Canteiros verdes são reduzidos para criar terceira faixa na Castelo Branco
Engenheiro afirma que a obra deve ser analisada com cautela, levando em conta a arborização e segurança dos pedestres

Os canteiros entre as duas vias da Avenida Castelo Branco, em Goiânia, estão sendo reduzidos para a implementação de uma nova faixa na via. A obra deve ser concluída até o final do mês. Também estão previstas novas vagas de estacionamento em ruas secundárias, sincronização semafórica e melhorias na rede de drenagem para evitar alagamentos. No entanto, as intervenções têm gerado debates sobre o impacto ambiental e a mobilidade dos pedestres.
O objetivo principal das obras entre a Praça Walter Santos e a Praça Ciro Lisita, no Setor Coimbra, é reduzir os congestionamentos nos horários de pico e melhorar a fluidez do tráfego. Para isso, será necessário eliminar áreas de estacionamento ao longo dos quase oito quilômetros da avenida, redistribuindo vagas em vias secundárias e em espaços oferecidos por estabelecimentos comerciais da região.
“Nosso objetivo é garantir um trânsito mais fluido e seguro para todos. A sincronização dos semáforos e o fim das vagas à esquerda nesses cruzamentos vão reduzir os congestionamentos, melhorando a mobilidade na região. Em poucos dias, entregaremos esse corredor completamente requalificado para a população”, afirmou o secretário de Engenharia de Trânsito, Tarcísio Abreu.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) mobilizou quatro equipes compostas por 20 trabalhadores, além de um aparato de maquinário, incluindo caminhões basculantes, retroescavadeiras e um bobcat com vassoura.
A terceira faixa será acompanhada da sincronização semafórica, conhecida como “onda verde”, para reduzir paradas e facilitar o fluxo de veículos. Enquanto isso, os motoristas e pedestres devem redobrar a atenção, já que parte da avenida segue em meia pista durante as intervenções.
Impactos na mobilidade urbana
As mudanças na Avenida Castelo Branco dividem opiniões. Para muitos motoristas, a ampliação da via representa um alívio diante dos congestionamentos. No entanto, especialistas alertam para os impactos na qualidade de vida urbana e no meio ambiente. O engenheiro de transportes e professor do Instituto Federal de Goiás (IFG), Marcos Rothen, ressalta a necessidade de um planejamento equilibrado.
“A Engenharia de Tráfego deve compartilhar os diversos componentes do sistema urbano. Deve considerar o interesse dos motoristas, dos pedestres e da população, o que envolve o meio ambiente. Tem soluções simples como foi feito na Av. 85 onde foram tiradas árvores para dar espaço para os carros e hoje a avenida em diversos trechos é ‘insalubre’”, afirma Rothen.
Para ele, a retirada do canteiro central deve ser analisada com cautela, levando em conta fatores como arborização e segurança dos pedestres. “A retirada do canteiro central deve considerar a manutenção da arborização, as necessidades dos pedestres – verificando se há espaço para ele ficar quando tem que parar no meio da travessia, verificando também o tipo de pedestres. Tem lugar que tem muitos estudantes, pessoas com deficiência e outros tipos de atividade, ou seja, os carros passam sem espaço para os demais usuários.”
Outra preocupação destacada pelo especialista é a falta de discussão prévia com a população. “Muitas medidas, como essa da Castelo Branco, podem ser feitas, mas devem ser estudadas com cuidado. Algumas medidas implantadas nesse começo de governo estão sendo feitas de forma apressada e sem discussão com a população. É muito difícil para um comerciante de repente ter o acesso à sua loja dificultado, sem que ele tenha tempo para se preparar para isso. É mais ou menos ele acorda e sua vida tem mudado”, afirma.
Rothen ainda aponta que a primeira ação a ser realizada deveria ser a atualização da programação semafórica. “A programação atual está muito desatualizada. A ideia dominante deveria ser garantir uma maior fluidez para os carros, aumentar a segurança para todos os usuários e manter a qualidade de vida da população”, finaliza.