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sexta-feira, 21 de março de 2025
Saúde

Saneamento precário causa mais de 21 mil internações em Goiás

Centro-Oeste lidera ranking nacional de hospitalizações ligadas ao serviço

Postado em 20 de março de 2025 por Eduarda Leão
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O déficit no saneamento básico continua impactando diretamente a saúde da população goiana. Em 2024, Goiás registrou 21.476 internações por Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI), sendo que a maior parte dos casos está associada ao surto de dengue. A incidência da doença fez com que a Região Centro-Oeste liderasse o ranking nacional de hospitalizações ligadas ao saneamento, com uma taxa de 25,5 internações por 10 mil habitantes.

Os dados são do Instituto Trata Brasil e foram divulgados na quarta-feira, 19 de março. A pesquisa revelou que, no estado, as doenças transmitidas por insetos vetores, como a dengue, responderam por 15.620 internações. Em seguida, aparecem as doenças de transmissão feco-oral, como gastroenterites virais e bacterianas, com 5.578 casos.

Dengue

A relação entre saneamento inadequado e doenças transmitidas por insetos é clara. O acúmulo de lixo, a falta de drenagem eficiente e a ausência de tratamento de esgoto criam ambientes propícios para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. 

Em Goiás, foi enfrentada uma epidemia da dengue, com 321 mil casos confirmados e 429 mortes em 2024. Ainda neste ano já foram confirmados 22487 casos no Estado.

Em Goiânia, 5712 casos de dengue já foram confirmados, em 2025, sendo esses 22 casos graves e 15 óbitos em investigação. Já em 2024, foram notificados 48283 casos, sendo eles 113 casos graves e 70 óbitos confirmados.

Além disso, as doenças de transmissão feco-oral continuam sendo um desafio para o estado. A ingestão de água contaminada e a falta de higiene adequada são fatores que aumentam os casos de infecção, especialmente entre crianças pequenas e idosos, que são os mais vulneráveis a quadros graves.

Impacto financeiro e social

As internações por doenças relacionadas ao saneamento inadequado também geram um alto custo para os cofres públicos. Em 2024, Goiás gastou cerca de R$ 10,86 milhões com o tratamento desses pacientes. A maior parte desse valor foi direcionada às internações por doenças transmitidas por insetos, que somaram R$ 7,08 milhões.

O impacto social também é preocupante. Estudos mostram que as populações mais vulneráveis, especialmente aquelas em áreas periféricas, são as mais afetadas. Em todo o Brasil, 64,8% das internações por DRSAI ocorreram entre pessoas pretas ou pardas. Além disso, indígenas apresentaram a maior taxa de incidência da doença, com 27,4 internações para cada 10 mil habitantes.

Goiás está entre os estados com maior taxa de mortalidade

Além do alto número de hospitalizações, Goiás também figura entre os estados com maior taxa de mortalidade por doenças relacionadas ao saneamento. Os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde foram em 2023, quando o estado registrou 818 óbitos, ficando atrás apenas de Roraima. 

O principal fator para essa alta mortalidade foi a epidemia de dengue, que vem se intensificando desde 2020. A taxa de óbitos foi de 11,59 mortes a cada 100 mil habitantes, uma das mais elevadas do país.

Investimento em saneamento

Especialistas apontam que ampliar a oferta de água tratada, a coleta de esgoto e a destinação adequada de resíduos pode reduzir significativamente os índices de internação e mortalidade. Segundo o Instituto Trata Brasil, a universalização do saneamento poderia diminuir em quase 70% as hospitalizações no país, além de gerar uma economia anual de R$ 43,9 milhões.

Com o crescimento populacional e o avanço das cidades, a necessidade de um planejamento eficiente e sustentável se torna ainda mais evidente. O saneamento básico não é apenas uma questão de infraestrutura, mas uma medida essencial para garantir saúde, dignidade e desenvolvimento para toda a população goiana.

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