O clima esquentou no show da banda Ira! em Contagem (MG), no último fim de semana, quando o vocalista Nasi interrompeu a apresentação para se posicionar politicamente e expulsar do local parte do público que vaiava seu discurso. Ao declarar “sem anistia”, o cantor ouviu reações negativas de alguns presentes e, sem hesitar, respondeu: “Tem gente que acompanha o Ira!, mas nunca entendeu o Ira!. Tem gente que é reacionária, bolsonarista. Isso não tem nada a ver, gente”.

Nasi, conhecido por sua postura política de esquerda, não economizou palavras ao mandar recado para os apoiadores da extrema-direita. “Vão embora e não voltem mais aos nossos shows. Não comprem nossos discos. Não apareçam mais. É um pedido que faço a vocês”, afirmou, recebendo uma forte salva de palmas da maioria da plateia, que aplaudiu sua firmeza e coerência com a trajetória da banda.

Com longa militância política, Nasi é filiado ao Partido Comunista do Brasil (PcdoB) desde 2003 e frequentemente participa de eventos ligados à luta sindical e à esquerda brasileira. Em 2023, esteve presente nas celebrações dos 40 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), reforçando seu alinhamento com pautas progressistas e sociais.

Em entrevista ao Estadão, no início de 2024, o vocalista já havia deixado clara sua indignação com artistas que apoiaram Jair Bolsonaro, como Lobão e Roger Moreira, do Ultraje a Rigor. “Ouvi coisas abomináveis, mas cada um é dono da sua própria biografia. Eles são minoria. Os roqueiros da minha geração são caras de centro-esquerda, no mínimo, e de uma visão humanista”, comentou.

O episódio em Contagem reforça o perfil de um artista que nunca se calou diante da injustiça ou da ascensão de ideologias antidemocráticas. Para Nasi, mais do que um estilo musical, o rock é um campo de resistência, e os palcos do Ira! não serão lugar para quem compactua com o reacionarismo e o autoritarismo.