Goiânia registra mais de 5 mil casos de dengue em 2025
Capital não possui mortes pela doença, mas o estado de Goiás apresenta 8 óbitos confirmados

Como acontece todos os anos nesse período, a dengue volta a ser uma das principais preocupações no Brasil, e em Goiás não é diferente. Sendo Goiânia a cidade mais populosa do estado, frequentemente apresenta altos índices da doença. Diante desse cenário, a Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), divulgou no dia 20 de março os dados atualizados sobre a dengue na capital. Nas primeiras 11 semanas de 2025, a cidade registrou 5.712 casos confirmados de dengue.
Embora esse número ainda seja inferior ao do ano passado, as autoridades de saúde alertam para a gravidade da situação e reforçam a importância das medidas preventivas. Além disso, a capital também registrou 291 casos de dengue com sinais de alarme e 22 casos considerados graves, anteriormente conhecidos como dengue hemorrágica. Apesar de não haver óbitos confirmados até o momento, 15 mortes estão sendo investigadas.
No estado, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), foram confirmados 25.760 casos de dengue em 2025. No total, 48.920 casos foram notificados, com 8 óbitos confirmados e 52 ainda sob investigação.
Uma das pessoas acometidas pela doença é a dona de casa Simone Santos, de 52 anos, que já foi diagnosticada com dengue duas vezes, sendo a mais recente no final de fevereiro. Ela conta: “Comecei a sentir muita dor no corpo. Como já tive dengue antes, imaginei que fosse de novo, mas também pensei que fosse gripe, porque na minha casa tinha gente gripada”.
Além da dor no corpo, Simone sentiu dores intensas nos olhos e febre. “Fui ao médico e, como sempre, as recomendações foram as mesmas: beber muita água, me hidratar, não fazer esforço e não tomar medicamentos sem prescrição médica”, relata.
Embora seja amplamente discutida, muitas pessoas ainda desconhecem o básico sobre a dengue, que é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Seus sintomas incluem febre alta, dores no corpo e nas articulações, dor de cabeça, dor nos olhos, manchas vermelhas pelo corpo e fadiga extrema. Em casos mais graves, pode ocorrer sangramentos, vômitos persistentes e queda de pressão, exigindo atendimento médico imediato.
O tratamento da doença baseia-se na hidratação constante e repouso. Especialistas alertam que é fundamental não tomar medicamentos sem prescrição médica, pois alguns anti-inflamatórios podem agravar o quadro. Em casos graves, é necessário acompanhamento hospitalar para evitar complicações. Existe, ainda, a opção oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina contra a dengue, que pode atenuar os sintomas e diminuir a possibilidade de morte.
Vacinação contra a dengue em Goiânia
A vacina está disponível em diversas unidades de saúde de Goiânia, como CS Vila Boa, CIAMS Urias Magalhães, CSF São Judas Tadeu e CSF Guanabara I, entre outras. Embora a imunização seja uma ferramenta importante para o controle da doença, especialistas reforçam que a eliminação dos focos do mosquito Aedes aegypti continua sendo a principal forma de prevenção.
Além disso, a SMS destaca a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento médico para pacientes sintomáticos, a fim de evitar complicações graves da doença.
Em âmbito estadual, a vacinação contra a dengue tem mostrado progressos, mas ainda apresenta desafios. Até o momento, foram aplicadas 338.870 doses em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, conforme levantamento da SES-GO, a pedido da Agência Assembleia de Notícias.
Esse número está bem aquém dos 1.113.502 moradores de Goiás nessa faixa etária, segundo as Projeções da População-Revisão 2024, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, cerca de 130 mil das crianças e adolescentes que receberam a primeira dose não retornaram para a segunda aplicação.
A vacina usada é a Qdenga, oferecida gratuitamente pelo SUS dentro do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Com duas aplicações, que devem ser feitas com um intervalo de três meses, ela protege contra a dengue por anos. O imunizante pode ser aplicado tanto em quem já foi infectado quanto em quem ainda não contraiu a doença.
No estado, a faixa etária de 6 a 16 anos foi escolhida para receber a vacina no setor público, sendo mais ampla que a faixa etária nacional, que vai de 10 a 14 anos. Esta decisão foi tomada devido à escassez mundial de vacinas contra a doença, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendando a utilização dessa vacina inicialmente para essa faixa etária.
No ano passado, a SES-GO percebeu a baixa procura pelas doses e a expectativa era de usar 100% das doses distribuídas ao estado. Para contornar esse cenário, Goiás ampliou a faixa etária para 6 a 16 anos e informou o Ministério da Saúde sobre essa decisão.
Em 2024, algumas vacinas próximas do vencimento foram liberadas para toda a população de 4 a 59 anos em Goiás (exceto pessoas com 60 anos ou mais, pois a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não comprova a eficácia da vacina nesse público).
Durante esse período, pouco mais de 30 mil pessoas fora da faixa etária de 6 a 16 anos foram vacinadas. Mediante a esse alto número de casos, além da vacinação, a prefeitura está empenhada em eliminar os focos do mosquito na capital.
Goiânia intensifica ações de combate à dengue com foco na prevenção
A SMS tem intensificado suas ações de combate à dengue para conter o avanço da doença na cidade. De acordo com Leandro Gouvea, gerente de controle de vetores, uma das principais estratégias tem sido o aumento das visitas dos agentes de endemias às residências.
“Durante os mutirões dos 100 dias de limpeza, retiramos aproximadamente 11 mil pneus abandonados em várias regiões. Também orientamos a população a eliminar recipientes que possam acumular água e se tornar criadouros do mosquito”, explica Gouvea.
O secretário de Saúde, Luiz Pellizzer, enfatiza a importância da capacitação de médicos e enfermeiros no manejo clínico da dengue, pois a doença pode evoluir rapidamente se não tratada adequadamente. “Identificar os primeiros sintomas e iniciar o tratamento precoce é crucial para evitar complicações, como a desidratação. Sabemos que as mortes por dengue são evitáveis, e nossos profissionais estão prontos para atuar de forma eficaz”, afirma Pellizzer.
Conforme dados do Boletim Epidemiológico da SMS, Goiânia registrou 14 casos de chikungunya também transmitida pelo aedes aegypti. Sendo que a Região Noroeste é a mais afetada, com 481 registros a cada 100 mil habitantes.
Durante a última semana, mais de mil residências foram vistoriadas, e 36 focos do mosquito foram encontrados. A cidade continua em alerta para controlar a disseminação da doença.
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