Frei Gilson é o mais novo cabo de guerra da política brasileira
Em postagem no X, Bolsonaro e Nikolas se manifestaram a favor do líder religioso. Em meio às intrigas, a menção do religioso aumentou 1000% em grupos de WhatsApp e Telegram

Nos últimos dias, o congressista Gilson Azevedo, popularmente conhecido como “Frei Gilson”, se encontra no meio de uma disputa política junto a grandes líderes do movimento como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), da direita contra ativistas da esquerda radical nas redes sociais. Em meio às intrigas, a menção do religioso aumentou 1000% em grupos de WhatsApp e Telegram, segundo a pesquisa Palver, a pedido do Jornal Folha de São Paulo.
O embate começou com um ensaio do ex-presidente acusado de tentar golpe de Estado ao compartilhar uma imagem de Gilson no X (antigo Twitter) e se declarar em defesa do cantor por ataques ao discurso concervador cristão. Recentemente, ativistas da esquerda radical atacam o sacerdote com rotulações “fascistas e golpistas”. Apesar disso, membros da esquerda lulista não concordam com a estratégia uma vez que aliena e vilaniza grande parcela da população brasileira, como afirmou o deputado federal André Janones (Avante-MG). “Não basta ser rejeitado pelos evangélicos, vamos fazer uma cruzada contra os católicos também, aí a gente se elege só com o votos dos ateus em um país em que quase 80% da população é católica ou evangélica. Que tal?” afirmou em tom de ironia.
Desde a pandemia de Covid-19, Frei Gilson ganhou destaque nas redes sociais com uma pujante base de mais de 7 milhões de seguidores, tanto no Instagram como no Youtube. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em São Paulo, e integrante da ordem carmelita. Além da base, já era conhecido no meio católico pelo louvor no calar da madrugada, período em que os fieis praticam a penitência espiritual. Desde então, as transmissões do religioso acumulam milhares de visualizações nas redes sociais.
Por outro lado, o católico já mostrou que acompanha as discussões políticas por compartilhar fotos com Bolsonaro. Em julho de 2021, se envolveu em uma controvérsia por pedir o “livramento do comunismo no Brasil”. Enquanto isso, o Vaticano sustenta que nenhum sacerdote da Igreja deva arcar com um cargo público de Estado enquanto for um membro do clero.
Os influenciadores das eleições
Essa briga, pelo tudo que indica, é sobre o protagonismo dos influenciadores do conservadorismo sobre figuras políticas por catalisar o movimento como um “cabo eleitoral digital” que pode agregar os votos e apoio às eleições presidenciais de 2026. Para a cientista política Rejaine Pessoa, o que está em jogo é o poder midiático de Frei Gilson e dos mais de 7 milhões de seguidores.
“Esses influenciadores desempenham papel fundamental na mobilização de eleitores jovens porque eles são eleitores que costumam estar mais desconectados da forma tradicional de você fazer política, de casa em casa, de parar, de discutir. Então [os jovens] acabam indo na indicação dos influenciadores digitais e é esse o ponto que eu vejo que está acontecendo”, afirma.
Por causa disso, afirma que há uma busca da direita por influenciadores com multidões para alavancar o discurso nas comunidades onde não há um discurso político que serve como ponto de entrada para um novo público eleitoral.