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quarta-feira, 12 de março de 2025
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Mandavê

Thyago Henrique fala sobre saúde mental e prática médica no podcast Mandavê

Psiquiatra goiano aborda preconceitos, impactos das redes sociais e a importância de um tratamento integrado

Postado em 11 de março de 2025 por Luana Avelar
Foto: Jornal O Hoje
Foto: Jornal O Hoje

Na última segunda-feira (10), o podcast MandaVê, apresentado por Juan Allaesse, recebeu o psiquiatra Thyago Henrique para uma conversa franca sobre saúde mental, preconceitos e os desafios enfrentados na prática médica. Thyago, que prefere ser chamado apenas pelo nome, abriu a entrevista agradecendo o convite e destacando a importância de informar o público sobre questões psiquiátricas, especialmente em um contexto onde ainda há muito estigma em torno do tema.

Natural do interior de Goiás, o médico também é professor e empresário. Ele contou que sua formação em saúde mental foi consolidada no Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Desde o início da carreira, defende que o tratamento do indivíduo deve considerar a conexão entre mente e corpo. Para ele, a medicina tradicional se tornou eficiente em curar doenças físicas, mas negligenciou os aspectos mentais. Essa visão o levou a adotar uma abordagem integrativa, tratando o paciente como um todo, e não de forma fragmentada.

Durante o programa, o psiquiatra abordou questões delicadas, como o preconceito em torno da depressão. Comentou que muitos pacientes ainda resistem ao tratamento por influências culturais e religiosas. Para ilustrar o impacto dessas crenças, mencionou que, na década de 1970, era comum que pessoas com transtornos mentais fossem submetidas a tratamentos agressivos, como choques elétricos e contenção física. Esse histórico contribuiu para o medo que muitas pessoas sentem ao buscar ajuda psiquiátrica.

A resistência inicial ao diagnóstico é um dos principais desafios no tratamento da depressão, segundo o médico. Ele explicou que, muitas vezes, o primeiro passo é convencer o paciente de que ele realmente está enfrentando a doença. Somente após essa aceitação, o tratamento pode avançar com mais eficácia. Contrariando uma crença comum, o especialista reforçou que a depressão tem tratamento e que é possível superar o quadro com acompanhamento adequado.

Ele também falou sobre a diferença entre depressão e transtorno bipolar. Enquanto a depressão é caracterizada por um estado contínuo de humor deprimido, o transtorno bipolar envolve oscilações entre polos opostos: depressão e euforia. Nos episódios de euforia, o paciente pode apresentar comportamentos impulsivos, como gastos excessivos, mania de grandeza e atitudes arriscadas. Essa instabilidade emocional dificulta o diagnóstico e o tratamento, tornando essencial a avaliação cuidadosa de um profissional especializado.

Outro ponto levantado foi a relação entre saúde mental e redes sociais. O psiquiatra alertou para o impacto negativo da busca por uma vida perfeita projetada nas plataformas digitais. Ele afirmou que, embora as redes sociais ofereçam espaço para interação e informação, o excesso de comparação com vidas idealizadas gera frustração e pode agravar quadros de ansiedade e depressão, especialmente entre adolescentes e jovens. Segundo ele, o consumo desenfreado de conteúdos nas redes sociais se assemelha a um vício, afetando diretamente o bem-estar emocional dos usuários.

A complexidade do cérebro também foi tema da conversa. O convidado comparou o funcionamento da mente a um buraco negro, destacando que a consciência é um fenômeno difícil de ser compreendido e mensurado. Para ele, entender os processos mentais requer um olhar atento e integrado sobre o ser humano, algo que a inteligência artificial ainda não consegue substituir. Ele ressaltou que, apesar dos avanços tecnológicos, a relação humana e a interpretação emocional permanecem insubstituíveis no campo da psiquiatria.

O médico também comentou sobre o papel de psicólogos e psiquiatras no tratamento de transtornos mentais. Enquanto o psicólogo foca na compreensão e modificação de comportamentos por meio de terapias, o psiquiatra é um médico especializado em saúde mental, capaz de prescrever medicamentos e tratar condições neurológicas e psicológicas. Ele destacou que o trabalho conjunto entre psicólogos e psiquiatras pode oferecer um suporte mais completo ao paciente, unindo abordagens terapêuticas e médicas para um tratamento mais eficaz.

Questionado sobre um caso atípico, Thyago relembrou uma situação marcante de seus tempos de estudante. Ele contou sobre um estudante de farmácia que, após sair mais cedo da faculdade, assassinou o próprio pai de forma brutal e ligou para a polícia para confessar o crime. Chegando até o local, a polícia viu que o jovem havia degolado o pai, colocado a cabeça em uma bandeja e o pênis dentro da boca. Thyago explicou que não chegou a ter contato direto com o paciente, mas estudou o caso, que foi diagnosticado como psicopatia. Esse episódio o marcou e reforçou sua percepção sobre a complexidade dos transtornos mentais.

Por fim,  o psiquiatra reforçou que saúde mental deve ser tratada com seriedade e sem tabus. Ele enfatizou que buscar ajuda profissional é um passo importante para superar doenças psíquicas e que o diálogo aberto sobre o tema é o caminho para derrubar preconceitos. Para ele, o entendimento da mente e do corpo como um sistema único é a chave para promover o equilíbrio emocional e físico.

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