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domingo, 16 de março de 2025
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habilidades cognitivas

O que os testes de QI realmente medem?

Especialistas esclarecem o que está por trás dos testes e como eles devem ser interpretados

Postado em 16 de março de 2025 por Luana Avelar
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A internet está repleta de testes de QI que prometem medir a inteligência em poucos minutos, mas a realidade é mais complexa do que parece. O Quociente de Inteligência é uma medida padronizada para avaliar habilidades cognitivas, como raciocínio lógico, resolução de problemas, memória e compreensão verbal. No entanto, a aplicação e interpretação desses testes exigem conhecimento técnico, sendo uma atribuição exclusiva de psicólogos especializados.

A psicóloga clínica Lilian Queiroz Frossard, especialista em psicopedagogia e neuropsicologia, explica que o QI é obtido por meio de testes específicos, aplicados em ambientes controlados. O resultado é comparado à média da população, que gira em torno de 100 pontos. Entre os principais instrumentos utilizados estão o SON-R, um teste não verbal voltado para crianças de 2 anos e meio a 7 anos, e a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC), voltada para crianças e adolescentes de 6 a 16 anos.

Apesar da ampla divulgação dos testes de QI, há limitações em sua aplicação. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, presidente das sociedades de alto QI ISI Society e ePiq Society, ressalta que esses testes não medem a inteligência emocional, um aspecto fundamental para o desenvolvimento humano. Segundo ele, a criatividade é um dos principais indicativos de alta inteligência emocional em indivíduos superdotados. “A capacidade de criar sem necessidade prévia de aprendizado formal, manifestando pensamentos e soluções originais de forma espontânea, é um dos traços mais marcantes da inteligência elevada”, explica.

Superdotação: pontuação não é tudo 

A classificação é baseada na curva normal, também chamada de curva de Gauss, que estabelece parâmetros para definir o nível de inteligência da população. De acordo com essa escala, indivíduos com pontuação entre 115 e 129 são considerados de altas habilidades. Aqueles com QI entre 130 e 145 são classificados como superdotados, enquanto pontuações acima de 146 indicam superdotação profunda.

No entanto, a pontuação isolada não é suficiente para determinar altas habilidades ou superdotação. Lilian Frossard alerta que algumas crianças podem apresentar discrepâncias entre os índices dos testes, o que impede um cálculo exato do QI. Para esses casos, é necessário um diagnóstico mais abrangente, considerando não apenas os números, mas também o desempenho em tarefas cognitivas específicas e características individuais de aprendizado.

A identificação de superdotação e altas habilidades deve considerar outros fatores, como o comportamento da criança e suas capacidades em diferentes áreas do conhecimento. Habilidades avançadas em linguagem, aprendizado precoce e interesses por temas complexos são sinais que podem ser observados antes dos cinco anos. No entanto, o diagnóstico definitivo deve ser feito com base em avaliações aprofundadas, que vão além da simples aplicação de um teste.

A idade ideal para avaliar o QI 

O cérebro infantil está em constante desenvolvimento, o que faz com que a capacidade cognitiva varie ao longo dos anos. Segundo Fabiano Rodrigues, a avaliação mais confiável do QI ocorre após os 7 anos de idade. Antes disso, há o risco de que resultados precoces não representem com precisão o desempenho futuro da criança. “Estudos científicos comprovam que testes realizados muito precocemente podem não refletir o desempenho cognitivo real em fases posteriores da vida, com diversos casos documentados em que crianças com alto desempenho inicial apresentam reduções significativas em seus resultados posteriormente, devido à maturação cerebral diferenciada”, destaca o especialista.

Ainda assim, crianças menores podem demonstrar sinais claros de altas habilidades, como vocabulário elaborado e facilidade para aprender conteúdos avançados. Nesses casos, o acompanhamento psicológico é fundamental para entender as necessidades da criança e oferecer estímulos adequados ao seu desenvolvimento intelectual.

 

 

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