Tarifaço de Trump provoca retaliações de governos ao redor do mundo
Canadá, China e UE tomam medidas contra o governo americano, enquanto o Brasil prega cautela e busca negociações

Entre as medidas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as tarifas sobre as importações de aço, ferro e alumínio, que entraram em vigor na última quarta-feira (12), tiveram o maior impacto global. A decisão provocou descontentamento entre os governos ao redor do mundo, incluindo o do Brasil.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – por meio dos ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que divulgaram uma nota conjunta – lamentou a decisão e considerou a medida como “injustificável”. “O governo brasileiro considera injustificável e equivocada a imposição de barreiras unilaterais que afetam o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, principalmente pelo histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países”, diz um trecho do comunicado.
Além disso, a nota afirma que as “medidas terão impacto significativo sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio para os EUA, que, em 2024, foram da ordem de US$ 3,2 bilhões”.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, garantiu que Lula irá tomar uma decisão a respeito das tarifas americanas após uma reunião marcada para a próxima sexta-feira (14). O chefe da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que a determinação de Lula é buscar negociar, e não retaliar. “O presidente Lula falou ‘muita calma nessa hora’. Já negociamos outras vezes em condições até muito mais desfavoráveis do que essa”, destacou o ministro.
No último ano, o Brasil foi o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos – principal cliente da indústria siderúrgica brasileira. As vendas do aço e do alumínio brasileiro somaram pouco mais de 4 milhões de toneladas, que representaram 15,5% do que os EUA importou. O montante gerou US$ 2,9 bilhões para a economia brasileira.
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Diferentemente da postura adotada pelo governo brasileiro, o Canadá já retaliou Trump. Principal fornecedor de aço, ferro e alumínio para os estadunidenses, o governo canadense divulgou que irá taxar 29,8 bilhões de dólares canadenses derivados de importações americanas. A tarifa adicional imposta também será de 25%.
O Ministério das Finanças do país alegou que a tarifa é uma resposta às taxações de Trump e que irão trabalhar para proteger a economia do país. A ministra de Assuntos Internacionais do Canadá, Mélanie Joly, garantiu que, junto à União Europeia (UE), irá combater o “tarifaço” americano. Ela ainda destacou que a soberania do país é inegociável – em uma resposta às declarações recentes de Trump sobre anexar o Canadá.
A UE também já respondeu às decisões do governo americano. O bloco europeu renovou as tarifas sobre os produtos americanos, que adotou em 2018 e 2020. Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, 26 bilhões de euros em produtos dos EUA serão taxados a partir de abril.
Principal alvo dos Estados Unidos, a China – rival no cenário econômico e no que tange às disputas geopolíticas mundiais – declarou que “adotará todas as medidas necessárias para salvaguardar seus direitos e interesses legítimos”, sem especificar quais serão as medidas.
A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do país asiático, Mao Ning, ponderou que as ações do governo Trump “violam seriamente” as regras estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC). A China, maior produtora de aço do mundo, deve seguir o caminho escolhido pelo Canadá e pela UE e taxar produtos americanos. (Especial para O Hoje)