda-feira, 10 de março de 2025
seus olhos nunca dormem

Estudo revela que pupilas continuam ativas durante o sono

Pesquisadores descobriram que o tamanho da pupila flutua constantemente durante a noite, indicando que o cérebro alterna entre diferentes níveis de excitação, desafiando conceitos anteriores sobre o sono profundo

Postado em 10 de março de 2025 por Luana Avelar
Foto: Divulgação/Neural Control of Movement Lab/ETH Zurich
Foto: Divulgação/Neural Control of Movement Lab/ETH Zurich

Por mais que o sono seja visto como um momento de descanso e recuperação, o cérebro permanece ativo — e agora, um novo estudo revela que os olhos também não ficam totalmente inertes. Pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETHZ), na Suíça, descobriram que as pupilas flutuam constantemente durante o sono, se contraindo e dilatando em ciclos que variam de poucos segundos a vários minutos.

A descoberta, publicada na revista Nature Communications, sugere que a atividade cerebral alterna entre níveis mais altos e mais baixos mesmo enquanto dormimos. “Tais dinâmicas refletem o estado de excitação, ou o nível de ativação cerebral em regiões que são responsáveis pela regulação do sono-vigília”, explicou Caroline Lustenberger, coautora do estudo.

Os pesquisadores monitoraram essas variações por meio de uma técnica inovadora: um adesivo especial e um curativo transparente permitiram que voluntários dormissem com os olhos abertos por horas. O objetivo era observar diretamente as alterações pupilares durante o sono sem interromper o descanso dos participantes. “Nossa principal preocupação era que os sujeitos do teste não conseguiriam dormir com os olhos abertos. Mas em um quarto escuro, a maioria das pessoas esquece que seus olhos ainda estão abertos e que conseguem dormir”, afirmou Manuel Carro Domínguez, líder do estudo.

A análise revelou que as flutuações na pupila acompanham diferentes estágios do sono e padrões cerebrais, como os fusos do sono e as ondas lentas do sono profundo. Esses fenômenos estão ligados à consolidação da memória e à estabilidade do sono, indicando que a pupila pode ser um marcador externo da atividade cerebral.

Outro achado importante foi que o cérebro reage a sons com diferentes graus de intensidade durante o sono, e essa resposta se reflete no tamanho da pupila. Isso reforça a ideia de que, mesmo adormecido, o cérebro continua processando estímulos do ambiente.

Os cientistas acreditam que entender melhor essa dinâmica pode abrir caminho para avanços na medicina do sono e na neurociência. A tecnologia empregada no estudo pode futuramente ser usada para monitorar o despertar de pacientes em coma e diagnosticar distúrbios do sono com mais precisão.

No entanto, apesar dos avanços, a pesquisa ainda não conseguiu confirmar se a região locus coeruleus — localizada no tronco cerebral e associada à excitação e atenção — é diretamente responsável por essas variações na pupila. “Estamos simplesmente observando alterações da pupila que estão relacionadas ao nível de ativação cerebral e atividade cardíaca”, destacou Lustenberger.

Agora, os pesquisadores planejam um estudo de acompanhamento para testar se a locus coeruleus pode ser manipulada com medicamentos e como isso afetaria a dinâmica da pupila. Os resultados poderão fornecer respostas sobre a relação entre a ativação cerebral e as mudanças nos estados de sono, trazendo novas perspectivas para o diagnóstico e o tratamento de condições como insônia, transtorno de estresse pós-traumático e até Alzheimer.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.
Veja também