Clara Maria, jovem assassinada em Belo Horizonte, é velada por amigos e familiares
Clara foi encontrada morta e enterrada sob uma camada de concreto em uma casa no bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha

Na manhã deste sábado (15), representantes de movimentos sociais, amigos e parentes da jovem Clara Maria Venancio Rodrigues, de 21 anos, se reuniram no Centro de Belo Horizonte para protestar contra o feminicídio que tirou a vida da vítima. Clara foi encontrada morta e enterrada sob uma camada de concreto em uma casa no bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha. O crime chocou a cidade e reacendeu o debate sobre a violência contra as mulheres.
A dor dos que ficaram
Leonardo Oliveira, namorado de Clara, desabafou sobre a perda: “Eu não tenho palavras mais para falar o que estou sentindo… Não sei se é raiva, se é tristeza ou se é melancolia”. Júlia Rangel, amiga de infância da vítima, destacou a personalidade vibrante de Clara: “Ela tinha um brilho muito indescritível. Era uma pessoa muito alegre, que queria viver e lutar pelos seus sonhos. Isso é o que mais me machuca”.
O crime
Clara desapareceu no domingo (9), após sair do trabalho para encontrar Thiago Schafer Sampaio, um ex-colega de trabalho que devia R$ 400 a ela. Segundo relatos, ela enviou uma mensagem por volta das 22h45 dizendo que havia recebido o dinheiro e estava a caminho de casa. No entanto, ela nunca chegou. Horas depois, uma mensagem suspeita foi enviada de seu celular, afirmando que ela estava “bem e ocupada”.
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O corpo de Clara foi encontrado na quarta-feira (12), enterrado sob concreto na casa de Thiago. A polícia prendeu três homens: Thiago Schafer Sampaio, Lucas Rodrigues Pimentel e Kennedy Marcelo da Conceição Filho. Thiago e Lucas confessaram o crime. Kennedy foi liberado após interrogatório, mas continua sob investigação.
Os motivos do crime
Thiago, de 27 anos, confessou que estrangulou Clara com um mata-leão. Ele alegou que agiu por ciúmes, após ver a vítima com o namorado em um bar dias antes do crime. Lucas Pimentel, de 29 anos, ajudou a ocultar o corpo e também confessou o assassinato. A polícia investiga se o crime teve motivações sádicas, incluindo a possibilidade de necrofilia. Lucas teria expressado anteriormente o desejo de praticar atos necrófilos, e o corpo de Clara foi encontrado nu, exposto na casa antes de ser enterrado.
A prisão dos suspeitos
A Justiça de Minas Gerais converteu a prisão em flagrante de Thiago e Lucas para preventiva, citando “fortes indícios de autoria e materialidade do crime”. A decisão da juíza Alessandra de Souza Nascimento Gregório destacou a brutalidade do crime, o planejamento prévio e a ocultação do cadáver. Os dois estão detidos no Ceresp Gameleira, em celas separadas.
A trajetória de Clara
Clara Maria era natural de Uberlândia e morava sozinha desde os 14 anos. Órfã de pai, ela trabalhava como auxiliar de cozinha em uma padaria e era conhecida por sua dedicação ao trabalho e amor pelos animais, especialmente seus dois gatos. Amigos a descreviam como uma pessoa gentil, educada e cheia de sonhos. “Era uma inspiração para todos nós”, disse Fernando Sorrentino, amigo da vítima.
Repercussão e luto
O caso ganhou grande repercussão midiática e mobilizou movimentos sociais em defesa dos direitos das mulheres. O protesto realizado neste sábado (15) no Centro de Belo Horizonte reflete a indignação da sociedade com a violência de gênero. “Está todo mundo arrasado. A Clara era muito amada”, lamentou Sorrentino.
Investigação em andamento
A Polícia Civil continua investigando os detalhes do crime, incluindo a possível motivação de necrofilia. Enquanto isso, familiares e amigos de Clara buscam justiça e clamam por medidas mais efetivas para combater a violência contra as mulheres. O caso de Clara Maria é mais um triste exemplo de como o feminicídio continua a ceifar vidas no Brasil.
Clara Maria Venancio Rodrigues, 21 anos, artista, skatista e amante de animais, deixa um legado de alegria e determinação, mas também um alerta urgente sobre a necessidade de proteger as mulheres da violência que as cerca.