O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

segunda-feira, 24 de março de 2025
Publicidade
CÂMARA DOS DEPUTADOS

Oposição bolsonarista insatisfeita com a gestão de Motta

Aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro tem criticado condução de pautas e declarações do presidente da Câmara dos Deputados

Postado em 22 de março de 2025 por Thiago Borges
Oposição bolsonarista insatisfeita com a gestão de Motta
Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

No comando da Câmara dos Deputados desde o início do ano legislativo de 2025, a gestão de Hugo Motta (Republicanos-PB) frente a Casa Baixa não tem agradado a oposição ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Engajados na pauta da anistia para os presos do 8 de janeiro, a insatisfação dos bolsonaristas com Motta começou com o tema. Os políticos e apoiadores do ex-chefe do Executivo esperavam que o paraibano iria dar andamento ao tema com mais rapidez, o que não tem acontecido. Motta – que até sinalizou positivamente para a pauta em meados de fevereiro -, atualmente, não parece tratar da pauta com a importância que a cúpula bolsonarista deseja.

O pedido de urgência na pauta, que foi discutido pelo líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), não foi acatado por falta de acordo. Motta viajará para o Japão com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta semana. A ida colocará o primeiro vice-presidente da Casa, o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), no comando da Câmara. Os aliados do clã Bolsonaro até articularam uma possível manobra no mandatário da Casa Baixa, pautando o PL da anistia enquanto o paraibano está fora, mas Altines e Sóstenes negam que irão pautar o projeto na ausência do presidente da Casa.

Além disso, as declarações recentes do presidente da Câmara não caíram nas graças do eleitorado à direita. Durante sessão em homenagem aos 40 anos da redemocratização do país, na última quarta-feira, 19, o parlamentar afirmou que não há exilados políticos brasileiros. “Não vivemos mais as mazelas do período em que o Brasil não era democrático. Não tivemos jornais censurados, nem vozes caladas à força. Não tivemos perseguições políticas, nem presos ou exilados políticos. Não tivemos crimes de opinião ou usurpação de garantias constitucionais. Não mais, nunca mais”, disse.

A fala aconteceu um dia após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho 03 do ex-presidente, anunciar que pedirá licença do seu mandato na Casa Baixa e irá para os Estados Unidos, onde solicitará asilo político para o governo americano de Donald Trump, alegando estar sendo vítima de perseguição política.

Leia mais: 90% dos brasileiros apoiam maior participação de mulheres na política

A declaração de Motta repercutiu na base bolsonarista. Inclusive, o deputado foi alvo de protestos em evento do partido, na manhã da última sexta-feira, 21. Durante o 2º Encontro Nacional de Mulheres do Republicanos, no qual Motta foi um dos palestrantes, a pedagoga Tereza Elvira Vale, mãe de um foragido dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro, protestou contra o presidente da Câmara.

Indo em direção a Motta e ao presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP), Tereza afirmou: “Eu sou a mãe de um exilado político…O presidente da Câmara falou que não existia exilado político e aqui vem ao palco falar que é a favor das mães, das mulheres”.

Outro fator que tem contribuído para o descontentamento com Motta por parte dos políticos e eleitores à direita é a proximidade do deputado com Gleisi Hoffmann. Fiel escudeira de Lula, ex-presidente do PT e agora ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi nutre boa relação com Motta. A ministra, colocada no posto de articulação do governo federal com o Congresso, já trabalha para que pautas prioritárias do Executivo comecem a ser tramitadas no Legislativo – como a PEC da Segurança Pública, que será enviada ao Congresso em abril.

Gleisi é vista como uma ameaça pela oposição. Hoffmann, que já abandonou os traços de militante petista, foi uma das responsáveis pela campanha vitoriosa de Lula em 2002 e sua proximidade com Motta não agrada Bolsonaro e seus aliados. (Especial para O Hoje)

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.
Veja também