Quem acompanha a trajetória de Amado Batista sabe que ele é um dos artistas mais bem-sucedidos do Brasil. Com décadas de carreira e milhões de discos vendidos, o cantor, de 74 anos, também se destaca fora dos palcos. Além de ser um fenômeno da música romântica, ele construiu um império financeiro que vai além dos royalties das canções. Seu patrimônio ultrapassa R$ 1 bilhão, impulsionado não apenas pelo sucesso no entretenimento, mas também por investimentos estratégicos no agronegócio.

O nome do artista voltou a circular nas redes sociais recentemente, não apenas pelo tamanho de sua fortuna, mas também pelo casamento com Calita Franciele Miranda, de 23 anos, Miss Universe Mato Grosso 2024. A diferença de idade de 51 anos entre os dois chamou a atenção, mas outro detalhe ganhou destaque: o regime de bens escolhido pelo casal.

Fazendas milionárias de Amado Batista e faturamento no agronegócio

Muito além do universo musical, Amado Batista tem se consolidado como um empresário de sucesso no setor agropecuário. O cantor possui três grandes fazendas conhecidas como Fazendas AB, localizadas em Goiás e Mato Grosso. Juntas, as propriedades somam 35 mil hectares, sendo boa parte voltada para a pecuária.

O investimento no campo não é pequeno, mas os lucros também são expressivos. Só no município de Cocalinho (MT), o cantor gerencia aproximadamente 25 mil cabeças de gado, gerando um faturamento anual que pode chegar a R$ 120 milhões com a venda de bois para corte.

Além do volume impressionante de animais, as fazendas se destacam pela infraestrutura de alto padrão. As sedes contam com suítes confortáveis, piscinas, saunas e churrasqueiras. Para facilitar a logística, Amado Batista também investiu em quatro pistas de pouso, permitindo que ele e seus convidados tenham acesso rápido às propriedades com seu jatinho particular.

A fazenda onde o casamento foi realizado, avaliada em R$ 350 milhões, foi o cenário de uma cerimônia sofisticada que movimentou as redes sociais. No entanto, a escolha do regime de bens da união foi um dos pontos mais comentados.

Separação total de bens e mudança na lei para maiores de 70 anos

Até pouco tempo atrás, pessoas com mais de 70 anos eram obrigadas a se casar sob o regime de separação total de bens. A regra existia para evitar casamentos por interesse financeiro, garantindo que o patrimônio do cônjuge mais velho ficasse protegido. No entanto, em fevereiro de 2024, o Supremo Tribunal Federal (STF) alterou essa norma, permitindo que idosos possam escolher qualquer regime de bens, desde que registrem a decisão em cartório.

Apesar da mudança, Amado Batista e Calita Franciele optaram por manter a separação total de bens. Isso significa que, caso o casal se separe ou o cantor venha a falecer, a modelo não terá direito ao patrimônio dele, a menos que prove que contribuiu financeiramente para a aquisição de algum bem durante o casamento.

Bruno Quintiliano, vice-presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil (Arpen-Brasil), explica que a mudança no Código Civil veio para garantir a autonomia dos indivíduos. “O STF reconheceu que a imposição automática da separação de bens apenas com base na idade era uma forma de discriminação. Agora, qualquer pessoa com mais de 70 anos pode definir livremente como deseja administrar seus bens no matrimônio”, afirma.

A alteração na lei teve origem em um caso julgado pelo STF envolvendo um viúvo que, aos 72 anos, entrou em uma união estável, mas teve dificuldades para garantir que sua companheira tivesse direito ao patrimônio construído durante a relação. O relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso, destacou que impedir idosos de escolher seu regime de bens violava princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade.

Mesmo com a possibilidade de escolher outro regime, Amado Batista e sua esposa seguiram a regra que antes era obrigatória. Dessa forma, o cantor mantém sua fortuna bilionária sob sua administração exclusiva, enquanto segue sua trajetória tanto na música quanto nos negócios.

Autonomia e mudanças no Código Civil

A decisão do STF representou um marco na legislação brasileira, mas o tema ainda gera debates. Advogados e especialistas em direito de família destacam que a mudança na regra permite maior autonomia para os idosos, ao mesmo tempo que mantém mecanismos de proteção patrimonial.

No caso de Amado Batista, a opção pela separação total de bens garante que seu patrimônio, construído ao longo de décadas, permaneça inalterado com o casamento. No entanto, para casais que desejam compartilhar seus bens de forma diferente, é possível adotar regimes como comunhão parcial ou universal, desde que formalizado por meio de escritura pública.

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