Federação PP-UB: a faca de dois gumes para plano de Caiado
Avanço na formação do bloco político provocou intensas discussões sobre os impactos dessa aliança na configuração do pleito para 2026

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, é — e todos sabem — pré-candidato à presidência do Brasil em 2026. A entrada oficial do gestor na corrida pela cadeira mais cobiçada da política brasileira já conta, inclusive, com data de lançamento: 4 de abril.
Em paralelo a este cenário, foi anunciado na manhã da última quarta-feira, 19, um avanço importante no processo de criação de uma federação entre o União Brasil, partido de Caiado, e o PP, de Ciro Nogueira. O partido de Nogueira aprovou a junção de forças com o UB pelos próximos anos.
O assunto provocou intensas discussões sobre os impactos dessa aliança tanto em relação aos planos políticos do governador, quanto à configuração do pleito de 2026.
Nos bastidores, o comentário é que, por um lado, a união entre as duas siglas pode resultar em uma tacada estratégica capaz de impulsionar a candidatura de Caiado. Com o PP integrando ao UB, o goiano pode contar com o apoio de uma das maiores bancadas do Congresso Nacional, que tem grande presença no interior do Brasil e em estados chave para as eleições.
Caso ele consiga consolidar esse apoio de maneira sólida, poderá fortalecer sua base e aumentar a representatividade em uma disputa presidencial. Além disso, a federação pode proporcionar recursos e maior visibilidade em campanhas regionais e nacionais, fundamentais para um candidato que pretende ampliar sua projeção fora de Goiás.
Além disso, a federação poderia garantir a Caiado um respaldo significativo em um cenário onde a união de forças políticas se torna cada vez mais importante. A coalizão pode proporcionar um campo mais amplo para a negociação de alianças em nível nacional, especialmente quando se trata de eleições que exigem um amplo apoio das mais diversas regiões do Brasil.
O apoio do PP, por exemplo, poderia abrir portas para Caiado em estados que tradicionalmente têm uma grande influência do partido, como o nordeste e outras regiões do centro-oeste e sul.
Contras
No entanto, existem também riscos associados a essa federação, que podem complicar os planos de Caiado. Para muitos, a criação dessa aliança pode acabar criando um cenário de disputas internas e pressão por candidaturas alternativas dentro da própria federação.
O PP, por ser um partido grande e com grande capilaridade, pode exigir, caso a candidatura de Caiado não seja consolidada ou não consiga atrair o apoio desejado em um futuro próximo, o apoio a outro nome na disputa presidencial. Isso geraria uma instabilidade política para o governador, que poderia perder a liderança do processo eleitoral dentro da federação.
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Além disso, a junção de forças pode trazer um desconforto dentro do União. A leitura é que o partido pode enfrentar dificuldades ao tentar se adaptar a um cenário em que o PP, uma sigla historicamente com uma agenda política distinta, exige maior protagonismo na federação. Isso pode resultar em disputas internas por espaços e definir quem será a liderança dentro da coalizão, afetando o comando de uma candidatura presidencial única.
O sucesso da federação, portanto, dependerá da habilidade política de Caiado em manejar os interesses conflitantes que surgirem entre as siglas e as lideranças que a compõem. Sendo assim, a federação ora discutida — mais que isso: com avanços consideráveis —, pode ter consequências tanto positivas quanto negativas para os planos presidenciais de Ronaldo Caiado.
De um lado, ela oferece uma chance de ampliar o apoio político e recursos, tornando sua candidatura mais competitiva. Porém, por outro lado, a disputa de poder interna entre os partidos e a possibilidade de reivindicações de outros nomes pelo PP podem gerar complicações, tornando o cenário ainda mais imprevisível para o governador.