Estratégia: Bolsonaro pode fazer com Tarcísio o que Lula fez com Haddad
O gestor de São Paulo tem emplacado o mesmo tom de defesa que o atual ministro da Fazenda fez na eleição de 2018

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode repetir, em 2026, estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2018. Condenado em segunda instância, o petista sustentou a sua candidatura até o último momento, quando, por fim, foi preso no dia 7 de abril daquele ano. Após o fato, lançou, das fileiras do Partido dos Trabalhadores, o nome do então ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Seguindo esse curso, com o avanço do processo que pode condenar Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, há a possibilidade de o líder da direita lançar Tarcísio de Freitas (Republicanos) à presidência da República nos moldes de Lula.
O gestor de São Paulo tem emplacado o mesmo tom de defesa que o atual ministro da Fazenda fez na eleição de 2018. Em um claro aceno para o bolsonarismo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, participou dos atos deste domingo (16) e discursou para o público presente. Com palavras de ordem e defesa da democracia, o mandatário diz: “A gente está aqui no dia de hoje, não é para testemunhar a história. A gente está aqui hoje, para escrever a história”. “Quem concorda comigo? Nós vamos escrever uma história diferente para o Brasil. A gente está aqui hoje para lutar pela liberdade. A liberdade é uma árvore que dá frutos. E no dia que essa árvore morrer, os frutos vão embora. Vai embora investimento, vai embora segurança jurídica, vai embora prosperidade, vai embora a própria democracia”, disse.
Da mesma forma que Haddad defendeu o Lula, Tarcísio declarou: “Qual a razão de afastar Jair Messias Bolsonaro das urnas? É medo de perder a eleição? Eles sabem que vão perder. A gente está aqui para pedir, para lutar, para mostrar que nós todos estamos juntos. Para exigir a anistia daqueles inocentes que receberam penas desarrazoadas”, apontou.
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No discurso, o governador de São Paulo também afirmou que os presos do ‘8 de Janeiro’ não fizeram nada, ainda mais quando se leva em consideração a impunibilidade para o que ele considera como verdadeiros criminosos. “Onde os caras que assaltaram o Brasil? Os caras que assaltaram a Petrobras? Voltaram para a cena do crime. Voltaram para a política. Foram reabilitados. Está certo isso? Está certo isso? Parece haver justiça nisso?”, questionou.
“Então é correto que a gente garanta anistia daqueles inocentes que nada fizeram. E nós vamos lutar. Nós vamos garantir isso. Vamos garantir que esse projeto seja pautado, seja aprovado e quero ver quem é que vai ter coragem de se opor. E pode ter certeza de que vamos garantir os votos. Nós vamos conseguir cuidar dessas pessoas. A gente precisa passar isso a limpo para que tenha pacificação. Para que possamos nos dedicar aos temas nacionais. Para que possamos discutir a longevidade, o envelhecimento da população, o financiamento do SUS”, disse.
Tarcísio também declarou apoio ao ex-presidente mesmo sabendo da possibilidade da prisão. Ou seja, novamente repete a defesa de Haddad ao Lula, que mesmo sabendo da possibilidade da prisão, defendeu até o último momento a candidatura do seu padrinho político. “Ninguém aguenta mais a inflação e um governo irresponsável, que gasta mais do que deve. “Ninguém aguenta mais o arroz caro, feijão caro, a gasolina cara, o ovo caro. Prometeram picanha e não tem nem ovo. E se está tudo caro, volta, Bolsonaro”, afirmou o republicano.
Em paralelo, Fernando Haddad atuou como advogado e realizou 16 visitas ao Lula na carceragem da Polícia Federal (PF). Nesse sentido, Tarcísio de Freitas ainda tem que se provar.
Advogado
Neste momento há uma tentativa de mobilização internacional para evitar a prisão de Jair Bolsonaro. Em paralelo, a última esperança de Lula foi uma carta do Comitê de Direitos Humanos da ONU ao Brasil que pedia “todas as medidas necessárias” para permitir que o petista, preso e condenado, fosse candidato. O que não funcionou.