A cena é comum nos lares brasileiros: ao notar que os alimentos chegaram ao limite da data de validade, a decisão de descartá-los vêm quase automaticamente. Mas o que muita gente não sabe é que alguns produtos ainda podem ser consumidos com segurança mesmo depois dessa data, desde que estejam bem armazenados e não apresentem sinais de deterioração.

Essa diferença entre o vencimento e a real perda da qualidade do alimento tem levado especialistas e órgãos reguladores a debaterem mudanças na forma como os produtos são rotulados. Em alguns países, por exemplo, há duas indicações distintas: o “melhor antes”, que significa que o produto pode perder um pouco do sabor ou textura, mas ainda pode ser consumido, e o “use até”, que indica um possível risco à saúde após determinada data.

O que diz a legislação e como outros países lidam com o prazo de validade

No Brasil, a legislação determina que a data de validade seja um parâmetro de segurança alimentar, considerando fatores como composição, armazenamento e qualidade sensorial dos produtos. No entanto, países europeus já utilizam um sistema que diferencia a data de vencimento da data de consumo preferencial, prática que começa a inspirar discussões no Senado brasileiro.

A Comissão Europeia estima que cerca de 10% do desperdício alimentar acontece por falta de compreensão sobre esses prazos. Segundo um estudo da Associação de Fabricantes e Distribuidores (AECOC), 67% dos consumidores na Espanha consomem produtos vencidos ocasionalmente, avaliando aspectos como cheiro e aparência antes da ingestão.

A Organização de Consumidores e Usuários (OCU) reforça que, quando armazenados corretamente, alguns alimentos podem ser consumidos além da data indicada sem prejuízos à saúde. A recomendação, no entanto, é sempre observar sinais como mudanças de cor, odor e textura antes do consumo.

Quais alimentos podem ser consumidos após a validade?

Entre os alimentos que podem ser consumidos depois do prazo de validade, estão:

• Produtos enlatados: Desde que a lata esteja íntegra, sem ferrugem ou estufamento, os alimentos podem permanecer próprios para consumo por anos.
• Iogurte: Se fechado e bem armazenado, pode ser consumido até três semanas após a data indicada, já que as bactérias probióticas ajudam na conservação.
• Mel: Devido às suas propriedades antibacterianas naturais, o mel não estraga e pode ser consumido indefinidamente se bem armazenado.
• Chocolate: Pode apresentar uma camada esbranquiçada devido à separação da gordura, mas isso não compromete sua qualidade.
• Arroz e massas secas: Quando armazenados em local seco e sem contato com umidade, podem durar anos sem perder valor nutricional.

Mesmo que alguns produtos possam ser aproveitados além do prazo, especialistas alertam que a forma de conservação influencia diretamente na segurança alimentar. O estudo “Food Safety and Quality” da Universidade de Cambridge destaca que práticas inadequadas, como armazenar latas abertas na geladeira ou descongelar alimentos de maneira errada, podem gerar riscos.

A recomendação final dos nutricionistas é utilizar o bom senso: observar cheiro, aparência e textura do alimento antes de consumi-lo. Se houver dúvida, a melhor escolha ainda é o descarte.

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