Bolsonarismo como ‘espantalho’: A ameaça à democracia pode estar no ‘centro’
O Executivo perde, a cada ano, a sua competência de gerir os recursos públicos


Os principais veículos de comunicação tendem a tratar o bolsonarismo como uma ameaça à democracia, mas os ‘partidões’ de centro se fundindo e controlando a maior parte do Orçamento, e comprando voto a rodo com as emendas, é uma ameaça muito mais séria. É o que pensa um interlocutor que percebe essa movimentação no Congresso Nacional. Atualmente, o montante de emendas parlamentares supera o Orçamento de 30 ministérios, R$ 50,4 bilhões, como registrado pelo Jornal O Hoje.
Em termos práticos, o Executivo perde, a cada ano, a sua competência de gerir os recursos públicos. O Poder caminha para o esvaziamento. Por outro lado, o Congresso Nacional avança sobre esses recursos e toma para si a legitimidade democrática do Executivo. Deixando qualquer um que seja eleito sem poder efetivo, mesmo ocupando o espaço de autoridade política.
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A Câmara dos Deputados e o Senado Federal perceberam que o presidente da República precisa mais dos parlamentares para aprovar pautas do que o oposto. São como tubarões que sentem o cheiro de sangue na água a quilômetros. No caso, eles sentem o cheiro da oportunidade no Orçamento e, com isso, aproveitam para controlá-lo.
O extremismo bolsonarista é incapaz de instigar as instituições necessárias para efetivar um golpe de Estado. Em compensação, os partidos de centro já estão se aglutinando para dominar, progressivamente mais, o poder de fato.