Federação entre PP e União Brasil ganha força
Junção dos partidos, que ainda pode incluir o Republicanos, causaria um reboliço nas negociações para as disputas de 2026

A possibilidade de federação entre dois dos principais partidos que compõem o Centrão – leia-se Progressistas (PP) e União Brasil – tem movimentado a política nacional. As legendas, que formariam a maior bancada na Câmara dos Deputados, chegariam com um peso enorme para as eleições de 2026 e, caso de fato aconteça, terão um capital político invejável para as negociações das próximas disputas eleitorais.
O senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), convocou na última quarta-feira (12) os parlamentares e presidentes dos diretórios da legenda para a definição do rumo do partido. A deliberação deve acontecer na próxima semana, na terça-feira (18).
Os bônus de uma federação de duas siglas de peso são incontáveis. Porém, o acordo não é tão simples de acontecer. As diferenças, sobretudo municipais, emperram os acordos já que ninguém quer ter prejuízos políticos. Os partidos são formados por lideranças heterogêneas que nem sempre seguirão as determinações nacionais da sigla, visto que o contexto da disputa regional pode não lhe permitir. Em um contexto de federação – em que é aberta uma janela partidária para que aqueles, insatisfeitos de ambas as siglas, possam sair sem serem enquadrados na infidelidade partidária – as siglas ponderam se vale a pena ou não a junção.
Assim como a fusão do PSDB com PSD ou MDB não avançou por problemas regionais de Marconi Perillo, presidente nacional dos tucanos, com os emedebistas de Goiás e o deputado federal Aécio Neves (MG) com os pessedistas de Minas Gerais, o PP e o União Brasil possuem seus conflitos de interesses.
Olhando para as aspirações nacionais das legendas, o PP já deixou claro sua insatisfação com o atual governo e, ao que tudo indica, dificilmente irá caminhar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no próximo ano. Inclusive, a cúpula do partido estuda entregar o único cargo ministerial que ocupa na Esplanada – o de Esportes, na figura de André Fufuca.
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Já o União Brasil diverge em duas alas. Primeiro, aqueles que defendem a permanência do partido na base do atual governo Lula e buscam angariar mais espaço dentro da gestão. Segundo, os defensores de uma candidatura própria da sigla, que seria a do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, pré-candidato à Presidência da República em 2026.
Nas negociações, obviamente as tratativas para o ano que vem são colocadas na mesa. Para Caiado, seria uma vitória e tanto caso o PP concorde com a federação e opte por endossar a candidatura do governador. Mas, em meio às tantas possibilidades de candidaturas à direita e com o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), despontando como favorito a suceder o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – que é próximo de Ciro Nogueira -, não é um desafio simples para Caiado e companhia conseguir o apoio do PP.
Além disso, o Republicanos, cujo seus parlamentares já tinham rejeitado a ideia de federação, pode voltar atrás em sua decisão. Recentemente, um encontro entre Nogueira e o deputado Marcos Pereira, presidente do Republicanos, pode ter mudado o rumo das negociações. Caso o partido volte atrás e a federação seja fechada entre União Brasil, PP e Republicanos, o bloco dominaria o Congresso Nacional, com 153 deputados na Casa Baixa e com 18 senadores na Casa Alta. (Especial para O Hoje)